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Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

À roda de uma vida

Se de vez em quando conseguirmos parar e olhar para a nossa vida de um patamar superior conseguimos, quiçá, entender o que tem sido este nosso caminho.

Quando infantes e rebeldes tivemos nos pais a disciplina férrea para que nos mantivéssemos no caminho correcto, ao mesmo tempo que recebíamos uma catrefada de ensinamentos que melhor ou pior fomos aceitando. Ou não!

Crescemos sob a batuta dos pais que nos encaminhavam ou nos levavam ao esmeril da experiência e que tantas vezes detestávamos. Foi assim que nos tornámos cidadãos de pleno direito com capacidade e discernimento para saber fazer as escolhas correctas.

O tempo corre célere para todos. Os mais novos rapidamente se tornam pais e passam a ser eles os comandantes de outras vidas. Ao mesmo tempo os pais sempre tão eloquentes nos conselhor e recados mirram à força dos anos e doenças. É nesta altura da vida que os filhos começam a ser puxados para a vida dos pais... e a responderam por eles.

Hoje mais uma piscina de A1 até ao hospital de Torres Novas, para acompanhar o meu idoso pai a mais uma consulda de Nefrologia. Chamado à consulta a médica continua preocupada com a sua grave insuficiência renal que já originou a criação de uma fístula no braço direito para iniciar o tratamento de hemodiálise,555 quando fosse necessário.

Todavia a cada consulta a médica vai adiando o dito tratamento, não obstante as análises não mostrarem uma evolução positiva. Só que o restante estado geral continua normal, sem queixas e outros sintomas.

Na pequeno gabinete a competente médica acabou por me perguntar o que seria de fazer? Na opinião dela talvez não fosse mau iniciar o tratamento, mas perante a situação de não haver alterações insistiu comigo para que decidisse que caminho seguir.

Foram breves segundos, mas tempo suficiente para perceber que tinha às minhas costas a responsabilidade da vida do meu pai. Naquele milésimo tempo os papéis inverteram-se. Olhei-o e quase deixei que uma lágrima caísse.

A questão parecia simples, demasiado simples: e se corre mal?

A vida é uma enormíssima roda... hoje estamos cá em baixo, subimos e logo a seguir estamos onde começámos.

A próxima consulta ficou marcada para o dia 24 de Abril! Lá estaremos... ambos!

Jovem sou eu!

Um funeral é (quase) sempre um momento triste e lúgubre. Então se for numa aldeia, pior um pouco, porque há sempre aquelas carpideiras que ilustram sonoramente a suposta tristeza de amigos e familiares. Mas desta vez foi na cidade!

Um destes dias faleceu um grande amigo do meu pai. A esposa tornou-se uma irmã da minha mãe e o filho meu amigo desde a escola primária. Hoje foi o seu funeral.

Tive de ir, até porque os meus pais não tinham condições para tal e assim fiz eu a representação familiar. Depois também me pareceu importante acompanhar a família nesta derradeira viagem de um bom amigo.

Cumprimentei a viúva que se admirou da minha presença. Depois...

Convém dizer que eu não via o meu amigo, agora órfão, haveria umas dezenas de anos. Andámos na escola, mas a determinada altura cada um seguiu o seu caminho. Ele seguiu a Marinha eu continuei  empedernido civil. Agora somos ambos reformados...

Depois... comecei a ser cumprimentado por muita gente que calmamente foram-me dizendo o nome e que eu recordei dos tempos de juventude. Eles e elas. Cumprimentei-os a todos e fomos dizendo umas coisas semi parvas, para quem já tem idade para ter juízo.

Finalmente o féretro saiu da capela mortuária para o crematório onde assisti à missa de corpo presente. No final despedi-me da família e regressei a casa.

No caminho olhei-me no espelho retrovisor e com algum agrado e um sorriso malandro disse para comigo: estás um jovem!

A melhor notícia... hoje!

Não tenho medo de (quase) nada que a vida terá reservado para mim. Ainda a semana passada esbardalhei-me todo, escadas abaixo e cá continuo com maior ou menor nódoa negra a fazer pela minha vida.

No entanto como não há regra sem excepção também tenho alguns temores. Arrisco a confidenciar que só tenho mesmo um e que é... ficar cego!

Talvez por isso, com a regulariade de um relógio, todos os anos vou ao oftalmologista tentar perceber como estará o meu olho direito, o único que ainda funciona.

Cheguei há pouco a casa após mais uma consulta e cujo médico me comunicou que a minha retina estaria impecável, mandando-me lá ir só daqui a um ano! Iupiiii!

Portanto esta tarde/noite terminou com uma óptima notícia... o que nem sempre ocorre!

A gente lê-se por aí!

Tristes constatações

Com a minha idade já não devia admirar-me com nada, nomeadamente com momentos mais estranhos em meu redor. No entanto tenho sempre aqyela ideia de que a sociedade deveria aprender com os erros e neste sentido tornar este mundo um local bemk mais aprazível para se viver.

Nester texto nem quero referir as guerras lá longe envolvendo demasiados países, acentes num conceito quase sempre fundamentalista. Refiro simplesmente em vivências corriqueiras  e que perpassam à minha frente amiúde.

Ao invés de outras ocorrências que assisto e que aqui divulgo, apenas como chamada de atenção, hoje nem pretrendo escrever sobre isso, mas tão-somente como é que as pessoas conseguem viver neste universo sendo mal-educadas, mal-formadas, imbecis e até... patetas!

Vejo cada vez mais inumanos, gente capaz das maiores atrocidades apenas porque consideram-se os maiores desr«ta Mundo. Não imagino se algum dia cairão em sí perante tanta maldade.

Por mim reside a esperança de que um dia entendam o alcance dos seus (maus) actos! Todavia nessa altura será já tarde demais.

Aqui descansarei!

Resposta a este desafio!

Esta foto não foi feita por mim, porém mostra algo que é património meu. Nesta fotografia conseguem-se ver para além das pedras e um pedaço de terra, duas oliveiras e uma azinheira. Conta-se na família que este terreno foi do meu avô, que cavava por entre as pedras (gente afoita!!!), mas as duas oliveiras aqui apresentadas eram de outra pessoa. A azinheira é muito recente e portanto nunca entrou neste acordo, simplesmente por não existir.

Estas duas árvores dão uma azeitona denominada... lentrisca. Nos anos favoráveis e quando não foram muito podadas estas duas alminhas já chegaram a dar 12 sacos de azeitona. O azeite extraído destas azeitonas é muito fino, tão fino que quase nem sabe a azeite.

Cada uma delas ocupa uma enporme área, porque não sendo muito altas alargaram no seu perímetro. Houve já quem pretendesse fazê-las menos largas, mas eu quero-as assim. Gosto delas desta forma porque são únicas.

Em 2019 entre ambas um padre realizou ali uma eucaristia, que me deixou profundamente comovido.

Finalizo que é sob qualquer uma destas oliveiras que desejo que enterrem ou espalhem as minhas cinzas.

Sentir-me-ei sempre bem acompanhado!

Duas_oliveiras.jpg 

Foto de José Almeida

Crónica de uma manhã louca!

Esta madrugada levantei-me cedo. Eram sete da manhã. Para rapidamente me esbardalhar escada abaixo batendo com ambos os braços e as costas nas escadas graníticas.

Temi o pior. As dores assolaram-me como uma praga. Com esforço levantei-me do chão, tentei recuperar algum fôlego, mas decidi ir ao hospital da CUF em Lisboa ali quase a beira-rio.

Entrei na urgência já passava das onze da manhã. Fui à triagem onde me atribuiram uma braçadeira amarela (devia ser para fazer pandam com o meu casaco verde).

Sou por fim chamado a uma médica que avaliando as minhas maleitas prescreveu uma série de exames. Fiz assim rx aos braços, ecografia aos rins, tac à lombar.

Às duas e pouco da tarde estava despachado pela médica com a indicação de gelo nos braços e coisas quentes na lombar. Fui pagar. Até tremi quando a menina se preparou para dizer quanto era: 122 euros! Obviamente já com a comparticipação dos meus serviços médicos.

Agora imagine-se que ia para o hospital público! Não pagaria nada é certo, mas ainda agora lá estaria à espera que me mandassem fazer exames... Se mandassem!

Sou dos muitos portugueses sem médico de família, mas também nunca o solicitei. Por isso recorro sempre aos serviços médicos privados. Por enquanto posso pagar, ao mesmo tempo que não estou a ser mais um no serviço de urgência público.

Agora quanto às dores... é aquela costumada medicação: aguentocaína!

65!

Tornei-me hoje quase por decreto… um sénior. Uma forma simpática que as entidades portuguesas usam para me chamarem velho.

A partir de agora que somo os tais 65 anos (antigamente era a idade da reforma) passo a ter direito a uma série de benesses.

Uma delas será o preço especial de um passe para os transportes aqui na zona… que eu nunca uso. Outra das valências para este velhote é o preço nos diversos museus pois também se tornaram mais simpáticos.

Deveria, em face destes benefícios, ficar menos triste por ter chegado à idade em que deixamos de ser um homem de 64 anos para nos tornarmos um idoso de 65!

Portanto eis-me aqui velho, cansado, triste e apoquentado com esta nova fronteira da idade, já que a partir de hoje o meu caminho jamais será o mesmo do que foi até aqui.

Mas digam o que disserem tentarei, por todos os meios ao meu alcance, contrariar esta coisa parva da idade!

Pois é… faço hoje 65 anos e tudo o que escrevi nos parágrafos supra foi para enganar os meus queridos leitores. Consegui? Não?

Bolas… ando a perder qualidades!

A água e a vida!

1foto1texto

Resposta a este desafio!

A água que corre entre as galerias ripícolas assemelha-se por vezes à vida que cada um vai vivendo.

Eis um exemplo de uma ribeira que mesmo de caudal quase invisível vai correndo por entre pedras, ramos e folhas até a um ribeiro maior, por sua vez criou uma albufeira, para após muitos quilómetros acabar no Tejo e mais tarde no Oceano Atlântico.

Também a vida começa muito pequena para ir crescendo conforme vamos ficando mais velhos. Ums vezes andamos devagar, outras mais depressa para no fim da vida desaguarmos num mundo que nunca conhecemos.

agua_ameal.jpg

 

O silêncio é de ouro!

Haverá pouco mais de um mês escrevi este postal, tudo por causa da maneira como cada um dirima a sua própria doença, especialmente através da quantidade de comprimidos que toma.

O curioso é que ontem calhou a vez ao meu pai que do alto dos seus 91 anos de idade dizia, quase com graça, à médica que o anda a seguir, após esta lhe ter receitado mais um comprimido:

- Ó Dôtora daqui a nada não me chega um dia para todos os comprimidos que tenho de tomar...

Ao sorriso da médica, continuou:

- Mais um comprimido significa que estou cada vez pior...

Para finalizar:

- Acha que vale a pena?

A médica desfez-se em razões quase óbvias, mas o meu pai não ficou muito convencido! Já no carro a caminho de casa, apercebi-me que fazia contas. Nada lhe disse pois já imaginava que seria dele que partiria a conversa:

- Sabes quantos comprimidos tomo por dia?

- Isso interessa? O que realmente conta é que cada um tem a sua função profilática ou curativa.

Um silêncio que estranhei. De súbito remata:

- Curativa? Ou será para adiar o que é certo?

Percebi a sua ideia, mas não lhe respondi... O silêncio nestes casos é de ouro... fino!

O professor do futuro!

À questão muitas vezes formulada por outrém, se já me arrependi de alguma coisa no meu passado, posso assumir que não me arrependo nada do que fiz nem do que não fiz. Porque todas as minhas acções foram decididas, muitas vezes, sem ter verdadeira consciência das consequências dos meus actos. Era novo, inexperiente e acima de tudo ingénuo.

Provavelmente com aquilo que sei hoje muitas daquelas decisões seriam tomadas de forma diferente. Porque na verdade actualmente não serei a mesma pessoa do meu, já longínquo, passado. Mas é normal que assim seja. A idade, a experiência, a vida vai-nos permanentemente mostrando outros horizontes.

Hoje sou um homem maduro, bem consciente das minhas actuais limitações físicas e até psicológicas. Se em alguns casos serei mais paciente, noutros a minha postura extremou-se. Mas certamente não serei só eu que me tornei assim. Todos nós, conforme vamos avançando na idade e através dos eventos que se atravessam no nosso caminho, aprendemos a lidar melhor (ou se calhar até na) com as situações.

Faz parte da nossa vivência. O que realmente não podemos ter é receio do futuro. Nada sabemos sobre ele, é certo, mas ainda assim com o lastro do nosso passado conseguiremos iluminar o futuro.

Digo eu!

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