Há um ditado bem português que diz: entre marido e mulher não metas a colher! Mas em Lisboa há uma versão que sofreu uma adenda e que reza assim: entre marido e mulher e dois táxistas não metas o bedelho!
Ontem fui levar os meus pais a meio da tarde ao terminal dos Expressos em Sete Rios, onde apanharam o transporte de regresso a casa.
Dei conta que o terminal estava quase à cunha de passageiros! A movimentação de autocarros era enorme àquela hora da tarde, muito perto das 17 horas. Fiquei por ali a acompanhar os meus pais até que o autocarro apareceu e os meti lá dentro.
Vim embora, pagando antes o estacionamento na máquina que por acaso não estava a funcionar convenientemente! Quando cheguei ao parque de estacionamento dei conta que este estava repleto e havia fila para sair.
Duas filas estavam formadas! Uma à minha esquerda e que saía directamente para a rua e outra à minha direita que entroncava mai à frente na da esquerda. Decidi sair para a esquerda e fiquei parado atrás de um táxi. A deslocação fazia-se â maneira de roda dentada. De repente dei conta que uma viatura da direita, também um táxi, tocara no que estava à minha frente, mas nada de preocupante.
Saem os dois táxistas a refilar um com o outro. Não ouvi o que diziam porque tinha os vidros fechados para poder escutar melhor o cd de Chris Rea, todavia percebi que o diálogo não parecia ser simpático. De súbito alguém atrás de mim carrega na buzina.
Acto contínuo os dois táxistas olham para mim pensando que fora eu. Só que o condutor que me seguia e que apitara teve o condão de barafustar também com as mãos, dando aos táxistas azo para dele se aproximarem e trocarem alguns antipáticos galhardetes.
Depois acalmaram e cada um seguiu o seu caminho!
Fiquei a pensar na coisa: dois táxistas em demanda unem-se contra quem se meteu no meio da briga!
Saí de casa hoje pelas 19 horas para ir a uma consulta a Lisboa. A distância entre a minha casa e o hospital ultrapassa pouco a mera dúzia de quilómetros. Mas o problema não são os quilómetros que medeiam entre os dois sítios, mas tão somente as estradas problemáticas que costumo apanhar.
Porém a consulta estava marcada para mui perto do início do jogo de hoje de Portugal contra a França. Resultado: fiz o caminho todo sem apanhar muito trânsito, de forma calma, serena e descansada. Uma maravilha!
No entanto o regressso foi diferente, já que apanhei uns apressados ou sei lá atrasados, para verem o que faltaria do jogo.
Mas uma coisa é certa... durante o tempo do jogo da selecção há muito menos movimento.
Há meio século corria na televisão lusa, ainda a preto e branco, um anúncio de prevenção rodoviária que dizia assim: atrás de uma bola vem sempre uma criança!
Na realidade naqueles tempos as crianças brincavam quase todas na rua (parece estranho, mas é verdade!) e quando a bola fugia corria-se sempre atrás dela sem a preocupação do trânsito (o que era?). Daí o anúncio.
Os tempos mudaram muito. Oh se mudaram!!! As crianças preferem uma qualquer consola com o ar viciado e tétrico de quatro paredes, ao ar livre. Optam por brincadeiras sem nexo, sozinhos ou com gente a quem nunca viram o olhar. Deste modo o velho anúncio já não fará qualquer sentido... Ou será que ainda fará?
Bom tudo isto para validar que provavelmente o anúncio com algumas alterações faria ainda jus. Uma delas seria que em vez de "uma bola" seria "em frente ao Multibanco".
Pois é... a frequência com que vejo gente a abandonar a caixa de Multibanco e olimpicamente atravessar a estrada sem qualquer cuidado com o movimento de viaturas é deveras assoladora.
É que colocam as suas vidas em perigo e podem originar muitos estragos nas vidas dos condutores.
Assim seria o anúncio: "à frente de um Multibanco sai sempre um estupor para a estrada!