Um retiro em movimento!
“Peregrinar é rezar com os pés” bela e conhecida frase que diz muito do que é caminhar para qualquer lugar santo.
Porém eu acrescentaria que peregrinar será mais um retiro… a andar! Digo eu que senti isso muuuuuuuuuuuuuito bem.
Quem vai com este grupo de peregrinos tem de estar muito bem preparado para sofrer. Sendo que o menor dos sofrimentos está nas dores das pernas, nas bolhas ou nas unhas dos pés amassadas.
Quem caminha é paulatinamente convocado a abrir o seu coração aos outros e obviamente a Deus. Um Deus que é misericordioso e que nos quer felizes. Sempre felizes.
Porém a felicidade só entrará nas nossas vidas se conseguirmos desalojar uma série de mágoas e tristezas que fomos angariando durante muito tempo.
A proposta deste ano seria: “Vai e faz como eu”!
A fé nos tempos modernos torna-se para muita gente algo estranho, quase bizarro. Para que quero eu a fé se tenho feicebuque, instagram e mais um sem número de aplicações. Como é que sou mais feliz com fé do que com uma rede social?
As respostas a estas questões não se explicam, nem se teorizam apenas se sentem. E vão surgindo a cada passo que damos no caminho para Fátima.
Dizia-me um peregrino no final da subida da serra que nos levaria a Minde: Esta caminhada só se consegue, porque há fé. Sem esta nada disto faria sentido – concluiu.
Touché!
Cada dia, cada quilómetro, cada saudação que demos fez parte integrante deste caminho ao âmago de cada um de nós.
Falou-se muito de Santos (Santa Teresinha do Menino Jesus, São Francisco de Assis, Sãozinha, Santa Teresa de Ávila) tudo gente que um dia se colocou ao serviço do Senhor. Eles deram testemunho através das obras, os peregrinos através do exemplo de estoicismo e coragem.
Conquanto íamos aproximando do regaço da nossa Santíssima Mãe, o Espírito Santo alargava os nossos corações para que neles pudéssemos receber todas as ideias e venturas que íamos testemunhando.
Caminhar não é fácil, nada mesmo. Os trilhos irregulares, as pedras a fugiram sob cada passo, o “tuvenam” branco escorregadio e traiçoeiro, o alcatrão negro, quente e abrasivo tudo fez parte deste caminho físico que é muito menos penoso que a fé a esgueirar-se por todos os poros da nossa alma e a colocar em causa algumas certezas que tínhamos.
Se juntarmos a tudo isto o companheirismo, a camaradagem, a alegria, a solidariedade, a disponibilidade, a preocupação com o próximo, diria que uma peregrinação inicia-se com um conjunto de peregrinos a andar pela estrada e termina como uma irmandade a chorar.
Finalmente... a fé é o trilho único e obrigatório para a felicidade interior em cada um.
Saibamos cada um de nós perceber e desvendar esse caminho que é e será sempre o mistério supremo!