Um ano e o esclarecimento devido!
Ontem um amigo de longa data foi-me entregar um livro que ele escreveu, mas que só será lançado oficialmente no próximo Domingo, isto é amanhã. Ora este companheiro está também indelevelmente ligado ao meu mais recente livro porque me contou algumas estórias que aproveitei para as esgalhar à minha vontade.
Dizia-me ele:
- Só tu para escreveres estas estórias! Estão fantásticas…
Agradeci.
- Este livro merecia estar nas livrarias à venda. - ousou acrescentar.
Recusei a ideia e expliquei-lhe porquê!
Será então este porquê que irei tentar agora esclarecer!
Inicio com uma pergunta: um pintor quando pinta um quadro tem a certeza de o vender? Provavelmente não! Mas o artista gastou tempo, tintas, guaches, pincéis e tela independentemente de o vender ou não!
Então porque não posso eu editar o meu livro num número pequeno de exemplares e distribuí-los por quem gosto? E por quem merece!
Dito isto… publicar um ou mais livros será sempre o secreto desejo de quem escreve. Recordo a título de exemplo que o jornalista David Borges publicou apenas um livro, em memória da sua falecida mulher (que eu conheci e com quem trabalhei muuuuuuuuuitos anos!). Mas publicou porque considerou que essa seria a forma normal de homenagear quem tanto ele amou.
Da mesma maneira que o pintor esboça, desenha, preenche com cores a tela defronte de si, aquele que escreve também preenche, mas com palavras o desenho que esboçou no seu interior e que depois vê preenchido no papel. No fundo é isto que tenho feito desde que abri um velho caderno (que ainda guardo) e escrevi os primeiros textos.
Em 2022 já com as colectâneas dos Contos de Natal na rua, fiquei com aquela ideia de que era a altura ideal de abraçar a minha velha ideia de publicar um livro. Geralmente costumo ser impetuoso, todavia desta vez fui comedido. Pedi o contacto a alguém e depois acabei por falar com o editor, que aceitou a minha ideia e o meu projecto.
Falei com a ilustradora Olga Cardoso Pinto que fez um trabalho fantástico e em pouco tempo o primeiro livro estava nas minhas mãos. Faz hoje precisamente um ano!
Ora com as caixas repletas de livros comecei a pensar: ora vou dar um a… este, àquele, ao outro!
A lista envolvia familiares e muuuuuuuuuuuuuuuuitos amigos. E foi aqui que subitamente coloquei a questão sacramental: tens coragem de pedir dinheiro aos teus amigos por este livro, que tanto te têm ajudado? A resposta nasceu rápida e simples: não, nunca, jamais!
Assim nasceu uma nova filosofia que é a de escrever livros para depois simplesmente os oferecer (não sei se será nova, mas quero acreditar que sim)! Parece uma tonteria, não parece? Mas não me importo, nem quero saber o que outros pensarão disso. A minha idade já me permite alguns destes (bons) devaneios.
Há dias coloquei nas mãos de alguns amigos e familiares o meu novo livro. E tal como o primeiro completamente gratuito.
Como já o escrevi nunca serei abastado, se bem que não seja pobre, mas sinto-me muuuuuuuuuuuuuito melhor como pessoa em poder oferecer algo que construí, mais com o coração que com as minhas mãos!
A gente lê-se por aí!