Tina morreu hoje na sua casa na Suiça. Para enorme tristeza minha já que nunca a vi actuar!
A minha primeira recordação de Tina Turner remonta aos anos 70 quando a vi como Acid Queen na ópera rock Tommy. Uma memória que jamais esqueci e que alertou os meus sentidos para a sua música.
Durante anos comprei cd´s atrás de cd´s da malograda cantora. A "Miss Legs" deixou uma marca na música e no espectáculo. Ninguém ficava indiferente à cantora. A sua poderosa voz encheu muitos corações. Foi uma verdadeira rainha do Rock'n'Roll.
Custa-me escrever sobre ela porque ela era "Simply the Best"!
Já por diversas vezes escrevi sobre as doenças mentais: aqui, aqui ou aqui.
Já em tempo de pandemia escrevi este postal referente a um jovem que era filho de um primo meu. Pois ontem soube que outra prima mais afastada de pouco mais de 20 anos, cujo nome nunca soube, suicidou-se.
Não vale a pena desenvolver mais este tema pois todos sabemos o que é a depressão e quais as nefastas consequências dela. O que provoca na vítima e naqueles com quem esta lida! É quase sempre uma batalha perdida. Mas nunca devemos desistir, nunca!
Porque no fundo, como escrevi num dos postais acima referidos, as pessoas que se suicidam há muito que estão mortas... Por dentro! E viver-se com um cadáver interior não deve ser nada fácil!
O problema é que ninguém percebe, valoriza... cuida! Especialmente se vive numa aldeia: "aquilo há-de passar - dizem."
Amanhã será dia da mãe. E entre muitas mães que já perderam filhos haverá uma que perdeu a sua filha numa guerra injusta para uma doença que não escolhe ninguém em particular.
Pois é... todos, mas todos mesmo poderemos ser abraçados por essa maldita!
Na última peregrinação que fiz a Fátima em Outubro do ano passado decidi que seria a última! Talvez por isso tenha aproveitado todos os momentos, palavras e leituras. Silêncios e alegrias...
Pois bem amanhã bem cedo um conjunto de peregrinos voltará à estrada, desta vez sem a minha presença. Não imagino quantos serão a caminhar, mas acredito que muitos... Como quase sempre!
Quando me perguntavam porque ía a uma peregrinação respondia invariavelmente: não sei porque vou, mas Deus saberá! Para no fim muitos dos caminhantes virem ter comigo dizendo que fui um estímulo e uma força na caminhada!
Não serei mais peregrino de estrada porque na vida é necessário perceber quando chegou o tempo de parar!
Obviamente que mora em mim uma enorme tristeza. Mas há que aceitar o que Deus nos dá!
Rezarei pelos caminhantes que eles certamente rezarão por mim! Que façam bom caminho. Arrisco mesmo a dizer que o farão certamente sem a minha presença!
Estou mais uma vez na Beira Baixa onde a família veio tratar de assuntos mais ou menos florestais e outros.
Vim ontem e partirei amanhã!
Porém esta noite fui ao café para falar com um homem a quem pedira para fazer um trabalho. Como cada um tem direito ao descanso e acima de tudo à sua privacidade não é costume incomodar ninguém em casa e assim procuro no café as pessoas com quem necessito falar.
Entrei no café eram quase oito horas da noite. Lá dentro apenas a dona e mais um cliente, que não conhecia. Pedi um sumo para logo ser interpelado pelo cliente, dando logo conta que estava "salutarmente" ébrio.
Dito de forma popular "trazia uma bebedeira naqueles queixos" que até lhe custava a falar. As palavras saiam quase sem forma e pareciam todas as mesmas. Não consigo por palavras dar conta do seu estado etílico, mas tentarei reproduzir o diálogo que consegui.
Ele:
- Boa "doite"!
- Boa noite!
- Não "de" conhece?
- Não.
- Sou o "daranjinha"!
- Prazer.
- Não "der" beber nada?
- Não obrigado...
A conversa continuou num interrogatório extenso, para finalmente:
- Sabes quantas "durvas" há "dadi" até à póvoa?
- Não imagino.
- Duas... uma "pada" a "esderda" e outra para a "direida".
Deu-me uma imensa vontade de rir, mas contive-me não fosse ele ficar a pensar que estava gozar. Entretanto entrou outro cliente que passou a ser a nova vítima.
Triste e melancólico com tão desgraçada degradação humana, acabei para vir para a rua. Azar... Veio atrás de mim. Por isso considerei oportuno dizer-lhe para se ir deitar. Respondeu-me:
- Vou "pada" a caminha! Sabe onde é?
- Sei!
- É lá longe... - e fez um sinal com a mão indicando enorme distância.
Chega outro compincha que o conhece bem e toca de ralhar com ele, vendo-o naquele estado. O bêbado aceita. Mas volta para dentro do café. Entro no estabelecimento na tentativa de o não deixar beber. Tarde demais pois já está de cerveja na mão.
Ao fim de um bocado porque já ninguém o escutava sai e entra no carro. A distância até casa rondará uma dezena de quilómetros e este homem ao sair passa a ser um perigo na estrada. Vimos todos à rua perceber se consegue conduzir.
Consegue pôr o carro a trabalhar e arranca devagar. Parece que aparentemente o carro vai direito. Voltamos ao café para minutos depois o bêbado voltar a entrar. Dera apenas a volta ao quarteirão.
É a minha deixa para sair dali. Detesto ver esta degradação humana.
Um quotidiano triste de muitos por essas terras fora!
Após a morte neste ano de 2022 de Isabel II, que terá sido a rainha de todo o Mundo, eis que parte agora Pelé o Rei de todo o Mundo do futebol. Quer gostassem ou não... Edson do Nascimento era o Rei
Este jogador e campeão Brasileiro mostrou ao Universo que para se ser Rei não é necessário colorir o sangue de anil.
Basta ser humilde. Como ele sempre foi!
Morreu hoje a referência exemplar e maior do futebol. Como cantou o seu conterrâneo Chico Buarque "Mirem-se no exemplo..."
As campanhas da apanha da azeitona são sempre diferentes ano após ano. Se o ano passado este fruto foi um exemplo de produção, este ano os resultados são incrivelmente opostos.
Lembro que por nesta pequena aldeia em 2021 foram colhidas mais 4 toneladas de azeitona. Este ano e após 1 dia (repito 1 dia) de trabalho de quatro pessoas entreguei no lagar toda a apanha e que se resumiu a... (até tenho vergonha!)... 219 quilos.
Leram bem 219 quilos. Conforme se pode comprovar com a guia de entrega infra.
O tempo não correu de feição, cheguei tarde para a apanha já que havia muita no chão, mas sinceramente nunca havia assistido a tamanho descalabro.
Parece que foi ontem que o Covid passou para terceiro plano porque a invasão da Ucrânia ganhou a titularidade dos boletins noticiosos.
Trinta dias de guerra que nasceu na cabeça de um ser vivente, mas que não é um ser humano. Cidades destruídas, famílias afastadas, lares abandonados, civis mortos sem dó nem piedade, onde as crianças acabam por ser as maiores vítimas, milhões de pessoas a fugirem para outros países.
Um mês já decorrido! Um mês de lágrimas, de penúria, de ataques sobre ataques sem fim à vista.
Quanto tempo mais será necessário para que este flagelo termine? Quantas pessoas terão de pagar com a vida as imbecilidades de governantes sem escrúpulos nem alma?
O mundo não precisa desta guerra. Nem desta nem de nenhuma outra.
Já falei por diversas vezes neste espaço sofre a desconfiguração da Baixa pombalina da capital.
Quem, como eu, ali trabalhou tantos anos sente que aquele centro citadino deixou de ter o charme, a beleza e acima de tudo a vida humana que caracterizou a Baixa durante uma enormidade de anos.
É verdade que o turismo voltou à cidade de Ulisses, após muitos meses de inactividade, mas ao mesmo tempo deixei de ver as lojas que foram referência na minha vida.
Lembro aqui algumas:
Old England, Casa Africana, Central da Baixa, Casa das Limonadas, Palmeiras, Camisaria Moderna, Loja dos Pneus, Restaurante Vitória, A Regional e tantas outras casas ora substituídas por restaurantes de comida luso-italiana ou "fast-food".
Muitos hotéis, muitas lojas de bujigangas na maioria sem graça nem qualidade, muitos bares, enfim muito nada!
Curioso é que numa altura de autárquicas só vi o PCP em acção de campanha. No largo do Intendente!
Quando chega a este dia do Pai vou normalmente buscar os meus filhos e o meu pai a quem, de alguma forma, lhes dedico os textos que aqui vou esgalhando.
Todavia este ano as minhas palavras serão um tanto diferentes porque, sinceramente, como pode um homem comemorar este dia sem ter o pai presente e outrossim sem filho? Ambos desaparecidos recentemente. E o mais novo de uma forma trágica. Não foi o meu caso felizmente, mas conheço quem neste momento vive esta tristeza…
Se para o pai há alguma naturalidade colocada pela própria vida, mesmo que nunca estejamos preparados para tal, já no desaparecimento do filho surge-me como algo mais injusto (nem sei se a vida terá algum verdadeiro sentido de justiça!!!).
Todo o dia hesitei em escrever este postal. Porque me toca, porque nos toca.
Que escrever ou dizer a um pai que perde o filho? Não foi certamente o primeiro pai, nem será o último, infelizmente. Mas o drama não está na morte em si, mas na tragédia associada, pois ninguém percebe o que leva um jovem de 22 anos a enforcar-se.
Definitivamente até me custa esgalhar este texto. Todavia é necessário alertar, é preciso acordar, é urgente dar voz... à dor interior! Que tantas vezes não ligamos!
Nunca vivi este drama e talvez por isso, repito, que não saiba o que escrever ou o que dizer a um pai cujo filho único se suicidou. Creio que nenhum dicionário chegaria... Porém as palavras não o trariam à vida... Quiçá antes!
Agora a família tentará buscar razões, causas, episódios... que originaram esta profunda tragédia.
Mas faltará sempre a voz única de quem nunca falou ou que nunca foi escutada. Faltarão as lágrimas de quem sofreu sozinho o drama que foi a sua vida, mesmo que para muitos de nós possa nem parecer.
Por isso somos todos tão diferentes.
Hoje o meu coração chora por um jovem que preferiu a tentação de morrer à coragem de viver! E quantos sentirão diariamente este suplício?