Ainda não percebi...
...Se é a Europa que manda moedas para o nosso país ou é Portugal que envia Moedas para a Europa?
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
...Se é a Europa que manda moedas para o nosso país ou é Portugal que envia Moedas para a Europa?
A presença da troika em Portugal transformou profundamente este país. Tudo o que durante anos foi considerado como certo e imutável, num ápice deixou de o ser. Seja emprego, reforma, direitos adquiriddos… tudo se desvaneceu!
E de tal forma as alterações são tão evidentes que até o nosso sistema de pesagem foi alterado.
Acabadinho de chegar da Beira Baixa, onde durante sete longuíssimos dias me transformei em olivicultor, tentei com algum êxito derrubar azeitona suficiente para obter azeite para um ano de gastos.
Foi por isso que corri quase todas as oliveiras donde, em muitas delas, retirava somente uma mão cheia de negros ou verdes bagos. Isto é: aproveitei tudo!
Desta forma o grama, arroba, tonelada ou quintal foram substituídos por medidas mais “humanas” e representativas da nossa crise.
Tomemos então como exemplo a dita azeitona. Antigamente quando os homens se encontravam, beberricando copos de água-pé ou de aguardente estimulante, e falavam das suas apanhas diárias, observavam com natural vaidade:
- Hoje foram quinhentos quilos em duas horas.
Quem quisesse acreditava, os outros riam-se.
Actualmente tudo mudou. E assim, passámos a ter:
A MÃO CHEIA
Pouco mais de uma dúzia de bagos negros para ajudar a encher a medida seguinte.
O BOLSO
Espaço mais largo com capacidade para duas ou mais mãos cheias, dependendo do tamanho.
O BONÉ
Um espaço relativamente mais amplo com um volume (muito) mais simpático.
O BALDE
Um recipiente com um espaço já apreciável onde cabem diversos BONÉS.
A MANTA
Local espaçoso com grande capacidade de recolher azeitona. O seu peso varia da sua superfície mas é uma alegria ter uma mante repleta de azeitona.
Estas serão assim as novas medidas impostas pela Troika. Apenas não se sabe até quando!
Provavelmente serei, neste momento, o único português a defender a manutenção deste governo. Deste ou doutro qualquer que consiga sair das reuniões bipartidas…
Sei que as pessoas (eu incluído!!) estão fartas de austeridade. Cansadas de todos os dias sabermos de novas medidas para aclamar ou acalmar a troika. Estamos todos exaustos de tricas entre governante, de zangas palacianas e amuos partidários.
Então com isto tudo ainda defendo a manutenção do governo? É claro!
Primeiro porque não tenho outra opção… Ou alguém neste país acredita que fosse o PS ou qualquer outro partido, na oposição, faria algo muito diferente do que fez este governo até agora? Sinceramente não acredito. Porque simplesmente no actual contexto não são os partidos nem os governos que realmente mandam neste rectângulo.
Por isso a crise política, ora aberta, vem prejudicar ainda mais, o nosso pobre país, Basta para isso dar uma espreitadela às Bolsas Nacionais e estrangeiras…
Já todos ficámos a saber aquilo que se dizia entre dentes: a coligação já era! Nem sei mesmo se alguma vez houve realmente coligação. Sempre me pareceu que, independentemente das palavras proferidas, tudo me parecia demasiado falso… demasiado “fabricado” para enganar os lusitanos.
Creio no entanto que há uma razão muito mais importante, que as razões pessoais ou de consciência que possam existir e que obriguem um governo a ficar. Chama-se Portugal! E os sofridos portugueses!
Quando há dois anos o actual governo tomou posse, e tendo em conta que alguns dos elementos do elenco surgiam como caras novas, calculei que teríamos uma equipa diferente, disposta a trabalhar e a lutar por um país melhor.
Portugal necessitava de alguém que não tivesse medo de enfrentar credores e quejandos, sistemas instituídos e vícios instalados, tomando sempre como exemplo final o bem comum do nosso país e dos portugueses. Mas, fosse da conjuntura internacional (a desculpa perfeita, ainda hoje!), ou da total ausência de estratégia, fosse da inexperiência política e de governação de alguns ministros ou da dificuldade em implementar e explicar novas regras, a verdade é que estamos muito, mas muito pior que há dois anos. E não se vislumbra no horizonte, seja ele mais recente ou mais longínquo, uma profunda alteração desta forma de gerir os destinos deste país.
Há vincadamente nesta equipa ministerial a tendência para uma navegação “à vista”, isto é, mais preocupada com a opinião da troika e de Angela Merkl e com as suas naturais (más) reacções, do que tentar reerguer um país perfeitamente derrotado por uma política de austeridade, que já se percebeu não melhorará o futuro.
Este é um governo que se deixou manipular pelas exigências de um conjunto de tecnocratas, insensíveis e claramente pouco conhecedores da realidade portuguesa, e sem qualquer capacidade (e quiçá vontade) de renegociar o primeiro memorando assinado por José Sócrates.
Actualmente o país vai vivendo desgovernado… Sem esperança, sem dinheiro, sem economia, sem rumo… apenas com o desejo estúpido e brutal de que não lhe retirem ainda mais do pouco com que (ainda?) sobrevive.
A se a troika, tal qual os nossos professores, fizer greve à avaliação a Portugal, continuamos ainda assim no Euro?
Será que os actuais governantes serão abrangidos pela nova lei da mobilidade, na Função Pública?
Porque se forem, não sei se nas Berlengas há espaço para todos.
Parece que a Grécia pode facilmente resolver o problema da sua crise…
Basta para isso vender as suas inúmeras ilhas que se espalham pelos diversos mares do Mediterrâneo.
De certeza que os magnatas russos e chineses estariam interessados!
Tão cansados que já nem ligamos áquilo que se passa no governo. Só desejamos que eles não se lembrem de mais um imposto, de mais uma taxa ou uma outra forma qualquer de nos subtrair mais dinheiro.
Já ninguém percebe se é o PPC quem manda, se o PP ou simplesmente a Troika. Duma coisa temos a certeza o PR não tem voto nesta (e noutras!) matérias.
Faz muito tempo que o actual governo perdeu a sua credibilidade. Porque cada elemento diz sua coisa, não havendo uma sintonia de acção nem de discurso. E o que hoje é verdade amanhã é mentira, deixando o povo português à beira, não de um ataque de nervos, mas de autênticas imolações pelo fogo.
Vivem-se tempos incertos. Pelas ruas da cidade vão-se espalhando cada vez mais homens e mulheres ociosos. O desemprego atinge máximos jamais imaginados na nossa sociedade. A fome, a miséria, o desespero entram pelas casas dos portugueses de mãos dadas com a desolação e a tristeza.
E o governo, que já nem a si se governa, como consegue governar um país? Nem é necessário resposta, pois ela encontra-se na própria questão.
Andamos todos cansados.
311 seguidores
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.