Uma chamada... estranha!
Ontem ao fim da tarde fui interveniente de uma situação, que a princípio me pareceu muito estranha mas acabou num bom exemplo de educação.
Era noite já. No carro do meu filho mais novo vou eu, o meu sobrinho e a minha nora. Iamos todos ver o nosso Sporting e pelo caminho apanharíamos o meu filho mais velho que nos aguardava.
De súbito toca o meu telemóvel. O número não é anónimo mas também não conheço. Atendo:
- Boa tarde, faça favor de dizer!
Surge uma voz masculina, esfusiante e alterada:
- Fala o Virgílio, pá! Há quanto tempo c...!
- Desculpe mas quem é o cavalheiro?
- F... pá! Já não me conheces. Sou o Virgílio do Algarve c...!
- Lamento informá-lo mas enganou-se no número... Vou desligar... não vale a pena estar a gastar chamada!
Mas o homem não desistiu:
- F... c... sou o Virgilio de Sousa Antunes (os apelidos inventei agora pois eram outros que não fixei!). Não te lembras de mim, c...?
Com tantos impropérios acabei por finalizar a conversa de forma abrupta:
- Desculpe mas não sou certamente a pessoa com quem desejaria falar. Vou desligar, boa tarde.
Fim de chamada. Para logo a seguir o telefone voltar a tocar. Passei-o para a vibração e continou a chamar. Recusei a chamada.
Toca novamente e desta vez estou disposto a dizer algo mais grave. Atendo. A voz do outro lado está mais calma e menos esfusiante:
- Desculpe não é o Belarmino?
- Não, não sou! Nem sou pugilista (não cheguei a entender se o outro lado percebeu a referência).
- Não conhece o Luís Neves... foi ele que me deu este número.
- Lamento informá-lo mas não sou a pessoa em causa.
Desliguei. O telefone voltou a agitar-se. Um breve silêncio. A voz parecia agora ainda mais solene.
- Peço então muita desculpa pela forma como o incomodei e pela linguagem pouco própria com muitas asneiras. Peço imensa desculpa...
- Não se preocupe, não levei a mal. Também sou homem!
Finalmente desligámos ambos!