Do meu passado (I) - Uma amiga… discreta
Hoje sem saber porquê lembrei-me da minha velhinha máquina de escrever.
Sim, sim esta mesma que aparece na imagem e ilustra este espaço. Sei que jamais lá escreverei alguma coisa, mas durante muitos anos ela foi a minha grande confidente.
Hoje mora num sótão de memórias junto a muitos outros papéis com nacos de prosas e poesias, todas elas sem grande ou nenhuma qualidade. Mas independentemente disso aquela “Hermes 2000” que me foi oferecida pelo meu pai, é ainda uma amiga... discreta e silenciosa todavia sempre presente. Nunca avariou e se neste momento lá chegasse com uma folha certamente estaria pronta a trabalhar.
Nela passei a limpo alguns dos meus primeiros escritos, que mais tarde seriam publicados em diversos jornais. Nela escrevi as lágrimas de tristeza e de alegria que fui acomodando. Nela relatei o que o meu pensamento tinha para dizer.
Tenho saudades desse tempo. Do barulho característico ao lançar as letras contra a folha de papel, de sentir as ideias a tomarem forma, do som da campainha quando chegava ao fim da margem, da folha quando saía do rolo…
Pois é, tenho (muitas) saudades da minha máquina de escrever. Curiosamente não tenho qualquer sentimento pelo meu primeiro portátil…