Três ilhas, cinco dias - Deliciado
Uma das curiosidades da ilha das Flores, nesta altura do ano, é o tamanho dos dias. Começam muito cedo, pelas 6 da manhã já é dia alto e às 11 da noite ainda há uma penumbra diurna.
Após o primeiro dia de muitas emoções pictóricas, já faladas no texto anterior, este segundo dia foi essencialmente dedicado a visitar as diversas povoações da ilha, todas elas ribeirinhas ao mar.
Cada aldeia desenvolve-se quase sempre à volta do seu pequeno porto ou ancoradouro. Seja no cais ou nalgum terreno mais alargado é frequente verem-se embarcações para diversos fins mas, essencialmente diria, para a pesca artesanal. Não olvidando algum pequeno veleiro de recreio.
Muito acima no nível do mar porém bem visível de quase toda a povoação eleva-se a igreja. Todas elas muito parecidas com diferentes santos padroeiros mas normalmente bem estimadas, especialmente por dentro.
A costa da ilha quando não tem habitações é porque são as escarpas íngremes que dominam a paisagem. Depois… os rochedos que vão saindo do mar como se procurassem ar e vida. Negros e irregulares.
Ponta Delgada das Flores parece, ao longe, ser uma mui pequena povoação. Todavia já dentro do povoado quase que cresce.
Parei o carro num estacionamento e percorri a parte interior do lugar, sempre a pé. Coincidentemente era Domingo e aproveitei para assistir à missa no Dia de Portugal na igraja matriz da freguesia.
A igreja ainda assim estava bem composta de fiéis na maioria mulheres idosas..
Depois… foi hora do almoço. No Pescador comemos cabrito à moda das Flores (parecido com a chanfana da Beira Alta) e bife de atum. E claro está… antes as célebres lapas. Deliciosas. Preço bom, se bem que não tenha comido sobremesa.
No entanto antes do almoço ficara algo para ver: o Portinho. Mas perdemo-nos antes de lá chegar.
O curioso é que quando passara a primeira vez pelo restaurante para tentar saber qual a melhor hora para comer, cruzei-me com um pescador que trazia seguramente nas mãos mais de vintes quilos de um peixe vermelho: as vejas. Meti-me com o pescador que me explicou o que iria fazer com elas: salgá-las e secá-las. Depois serão cozidas como o bacalhau e segundo o pescador é um peixe muito saboroso.
A caminho do carro voltei a encotrar o pescador que me perguntou se conhecera o portinho. Respondi-lhe negativamente até que ele me explicou como ir para lá. Havia que descer 168 degraus e depois subi-los. Que não achei problema.
Regressámos ao sítio e à segunda tentativa encontrámos o passadiço que mais parecia uma parede divisória de um terreno.
Um conjunto de degraus levou-nos finalmente ao tal Portinho. Uma espécie de praia reservada de águas límpidas, tão limpidas que me deliciei tempos infinitos a ver aquele espectáculo.
Após a subida foi a altura de visitar a ponta da ilha e o seu farol do Albernaz. No caminho bom mas tortuoso outra curiosidade. Ao lado da ponte que atravessa uma ribeira eis que encontro um conjunto de galináceos que ao invés do que é costuma se aproximam de mim. Sem receio, sem qualquer temor.
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Ao fim de alguns quilómetros lá surgiu o tal farol, último e luminoso reduto de uma ilha perdida no Oceano.
De volta a Santa Cruz ainda houve tempo de apreciar num parque temático alguns gamos
e uns belíssimos pavões, machos e fêmeas e crias.
O dia terminou em Santa Cruz no pequeno boqueirão que foi em tempos recolha da pesca da baleia.
O dia seguinte previa-se novamente recheado...