Três ilhas, cinco dias - Esmagado
Por telefone havia reservado, dias antes, viagem para a ilha do Corvo. Deste modo foi bem cedo que saímos da Fajã Grande para Santa Cruz das Flores, onde chegámos a tempo e horas, já que nos haviam avisado que o transportador para o Corvo detestava sair atrasado.
Cerca de um quarteirão de pessoas, todas turistas e de diversas nacionalidades, entraram à hora marcada na embarcação. Saímos devagar por entre as rochas que há milhares de anos foi lava incandescente.
A viagem não foi directa à ilha e fomos então brindados com uma volta ao redor da costa leste e norte da ilha das Flores, donde destaco as inúmeras quedas de água,
para além dos já falados ilhéus.
Outro dos eventos que sublimou este dia foi sem dúvida a visita a algumas cavernas, destacando delas a "Cathedral Cave" como o navegador gostou de lhe chamar.
Após mais de meia hora nesta inesquecível volta eis-nos então a caminho da ilha mais pequena do Arquipélago dos Açores.
Foram cerca de 45 minutos a uma velocidade constante de 22 nós marítimos (aproximadamente 40 quilómetros à hora), sem sobressaltos nem golfinhos.
A vila do Corvo apareceu finalmente no nosso horizonte. Todavia o cimo da ilha surgia forrada de uma cor plúmbea que nos fez temer o pior.
A embarcação atracou e tentámos logo arranjar transporte para o cima da montanha que sabíamos ser o local absolutamente imperdível. Após algum compasso de espera lá veio o carro que levou dois casais para o topo.
Tenho consciência que o ser humano nem sempre está bem preparado para o belo. E então se for oferecido pela Natureza, ainda menos. Talvez por isso me comovi ao ver este espectáculo,
A fotografia não consegue ser totalmente fiel à beleza do local. Mesmo que as nuvens se dissipem e se tente uma melhor perspectiva,
O que foi uma antiga cratera de um vulcão já extinto tem agora 5 quilómetros de perímetro e dois de diâmetro. As duas lagoas separadas por pequenas elevações no seu interior tornam a paisagem ainda mais bucólica. E o verde... essa cor tão brilhantemente natural é constante.
Senti-me totalmente esmagado pela visão desta paisagem.
Numa descida de mais de um quilómetro acabei por chegar bem perto da água onde as râs, impávidas e serenas coaxavam com alegria.
A vista de baixo é outrossim imperdível e não fosse o carro que nos traria para a vila estaria muito mais tempo naquele lugar. Um verdadeiro santuário de paz.
Aqui e ali salpicado por alguma vaca que na descida e subida nos olha com indiferença preferindo obviamente o pasto fresco e viçoso.
Subimos devagar a encosta, não sem antes voltar a fixar aquela paisagem perfeita.
Já no cimo as nuvens voltaram a cobrir o Caldeirão inibindo mais fotografias. Regressámos ao mundo dos homens onde no restaurante local "O Caldeirão" comi um "peixão" delicioso. A minha mulher optou por cherne. Não foi barato já que não comi entradas nem sobremesa, mas valeu a pena pela qualidade do prato.
Eram 16 horas quando regressámos a Santa Cruz das Flores, agora sem direito a mais brindes. Quiçá a visualização da tão perigosa "Caravela Portuguesa", mesmo a li à beira do cais.
Regressámos à Fajã Grande para já tarde irmos jantar à "Barraca C'abana".
Já conhecia o local do primeiro dia, mas faltava-me ainda ver algo neste dia tão preenchido e tão marcante: o pôr-do-sol!
Às 21 horas e 32 minutos!