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Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Bom gosto não tem idade!

Quem por aqui passa, amiúde ou esporadicamente, já deverá ter cruzado com alguns textos em que faço referências ao meu apreço por coisas velhas. Não são antiguidades pois para estas teria de ser proprietário de maior liquidez financeira. Portanto são mesmo velharias aquilo que tenho.

A maioria delas ligadas à aldeia onde fui criado até à idade escolar. Balaças, candeias, lanternas, pias e potes, trempes e sertãs. Algumas balanças, loiças e candeeiros. Até alfaias agrícolas...

Tenho também alguns rádios, gravadores e leitores de bobines e cassetes, relógios, móveis e muitas mais bujigangas.

No entanto falta-me algo para me sentir completo e que há pouco tempo escrevi num outro postal. Falo de ter um carro daqueles vintage. Não tendo a possibilidade de encontrar um igual ao primeiro carro do meu pai um Opel Kadett 12/60 de quatro portas e de um cinzento metalizado, gostaria de ter uma carrinha Renault 4 (mais conhecida pelo nome de "4 L") de três velocidades e faróis amarelos.

Dizia-se na altura que este modelo da marca francesa era o jipe dos pobres. Na verdade quem como eu conduziu esta máquina (o que eu conduzi era já o modelo GTL montado, creio eu, na Guarda), jamais esquece a delícia que era o carro.

Bom todo este relambório para dizer que esta manhã na A1, entre Santarém e Cartaxo passei por uma carrinha destas, branca e bem estimada e ao volante seguia uma jovem. Admirei-me pela escolha da menina, mas ao mesmo tempo gostei da coragem em vir para a estrada com um carro, provavelmente com mais de meio século de existência.

Numa altura em que os carros as pilhas estão vulgarizados, assumir guiar um carro antigo não será para todos... neste caso todas!

Há na juventude ainda quem tenha muuuuuuito bom gosto!

 

Uma aldeia em casa

Passam os anos, mas o meu gosto por coisas velhas e rústicas não se perde. Diria de refina...

Na minha modesta casa que mandei erguer há 22 anos, este meu gosto torna-se por demais evidente. Desde logo pelo recheio feito de mobílias muito velhas, algumas dos tempos do casamentos dos meus pais há 64 anos. Uma mesa de cinco pés que foi de uma trisavó e mais uma série de pequenos objectos sem valor fiduciário de monta, mas que fazem parte da minha vida.

Ora bem... fora das paredes tenho também algumas peças que agora vou apresentar,

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Um pequena pia de pedra esculpida a ponteiro por quem o sabia fazer e que pesa até até...

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Um banco em pedra de granito beirão que foi outrora a soleira de uma porta de uma casa típica da Cova da Beira e recentemente arrasada.

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Outra pia, esta também em granito beirão e que eu, com ajuda, retirei do chão onde se encontrava enterrada. Pesada, foi um trabalhão para a colocar neste sítio.

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Esta foi uma pia de pedra destinada unicamente para o azeite e que foi da minha avó. Tal como a primeira foi esculpida a ponteiro numa pedra branca. Foi quase um trabalho de engenharia para a colocar naquele lugar. Uma curiosidade... o espaço entre as duas colunas foi suficiente, mas longe de mim na altura da construção pensar em colocar ali esta peça. Uma coincidência feliz!

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Quem não tinha pias de pedra, era nestas talhas que se guardava o azeite. Esta foi da minha bisavó que eu conheci que dizia ter sido da mãe dela. Numas contas rápidas calculo que tenha perto de 200 anos.

Finalmente o meu jardim tem agora este aspecto mais rústico quase aldeão.

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Lixo ou luxo? - Travessas e terrinas

Finalmente posso vir aqui colocar alguma informação adicional que não consegui antes.

Assim as travessas e pratos seguintes são peças da antiga fábrica de faiança de Miragaia. Segundo aquilo que consegui apurar esta fainça era feita na China e vinha para Portugal sem ser pintada. Era então na fáfrica de Miragaia que era então pintada e colocada no forno para fixar a pintura. 

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As terrinas infras são da Fábrica de Loiça de Sacavém, todavia com o nome de Gylman e Cª. A uma falta a travessa e a ambas as colheres que eram geralmente também de loiça.

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Luxo ou lixo? - Outras caixas

Neste postal escrevi sobre umas das minhas paixões: as caixas de charão.

Mas creio ter ficado em promessa falar de outras caixas que tenho em casa, a maioria banais.

Segue infra uma série de fotografias das tais caixas onde tenho guardado quase tudo, desde bilhetes de concertos a simples moedas que vou arquivando em vez de me encherem os bolsos. Há até algumas que guardam cartas de jogar. Enfim, há um pouco de tudo sem grande qualidade mas com estórias associadas.

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A caixa supra é um autêntico cubo de madeira com algumas ranhuras no seu interior dando a ideia de ser um pequeno arquivo, quiçá de cartões de visita. Comprei-a na Feira da Ladra.

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Gostaria de explicar como apareceu esta caixa cá em casa, mas sinceramente não sei. Imagino que tenha sido numa daquelas feiras de Natal onde costumava ir. Não é uma caixa antiga mas tem um belíssimo trabalho exterior.

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Este baú pequeno e com chave foin uma oferta que me fizeram. Esteve muitos anos numa montra de uma carpintaria. Até que um dia deixou de lá estar. Tive pena, Depois apareceu em casa no dia dos meus anos! Creio que a madeira será castanho tem outrossim uma fantástico trabalho exterior.

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Uma recordação da Expo 98. Comprei-a lá, não me lembro em que pavilhão, mas foi certamente nalgum país da Ásia.

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Esta caixa foi-me oferecida por um colega fumador. Só fumava cigarrilhas açorianas e daí estar lá a marca. Mas gostei sempre desta caixa.

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Esta será uma das caixas mais giras que tenho. É um poliedro com muitas faces. Umas são quadrados, outras triângulos. Seja como for é nela que guardo algumas moedas dos trocos que recebo.

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Uma caixa que comprei em pleno Rossio em Lisboa aquando de um encerramento de uma loja. Comprei-a somente porque gostei dela, foi barata e porque tinha dois baralhos de cartas. 

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A última caixa não sendo tipicamente uma caixa onde se possa observar a técnica da pintura de laca como nas caixas de charão, ainda assim é uma belíssima caixa que se encontra em destaque na casa. Foi.-me oferecida pelo meu colega das visitas à Feira da Ladra e com quem aprendi muito.

 

 

 

Luxo ou lixo? - Licoreiras e frascos

Outras das minhas alegrias são as minhas garrafas. Algumas de vidro tão banal que quase nem mereciam destaque aqui, mas há outras que sendo também de vidro trazem consigo copos e tampas ( o que neste tipo de loiça náo são fáceis de arranjar tal a facilidade com que se partiam).

Assim a primeira é uma garrafa de vidro tosco. Tem todo o aspecto de ser uma licoreira, mas falta-lhe os copos.

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Mais uma licoreira onde a tampa não sugere que seja original. Também sem copos. O vidro parece ser de melhor qualidade ou pelo menos melhor trabalhado.

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Mini licoreira de cristal. Serve somente de decoração.

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Outra garrafa decorativa também em cristal.

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Duas peças curiosas. A garrafa sem rolha era da minha mãe. Lembro-me n«bem dela em casa a ser utilizada. Tendo em conta que o meu pai não bebia, assumo que fosse para a água. O cacho de vidro é um exemplar muito curioso. Dentro terá um licor qualquer que não imagino qual seja. Está na família há dezenas de anos!

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Esta é uma verdadeira garrafa para vinho tinto correspondendo à cor que apresenta. Não imagino se teria copos a condizer. Quero crer que sim, mas devem ter-se partido com o uso.

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Eis uma garrafa para vinho branco. Assim diz a cor amarela. Sem tampa e sem copos foi-me oferecida por uma amiga.

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Uma verdadeira licoreira com copos a condizer. Faz parte do património da família. Note-se que tanto a garrafa comos os cálices têm o mesmo desenho.

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Mais uma licoreira com copos a condizer. Tem apenas quatro cálices em vez dos costumados seis. Peça cá de casa que ninguém, a não ser nós, gosta!

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Conjunto de frascos de farmãcia e mais uma garrafa licoreira vulgar e recente. O frasco maior tem o fundo partido. Os outros estão impecáveis.

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Luxo ou lixo? - Balanças

 Nota introdutória

A série de textos que irão seguir foram escritos há mais de uma semana, essencialmente para os próximos cinco dias em que estou ausente de lugares com rede informática, nomeadamente por estar na aldeia quase remota a apanhar azeitona. Muitas fotos se seguirão, algum texto elucidativo de coisas velhas que fui juntado durante toda a minha vida. A maioria são objectos banais com os quais convivi amiúde, mas que através destes textos passam a ter outro destaque. Não são peças de luxo, quiçá, de lixo! A diferença ficará ao critério de quem vê e lê!

Balanças

A primeira balança que apresento servia para pesar animais após as matanças, essencialmente porcos. Geralmente era perdurada num tronco de uma árvore, para depois se  perceber que peso teria a carcaça, Esta balança foi pertença do avô da minha mulher.

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Balança de pilão

 

A próxima balança comprei-a na feira da Ladra em Lisboa e é uma daquelas vulgares balanças dos nossos antigos mercados que tanto servia para pesar peixe ou frutas.

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Balança de partos fundos

As duas balanças que se seguem são autênticas balanças de cozinha. Lembro-me de a minha mãe ter uma igual para altura dos finais dos anos sessenta. A outra de marca Lyssex é de origem suiça e pode remontar à época dos antes 30 do século passado.

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Balança de cozinha (anos 60/70)

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Balança de cozinha Lyssex (1930)

A balança que se segue foi a minha última aquisição. É tipigamente uma balança carteita em ferro e usada, tal como o nome diz, para pesar as cartas que posteriormente seriam enviadas pelo correio. Não pesaria grandes quantidades mas era muito fiável.

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Balança carteira

Segue uma pequena balança que comprei numa feira, creio que em Barcelona, e que tanto pode servir outrossim como balança carteira como poderia pesar... ouro ou prata.

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Balança pequena

Para tal bastava que tivesse aneno um conjunto de pesos como estes,

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Pesos

Finalmente a minha jóia de coroa. Não é por ser a mais velha (que não é), ou por ser a mais bonita (que também não é), mas unicamente porque foi a primeira que consegui trazer para casa. Terá sido uma vulgar balança de mercearia já que nos seus pratos ainda surgem alguns pesos. O mais curioso é que fui buscar esta a uma estrumeira.

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Balança de mercearia

Mas para mim valeu a pena!

Mais uma velharia!

Regresso a um tema que me apraz falar: velharias.

Com as obras, pinturas e afins dei conta da quantidade de coisas que tenho com alguns (diria muitos) anos. Não serão antiguidades, mas ainda assim a patine do tempo já passou por elas.

Depois de já ter aqui falado dos meus relógios e mais recentemente das minhas caixas de charão descobri que ainda tenho uma quase infindável série de objectos velhos, a maioria sem qualquer valor, mas que ainda assim fazem parte do meu pobre património.

Algumas delas (diria quase todas) têm uma estória associada. Ou foram dos meus avós, ou de amigos já desaparecidos, ou de outros familiares sem herdeiros directos.

Hoje trouxe para casa um velho malão de porão (de navio e não de avião) que após estar anos a apodrecer consegui que alguém pegasse nele e o restaurasse. Agora falta arranjá-lo por dentro, mas isso acredito que seja mais fácil.

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Será o segundo que tenho, porque o primeiro foi pertença do meu bisavô que o trouxe para Portugal após muitos anos emigrado nos Estados Unidos onde até angariou a cidadania americana.

Mania de caixas!

Ou o prometido é devido!

Há uma vintena de anos passei a visitar a Feira da Ladra em Lisboa com um colega de trabalho, especialmente à terça-feira. Por aquela altura ainda se arranjavam coisas curiosas e engraçadas. Hoje há demasiado lixo.

Entretanto no início deste mês relatei aqui como adquiri uma das minhas caixas de charão que vou juntando. Acabei por prometer à Peixe Frito que um dia publicaria aqui algumas fotos de todas as minhas caixas.

Chegou hoje o tal dia até porque se não o fizesse já acabaria provavelmente por me esquecer.

Junto infra fotografias de 15 caixas de charão e não só. Numa breve explicação que requer obviamente confirmação, diria que as caixas eram maioritariamente usadas por senhoras como caixas de música e onde se poderiam guardar objectos pessoais. Parte delas têm origem na velha China e o charão mais não é que a técnica de pintura com laca. Há de diversas formas e feitios. Pintadas todas só por fora, uma pintada também por dentro, na tampa, e outras com pinturas no tecido interior.

Não diria que é uma colecção, mas tão somente um pequeno conjunto.

Caixa nº1

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Caixa nº 2

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Caixa nº 3

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Caixa nº 4

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Caixa nº 5

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Caixa nº 6

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Caixa nº 7

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Caixa nº 8

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Caixa nº 9

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Caixa nº 10

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Caixa nº 11

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Caixa nº 12

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Caixa nº 13

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Caixa nº 14

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Caixa(s) nº 15

caixas_15.jpgCaixas_15_a.jpg

Características:

Caixa nº 1 - 30 x 20 pintura em laca. Sem pintura extra no interior;

Caixa nº 2 - 15 x 15 pintura em laca. Sem pintura extra no interior;

Caixa nº 3 -  20 x15 pintura em laca. Caixa de música, forrada a tecido, com espelho e divisórios interiores com tampas pintadas;

Caixa nº 4 - 10 x 6 pintura em laca todavia um desenho bordado em tecido e incluído sob um vidro;

Caixa nº 5 - 50 x 20 pintura em laca. Uma belíssima caixa de música muito bem estimada e com uma característica rara: tem chave para a fechadura;

Caixa nº 6 - 30 x 25 não sendo uma caixa de pintura em laca ainda assim tem uns embutidos em marfinite muito curiosos. Mais uma caixa para a beleza feminina;

Caixa nº 7 - 20 x 15 pintura em laca. Caixa de música, forrada a tecido, com espelho e divisórios interiores com tampas pintadas;

Caixa nº 8 - 25 x 14 pintura em laca. Caixa de música faktando todavia a bailarina. Uma caixa bem feminina;

Caixa nº 9 - 25 x 15 caixa de madeira com embutidos em estanho. O interior foi recuperado náo correspondendo ao original que desconheço qual seria;

Caixa nº 10 - 25 x 30 pintura em laca. Caixa de senhora forrada a tecido, com espelho e divisórias interiores;

Caixa nº 11 - 20 x 15 pintura em laca. Caixa de música, forrada a tecido, com espelho e sem bailarina;

Caixa nº 12 - 13 x13 pintura em laca. Sim pinturas extra no interior. De todas esta é a única de quem sei a história.

Caixa nº 13 - 15 x 15 pintura em laca. Tem uma bonita característica pois não tendo divisórias nem espelho ainda assim a tampa está pintada. Poderia ter servido como caixa de chá;

Caixa nº 14 - 20 x 7 pintura em laca. Sem pintura extra no interior;

Caixas nº 15 - conjunto de 4 pequenas caixas pintadas, mas sem ser em laca. Calculo que sejam caixas recentes.Todavia bonitas.

Negócio na feira

Por causa das pinturas cá de casa, que já aqui havia divulgado, tive de retirar muitos objectos da minha sala. Para além de centenas de livros, medalhas e molduras com fotografias acabei por perceber que passamos a vida a juntar coisas para as quais nunca daremos uso.

No meu caso há uma explicação: a maioria delas têm um componente afectivi já que me foram oferecidas por amigos ou familiares. Todavia outras comprei-as em feiras de velharias, a maioria na Feira da Ladra.

É desta feira bisemanal e de um negócio que fiz que hoje vos venho falar.

Todavia o primeiro negócio que ali assisti foi com o meu pai quando nos anos setenta por ali andou em busca de um selim para uma égua que o meu avô havia comprado. Lembro-me que encontrámos uma que na altura pediram dois contos, ou mais ou menos 10 euros  na moeda corrente, e que após muita volta à feira acabámos por levar para casa. Recordo este caso porque na altura, quando o meu pai foi buscar o selim, o vendedor ter dito:

- Se eu soubesse que queria comprar teria pedido mais dinheiro.

Muitos anos mais tarde sou eu que numa manhã cedo de terça feira entro no Largo de Santa Clara. Vou calcorreando as ruelas olhando aqui e ali alguns objectos mais invulgares, perguntando preços apenas por curiosidade.

Entretanto alguns dos vendedores já me conhecem e ao ver-me passar apontam para este ou aquele objecto.

Estava eu neste meu caminhar lento quando dou de caras com a dona A. uma senhora idosa com uma loja bem perto da Praça do Chile e que adorava estar na feira a vender. Naquela manhá encontrei-a a limpar uma caixa de charão em tons cinzentos.

- Bom dia d. A. como está?

- Bem e o senhor?

- Também, obrigado.

Para logo lançar:

- Que bonita caixa, essa...

Gesto automático entrega-me a caixa.

- É para mim? Obrigado... - disse a rir, para logo questionar - Quanto quer por ela?

- Cinco contos, para me estrear.

Devolvi a caixa.

- Não ando a roubar. Isso é muito caro.

Sem mais segui o meu caminho. Andei mais de uma hora pela feira para voltar à dona A. onde a caixa dormia agora no chão entre muitas coisas velhas.

Insisti:

- Pensei que já a tivesse vendido...

- Quanto dá por ela? - avançou então.

"Temos negócio" pensei eu. Agora bastava regatear o preço.

- Eu nem digo o que ofereço porque a senhora ofende-se...

- Vá lá quanto dá por ela?

- Dois contos.

- Isso nem pensar... é pouco.

- Então para a semana dona A. - devolvi eu.

No momento em que lhe viro as costas diz:

- Mais 500 escudos e fica com ela.

Parei, retirei o dinheiro da carteira paguei-lhe e trouxe a caixa para casa.

Esta.

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Uma velharia... nova!

Há muitos anos alguém me ofereceu uma telefonia (mais uma) daqueles de válvulas muito usuais em Portugal após a Segunda Guerra Mundial. Dizem que muitas daquelas vieram por troca do volfrâmio que o país exportou para o 3º Reich.

Bom... seja como for estes aparelhos são todos muitos curiosos e diferentes. Mas este que recebi tem o condão de ser bem português.

Quando chegou à minha mão vinha em muito mau estado com as folhas de madeira que a forravam descoladas, algumas partidas e também espaços já sem elas.

Como conheço um restaurador entreguei-lhe, no início deste Verão, o aparelho para ele restaurar. Com calma.

Recebi-o hoje neste estado:

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Este restauro é realmente uma autêntica obra de arte, mas nem digo quanto me custou o trabalho.

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