Uma estrela no céu!
Não sei se Carlos do Carmo foi ou seria crente em alguma religião. Todavia não acredito que o Céu (se existe) não vá buscar esta voz para acrescentá-la ao seu coro celestial. Uma estrela que, ao invés do poema, partiu cedo demais.
Carlos do Carmo abandonou-nos esta madrugada no dealbar de um ano que se quer e deseja diferente. Já está a sê-lo...
Tive o previlégio de o conhecer e falar com o rei do Fado no âmbito do meu antigo trabalho. Pareceu-me um homem sereno, bem com a vida e consigo mesmo. Um cantor sem par na música portuguesa. Humilde, sensato e sensível colocou Portugal na órbitra do mundo cultural, através do fado que tão bem soube interpretar.
Saiu de cena pela porta grande, mostrando também com este gesto que sabia muito bem qual o seu lugar na vida.
A lucidez intelectual é apanágio de muitos poucos. Mas Carlos do Carmo foi um deles.
Fica agora a sua voz e as suas canções. Mas fica sobretudo a sensação de que há homens que nunca deveriam partir.
Descanse em PAZ!