Um PR muito "pop"!
Nos finais dos anos sessenta até ao 25 de Abril viveu-se, em Portugal, a chamada "Primavera Marcelista". Esta estação política teve origem num primeiro ministro que sucedeu a António Salazar e que foi, imagine-se, padrinho do actual Presidente da República, tendo este último herdado o nome. Nessa altura a vontade de dar para o exterior uma imagem mais democrática de Portugal não foi de todo conseguida, não obstante as conversas televisionadas, onde o Presidente do Conselho, Marcello Caetano, tentava explicar o inexplicável.
Quarenta anos depois há um novo Marcelo no poder. Desta vez em Belém.
Todavia este Marcelo nada tem a ver com o seu padrinho (que tinha realmente dois eles). Este faz-me lembrar mais aquele célebre brasileiro que nos anos oitenta dava beijos a todas as figuras ilustres que visitavam o país do samba, tal é a propensão do PR para o ósculo fácil.
Um destes dias um antigo bastonário da Ordem dos Advogados disse, para quem o quis ouvir, que MRS adora ser assim... desejado e idolatrado pelo povo, qual rei popular. Mas eu que já vivi muitos anos e vi muita coisa, olho para esta postura com uma enorme desconfiança. Cheira-me que esta tentativa de omnipresença do actual PR é demasiado teatral, não me parecendo de todo genuína.
No entanto, reconheço que é disto que o povo gosta, mas será isto que o povo realmente necessita?