Uma vida a dois...!
No ano em que comemoro trinta anos de casamento e em que se casa o meu filho mais velho, creio ser tempo de tentar explicar (jamais saberei se o consigo!) o que é isto de viver a dois, casando ou não. Não obstante ser católico, não defendo o casamento como instituição, mas somente como forma de assumir por escrito um acordo aceite por ambas as partes.
Bom passemos então ao que mais interessa...
Durante anos da nossa meninice e juventude, vamos vivendo a nossa vida sem grandes responsabilidades. pois cabe aos nossos pais parte da gestão fiduciária e logística do lar. Todavia com a assumpção de uma relação e a consequente opção de viver em conjunto muita coisa muda.
Não é só o tempo que tínhamos para os amigos e amigas e que deixamos de ter, mas toda uma panóplia de pequenos prazeres que preencheram durante anos os nossos dias, sem que dessemos por isso e que deixam de ser possíveis
O namoro é sempre um tempo perfeito. Não temos quaisquer responsabilidades a não ser estar à hora certa para ir ao cinema ou para aquele jantar a dois comemorativo do quinquagésimo terceiro dia de relação. E pouco mais...
Mas quando se parte para a vida em conjunto é necessário colocar tudo em cima da mesa e perceber se o outro é realmente... aquela pessoa. Para o resto da vida! É óbvio que a vivência a dois, limitado ao espaço de uma casa, não é igual ao tempo de namoro, em que outros geriam eventos que pareciam não ter qualquer valor e que agora assumem contornos muito importantes.
Tudo isto para dizer o quê? Que a vida de casado está repleta de momentos menos bons em contraponto aos (bons) tempos passados? Nem tanto à terra, nem tanto ao mar!
A minha experiência trouxe-me os seguintes ensinamentos:
- não são as qualidades do parceiro que são importantes, mas principalmente os defeitos;
- o respeito mútuo deve estar sempre presente;
- a sinceridade dos sentimentos é a base de uma relação duradoira;
- e finalmente, o amor pelo outro. Verdadeiro e genuíno.
Há quem afirme peremptoriamente que numa relação cabe, a cada uma das partes, fazer o outro feliz. Mas é esta máxima que confluí num dilema assaz complicado. A meu ver a felicidade da minha companhia depende obviamente da felicidade que exibo. Ou dito por outras palavras: como posso fazer alguém feliz se eu próprio não sou feliz. E a felicidade do outro choca com os meus desejos e anseios? Se sim como lidar?
Cada pessoa é uma pessoa... Ninguém é igual a outrém! O que pode ser bom para mim pode não ser bom para a outra parte. Só se a felicidade do outro estiver assente em "teres" e não em seres humanos. (Já falei disto num outro post!!!). Há pois quem viva a sua vida de casado com esta perspectiva do ter e haver! E há quem aceite estoicamente esta postura na relação passando ao lado da (sua) verdadeira felicidade ou então assenta os pés na terra e exige o mesmo. E neste último caso o fim da relação é o mais previsível (e por vezes o melhor!).
Há quem também considere que os filhos nascidos duma relação mais ou menos conflituosa poderão ser o interruptor que une os polos, quando considero precisamente o contrário. Os infantes serão usados quase sempre como armas de arremesso contra o outro recaindo a maioria das vezes em cima das crianças o onús duma determinada culpa sem terem consciência.
Resumindo acrescentarei que um casamento ou somente uma vivência a dois deve ser bem amadurecida e perceber se é aquilo que se quer! Porque fugir, por exemplo, duma relação truculenta com os progeniotores para assumir uma relação com outrém sem estar verdadeiramente preparado será sempre uma fuga para a frente!
Cair não é o maior dos problemas. Mas sim assumir a queda e tentar ou não erguer-se!