Um governo de Portas abertas?
A crise política e governamental criada com a demissão de Vítor Gaspar e a nomeação de Maria Luís Albuquerque para o lugar deixado pelo técnico do Banco de Portugal, colocou a Portas uma série de (boas) premissas de forma a ascender no governo.
Era evidente que a sua quase permanente ausência de Portugal, devido ao Ministério que encabeçava, deixava-o fragilizado e sem grande capacidade de negociação numa futura remodelação (que se previa!).
Com os dados lançados com a demissão do Ministro das Finanças, Portas espreitou a oportunidade de, lançando ainda mais confusão no governo com a sua demissão, ascender alguns lugares no elenco liderado (?) por Passos Coelho.
Ao contrário daquilo que alguns comentadores dizem dele, Portas sabe como tudo reage. E creio que ao demitir-se, o líder do CDS teve perfeita consciência dos custos financeiros que a sua decisão teria para o país, mas sabia que ganharia outra força dentro do governo.
Uma jogada de mestre, digo eu!
Deixou assim que Maria Luís Albuquerque se mantivesse no governo mas açambarcou com essa cedência algumas pastas que se prevêem num futuro como assaz importantes.
O “flic-flac” político desta semana foi inteligente por parte de Portas, mas com custos evidentes. Deu-lhe mais poder sim, mas quiçá queimou-o perante um eleitorado demasiado conservador e pouco apreciador deste tipo de “tricas” políticas.