O preço... do nada!
Há muitos anos numa conversa normal, o meu falecido sogro (um bom homem, do melhor que já conheci!) porque estávamos a falar de fazendas rústicas, perguntou-me a determinada altura:
- Quanto acha que valerá o Ameal?
Ora este pedaço de terra fértil tem pouco mais de 20 hectares, sendo 5 de sobreiros, 10 de pinhal bravo e o resto de terra centeeira onde costuma pastar o gado ovino. Perante a questão feita assim de chofre respondi célere:
- Essa fazenda não vale nada!
Ui... o que fui dizer! Ia-me comendo em cima de um naco de pão, como soi dizer-se. Deixei-o barafustar para depois lhe explicar a razão da minha resposta. Disse-lhe então:
- As coisas só têm realmente valor se tivermos ideia de as comprar ou vender.
Ele olhou para mim ainda desconfiado e deixou-me continuar:
- Está com ideias de vender essa fazenda?
- Nem pensar... Nem com todo o dinheiro do Mundo eu venderia.
- Ora aí está... Uma fazenda sem valor. Perceba que o valor só existe realmente quando se pretende adquirir ou desfazer de algo. Até lá...
Vencido, mas não convencido acabaria muito mais tarde por dizer a outros o que eu lhe havia afirmado, percebendo onde eu pretendi chegar!
Quem estiver a ler este postal poderá pensar: mas tudo tem um preço... Estou perto de concordar. No entanto falta aquele bocadinho de um nada, que no fundo é tudo, mas que é tão nosso e para o qual não há qualquer valor que se possa atribuir.
Portanto o melhor valor que temos certo é a paixão de vivermos, o ensejo de ajudar, a alegria de acordarmos todos os dias! O resto pode ser apenas dinheiro que depressa desaparece.
A gente lê-se por aí!