Não, não são previsões metereológicas para os próximos dias quase sempre de descanso. Para alguns, claro!
Por este lado o Sábado principiará bem de madrugada com viagem até à aldeia onde uma equipa se prepara para apanhar... batatas. Uma manhã ao sol, vergados sobre a terra castanha, apanhando o que este ano a Natureza nos pretendeu brindar.
Depois carrinha carregada, almoço, regresso à capital, descarregar a carrinha e partir para a Margem Sul. Ah, mas antes de pôr a caminho para atravessar a Ponte sobre o Tejo ainda terei de ir até ao lar onde vive a minha demente sogra pois haverá um pequeno arraial dos santos populares. Coisas que não me alegram mas temos de fazer!
Por tudo isto e como não sei a que horas chegarei à Aroeira, provavelmente ficará para Domingo a limpeza anual das venezianas e janelas.
Portanto as previsões para este fim de semana surgem como fantásticas, não acham?
Continua a saga na minha aldeia. Hoje a meio da tarde era impossível andar por lá, tal era a chuva. Constante, grossa e fria. Ainda aguentámos duas horas após o almoço, mas ao fim desse tempo tivemos de desistir. Totalmente impossível. Certo, certo é que com este tempo não há perigo de fogo, como aconteceu na última vez. Quando cheguei a casa parecia que havia saído do mar pois não havia peça de roupa que não estivesse encharcada. Tenho consciência que um dia vou pagar caro esta teima de andar a queimar à chuva, mas tenho de aproveitar enquanto posso. Já por aqui referi que prefiro a vida de campo à da cidade, todavia há momentos em que devia parar para pensar. Estes últimos dias não o fiz. Assim amanhã haverá mais.
Após a última (má) experiência, espero conseguir queimar toda a rama possível sem colocar em perigo as restantes árvores circundantes. Basta que se mantenha este tempo de chuva, mesmo que não seja abundante e permanente.
Só que desta vez vai ser a última e deste modo serão cinco dias quase completamente afastado da cidade. Durante este tempo, aconteça o que acontecer no Mundo, estarei pouco preocupado.
Temo no entanto não conseguir aguentar o ritmo desta vida campestre por muito mais tempo. Há diversos meses que não tenho um fim de semana daqueles... de paz, de sossego, de descanso semanal.
E o pior de tudo é que vou passar cinco dias sem internet. O que no meu caso é assaz deprimente.
Portanto e tendo em conta que não imagino se amanhã escrevo fiquem por cá bem... que eu vou ali cansar-me e já volto!
Mais um fim de semana longe da cidade. À hora e no momento que escrevo este texto (quinta-feira) não imagino como estará o dia em que esta prosa vier a lume.
Mas de uma coisa estou certo: não tenho acesso à internet e mui dificilmente serei capaz de responder aos comentários (se os houver)!
Portanto até à próxima terça vou mascarar-me de latifundiário, dono de terras e casas, de fontes e charcas, de pinheiros e medronheiros.
Uma ausência meio longa, mas com o pensamento permanente na escrita.
Não sabia que escrever hoje. Estive longe da cidade e como não vejo televisão nem tinha "net" no local onde me encontrava, não tinha grandes temas para abordar.
Enquanto pensava fui reparando nas minhas mãos. Mirei-as bem e comecei então a contar: um. dois, três, quatro feridas causadas pela lenha arrepanhada e queimada e com a sempre necessária protecção de luvas. Os braços estavam pior e contei assim de repente nove locais feridos. Nada de muito grave...
Porém o pior encontra-se no pé direito. Um tronco pequeno mas afiado que saía do chão ultrapassou as botas de soilão de borracha e enterrou-se na planta do pé. Ora como tomo um comprimido para tornar o sangue mais fluído... resultado... aquilo parecia a matança de um porco... Era sangue por todo o lado.
Lá consegui estancar a hemorregia e regressei ao trabalho. Mas sinceramente custa-me muito colocar o pé no chão.
Nada que um medicamento denominado "aguentocaína" não resolva!
Agora mais a sério este fim de semana "gordo" tem sido de emagrecimento. Algo que necessito já que tenho algum peso a mais do que aquele que devia.
Este fim de semana deu para quase tudo, mesmo com frio. Lavrar uns terrenos acabados de comprar, queimar a lenha, arrancar as silvas pela raíz, comer umas tangerinas, fotografar uma ovelha apanhada com erva, rebolar com umas pedras...
A vida no campo na sua plenitude e fulgor. Enquanto uns se divertem em corsos carnavalescos outros "brincam" aos camponeses...
Porque o campo nunca tem direito a férias. Nem a feriados.
Poder-se-á dizer que a campanha deste ano terminou. E muito melhor do que alguma vez supus. Mesmo com a estranha situação de andar a apanhar azeitona com luz artificial... Um petromax!
Temi o pior para a noite. E que tinha a ver com a entrega da colheita ao lagar. Mas a chuva que caiu durante a semana, e que não me impediu de parar, obrigou outros à inércia. Resultado o lagar estava quase vazio e em três horas estava de regresso a casa com o azeite acabado de sair da centrifugadora.
Caso raro, direi!
Hoje dói-me tudo... As costas, as mãos, os ombros e tanto osso e músculo que nem imaginava que existia...
Mais um capítulo que se encerra este ano... Para o ano logo se verá!
Aproxima-se o fim da campanha! Mas ainda falta o pior.
Hoje o dia correu menos mal não obstante a chuva miudinha, quase pó!
A determinada altura nem sabia se a água que me molhava era da chuva ou aquela que tombava das oliveiras...
Mesmo assim correram-se cerca de trinta oliveiras donde se colheram 17 sacos de azeitona. Porém esta começa a perder qualidade especialmente por causa do mau tempo. Nesta altura já devia estar frio... só que (ainda) está demasiado calor para a época.
Os bagos negros começam a cair de tão estragados. A cor de viúva é substituída por uma (horrível) cor castanha.
Todavia nada se pode fazer... é colher, simplesmente.
É por estas e por muitas outras que a vida do campo é tão incerta e tão pouco apelativa.
E amanhã é outro dia. Naturalmente longo! E cansativo!
Se me perguntarem qual o valor por litro do meu azeite deste ano, direi simplesmente: não tem valor.
Hoje teimei. E teimei porque sei que o tempo é escasso e o trabalho muito. Teimei porque não me posso dar ao luxo de ficar mais dias sem fazer nada. Teimei porque antecipadamente me preparara para a intempérie.
Como choveu hoje. Até às quatro da tarde não parou. Ora mais forte, ora mais branda foi todavia incessante. E três alminhas corajosamente a teimarem... teimarem!
Lembro-me a certa altura de torcer os punhos da camisa e a água correr em fio. E bem vistas as coisas o dia nem foi muito produtivo. Apenas 8 sacos...
É dura esta vida campestre. Demasiado dura para quem vive quase sempre na cidade. E daí o cálculo impossível do valor do litro de azeite.
Há coisas para as quais ninguém sabe dar um valor verdadeiro... O azeite deste ano é uma delas!
O cenário do dia anterior mantêve-se. Só que desta vez tive que teimar. Desse por onde desse. O tempo está contado, portanto urge despachar trabalho.
Pequeno almoço tomado e houve que vestir os impermeáveis de forma a molharmo-nos o menos possível. Finalmente carregou-se a carrinha com todos os apetrechos necessários.
Foi preciso coragem, muita coragem para enfrentarmos a manhã chuvosa. A água tombava certinha, fria. As mãos começavam a gelar mesmo com o trabalho. Que correu, ainda assim, menos mal.
A meio da manhã a chuva parou. Breve trégua, pensei. Mas na verdade rapidamente o céu cinzento foi substituúido por uma cor anilada. O sol espreitou com vigor e depressa despi as roupagens impermeáveis.
A azeitona parecia agora cair com mais vontade. E naturalmente veio a hora do almoço!
Curiosamente da parte da tarde o trabalho rendeu menos. Talvez por as últimas oliveiras estarem menos carregadas e algumas necessitaram de serrote. Ainda por cima o céu voltou a carregar-se de cor plúmbea.
Após um sábado com onze sacos eis um dia com dezassete. Nada mau! As minhas previsões para este ano de azeitona falharam... muito! Por defeito!