Tempos modernos!
Hoje em conversa com um ex-colega de trabalho e hoje bom amigo, dei conta que um outro nosso companheiro estará neste mundo por pouco tempo. Um cancro na próstata a que se seguiu um dos pulmões (era um fumador inveterado) e finalmente problemas nos rins que a quimio não veio ajudar. O destino dele estará traçado para breve, suponho eu!
Tirando esta triste realidade ficámos ambos a conversar sobre outros colegas e das suas estranhas características. Algumas com graça outras nem tanto mas ainda assim... recordámos.
Depois de termos desligado as chamadas fiquei a pensar naqueles 37 anos 9 meses e 25 dias. Tanta coisa que passei, tanto que eu aprendi, tanto que terei eventualmente ensinado. Mas diria que foram bons tempos. Não obstante algumas diferenças, especialmente políticas, ainda assim alinhávamos pelo mesmo diapasão e a palavra solidariedade não era apenas... uma mera palavra. Era uma filosofia de vida.
Pelo que sei hoje tudo mudou. Estes miúdos acabadinhos de sair das faculdades com médias fantásticas e convencidos que são os melhores do Mundo e arredores ainda não perceberam que também são seres humanos e por isso candidatos a tudo de mau que acontece aos outros.
Ainda lidei com alguns que nem se dignavam cumprimentar quem quer que fosse. Todavia ainda coloquei o dedo no nariz de diversos. Ficavam muito ofendidos e fugiam de mim a sete pés. Problema deles.
Faço agora a ponte para as crianças que ora vou lidando (vulgo netos). A todos quero passar os mesmos ensinamentos que me entregaram e outros aprendidos nos caminhos da vida e que considero deveras importantes. Acima de tudo gostaria que os meus descendentes entendessem que as outros também podem ser importantes nas suas vidas. E não me refiro apenas à família. Diria mesmo que a família muitas vezes é parte do problema. Sempre fui pessoa afável. Falta-me beleza física, mas quando gosto de alguém dou-me por inteiro. Talvez por isso tenha tantas amizades (e nem falo das do feicebuque, que essas não contam para isto).
Entretanto as nossas crianças já nasceram num Mundo altamente competitivo e não gostam nem sabem perder. Vencer a todo o custo parece ser o lema.
Remato com o desejo de acordarmos as nossas crianças para uma outra realidade. Aquela onde se estende a mão a quem precisa!