Falta pouco para a meia-noite. A noite aqui está serena.
Ao invés de outros dias (e noites!!!) em que o vento sacudiu tudo e todos, justamente agora não bule uma aragem.
A temperatura tépida mesmo a parecer aqueles serões tropicais que não conheço, mas que sempre ouvi falar. Especialmente ao meu pai.
São estas noites de paz e serenidade, de silêncio e pensamento que irei levar para o trabalho no meu espírito.
Passamos tantos dias do resto do ano em busca de qualquer coisa que depois nem sabemos avaliar a quietude e a brandura de uma noite de verdadeiro Verão.
Reencontrei-me hoje com ele. Após nove meses de separação, mais ou menos forçada, voltámos a encontrar-nos.
Eu e o mar! Mar, mar, mar...
Este mundo profundamente anil tão poderoso que nenhum homem domina. Esta espécie de fantasma que assustou navegadores portugueses nas suas demandas pelo Mundo desconhecido. Esta força da Natureza que acolhe um outro submundo recheado de peixes e náufragos.
Desde Setembro passado que eu e o mar só nos víamos ao longe sem direito àquele abraço. Mas hoje abracei-o num mergulho assaz rápido, já que aquele se apresentou muito frio. Como sempre, aliás!
Hoje, primeiro de Junho e primeiro dia da época balnear e Dia da Criança nada melhor que regressarmos à praia para nos tornarmos, uma vez mais, meninos e meninas. Nem que seja por breves instantes.
Este tem sido um Verão estranho, invulgar, descaracterizado.
Tenho-me muitas vezes perguntado se o ano passado esta estação tivesse tido esta postura quantas vidas se teriam poupado, quantas desgraças se teriam evitado?
Pois é, mas feliz ou infelizmente na Natureza ninguém manda.
Provavelmente hoje foi o meu último dia de praia desta época balnear. Poderei regressar ao areal, mas será de forma diferente e claramente mais agasalhado (ou não!!!).
De uma forma ou de outra despedi-me do mar azul que durante três semanas me recebeu, sempre de água límpida, porém muito fria.
Nos últimos minutos observei à minha volta a areia quente e fina desacertada, todavia confortável. E agradeci-lhe ter-me deixado dormitar no seu colo tantos minutos.
Despeço-me deste local com a certeza que de que por longos momentos fui aqui feliz.
Gosto muito de praia e por isso as férias são passadas sempre com os pés de molho.
A praia que costumo frequentar situa-se num extenso areal, onde eu faço as minhas longas caminhadas e outrossim recolho o lixo, essencialmente plásticos e vidros, deixados ou pelo mar ou pelos próprios utentes. O costume de todos os anos, aliás!
Entretanto este ano já tinha escutado queixas sobre a temperatura do mar. Uns diziam que estava mais ou menos, todavia a maioria queixou-se de estar exageradamente fria.
Constatei isso logo no primeiro dia de férias, que foi na passada segunda feira e que continuou por estes dias.
Resultado: só ontem, finalmente, consegui mergulhar na água azul do Atlântico e após muitos minutos de habituação à temperatura do mar.
Não sou friorento, nem grandemente apreciador de águas tépidas, mas este gelo na água de Verão, parece-me exagerado.
Sei que esta máxima tem muuuuuuuuitos anos. Hoje, com as constantes alterações climáticas que a Terra tem sofrido, é perfeitamente normal que aquela suposta verdade deixe de existir.
Todavia a noite passada senti que o vento que soprava na rua era... frio. Demasiado frio para a época!
Parecem terem assim desaparecido aquelas noites cálidas e brandes de Junho e Julho.
Agora que estou a pouco mais de duas semanas de ir de férias, dei por mim a questionar como deveriam ser para se tornarem as férias perfeitas?
Pergunta (muito) fácil mas com respostas no mínimo... complicadas! É que eu não sou nada fácil de contentar...
Se ir de férias já é só por si uma coisa boa, sem horas para me levantar e deitar nem horários para cumprir, torna-se complicado escolher algo para as tornar ainda mais apetecívéis.
Devagar vou assim desembrulhando alguns tópicos para que as minhas férias se tornassem perfeitas.
Eis então os meus desejos:
1 - No mínimo deveria ter um mês de férias seguido (já o fiz por uma única vez e soube-me divinalmente!);
2 - Não fazer rigorosamente nada, seja pequeno-almoço, almoço ou jantar;
3 - Comer e beber o que mais me apetecesse sem que nada disso me fizesse engordar;
4 - Viajar pelo país não indo eu a conduzir de forma a poder observar como deveria ser as belas paisagens do nosso país;
5 - Poder dormir livremente ao sol na praia sem ter receio de apanhar uma insolação ou coisa pior;
6 - Partir num cruzeiro ao norte da Europa;
7 - Conseguir ler toda a resma de livros que tenho enfileirados;
8 - Acabar uma quantidade de projectos de escrita começados e jamais continuados;
9 - Conseguir amagrecer o suficiente de forma a sair da faixa dos pré-obesos;
10 - Manter a saúde física e mental para poder gozar todos os dias de férias com imenso prazer.
Dez desejos que sei de antemão impossíveis de realizar! No entanto deixem-me sonhar, sim?
Mais uma coisa... Em todos aqueles momentos deveria estar rodeado da minha mulher e dos meus filhos. Só assim teriam um sabor intenso a... felicidade!
E vocês já pensaram do que necessitam para as férias serem perfeitas?
Eu a pensar num fim de semana repleto de chuva, face ao que ia lendo e vendo nas previsões metereológicas e sai-me um sábado e um domingo de sol radioso e muito quente. A requerer praia.
E eu em casa com outros projectos agendados devido à previsão de chuva.
Há muitos anos havia um programa de humor que passava na Rádio, diariamente. Chamava-se "Parodiantes de Lisboa". Nesse programa havia, entre outras, uma série a que chamavam "Boletim Mentirológico". Lá sabiam eles o que estavam a falar...
Já nem no tempo se pode confiar... Hoje, no dia em que o Verão acabou!