Eu pecador me confesso...
Eu pecador me confesso: não tenho vícios!
Todavia nem sempre fui assim. Tempos houve em que comia e bebia alarvemente, fumava desalmadamente e jogava freneticamente. Modos de vida...
Depois vieram os anos, as responsabilidades e com os filhos à mistura, e foi aí que comecei a ganhar algum (pouco) juízo. Mas enfim, o suficiente para parar de fumar, comer e beber menos e jamais jogar.
Foram tempos duros. Não se muda assim uma pessoa do dia para noite com um estalar de dedos. Foi necessário sacrifício e capacidade de sofrimento.
Mas valeu a pena. Hoje posso dizer o que disse no início deste texto: não tenho vícios.
Este preambulo é apenas um desabafo perante algo que vejo com frequência e que me faz pensar.
As transformações profundas que Portugal ora atravessa, as vidas desfeitas que invadiram os lares dos portugueses, com o desemprego a ser a causa principal, os cortes evidentes na massa salarial da maioria dos trabalhadores, ainda assim todas estas razões e outras não referidas não serviram para ensinar os lusitanos a poupar.
Custa-me perceber como é que as pessoas fazem opções sem precaverem o futuro. E pior... quanto menos ganham mais coisas pretendem e desejam.
Lanço assim para esta "mesa" o caso do tabaco.
Não sei quanto custa actualmente um maço de cigarros mas sei que é caro. Mas para além do mal que faz, o pior é que a maioria das pessoas que fumam nunca colocam o deixar de fumar como algo que se deva fazer, antes das outras coisas, no sentido de poupar alguns euros. Bem pelo contrário: o cigarro é algo que vai sempre ficando custe o que custar. Corta-se na carne. no leite, no peixe ou no pão mas nos cigarritos é que não pose ser nada...
Que valores são estes em que cada um se preocupa mais com o seu umbigo, do que com a barriga do filho esfomeado? Que egoísmo é este? Que sociedade temos vindo a criar?
O desenvolvimento de um país também se vê nestes detalhes. Ou será que não?