Não quero relembrar aquele fim de tarde de Domingo há 20 anos. Porque me deixa profundamente triste e aborrecido.
Todos sabemos que temos de partir um dia, mas daquela forma... jamais.
A tragédia de Entre-os-Rios que fez 59 vitimas ainda está muito presente. Não só nos habitantes locais, como em todos os portugueses que assistiram dia a dia à evolução das buscas num rio com um forte caudal.
Decorrido todo este tempo ninguém foi acusado nem condenado por aquela tragédia, dando a ideia tipicamente lusa que nestas situações e em Portugal a culpa morre sempre solteira. Tristemente solteira.
Vinte anos depois continuo ainda em dúvida sobre o estado de conservação de muitas pontes em Portugal. Relembro que na altura destes tristes acontecimentos a autoridade responsável mandou fiscalizar algumas estruturas tendo fechado muito poucas. Porém o tempo passou e nunca mais li que determinada ponte ou viaduto tivesse sido encerrado por falta de condições. Portanto, das duas uma: ou foram fiscalizadas e estavam todas em condições, o que eu duvido ou não foi nenhuma, que me parece, infelizmente, a mais plausível!
Finalmente só espero e desejo que um caso semelhante ao de Entre-os-Rios jamais se repita
A Golimix já fez, e bem, a pergunta neste seu texto... Porquê?
Todavia eu vou um pouco mais longe... Com tanta tecnologia e tantos meios de informação não há a possibilidade de remotamente monitorizar um avião?
Eu próprio respondo: tecnicamente é possível, o problema esbate-se noutra situação e que se prende com a confiança e segurança de quem está em terra. Imagine-se que era implementado essa possibilidade... estão a ver quantos terroristas informáticos tentariam aceder remotamente aos aviões para os poderem controlar a seu bel-prazer?
Entendo que o acidente desta semana escancarou uma série de novos problemas com diferentes soluções. Muitas delas dependem obviamente das empresas transportadoras mas não só. As companhias de seguros e os diversos governos devem ter também uma palavra a dizer.
Não se pode deixar que um qualquer piloto possa repetir a tragédia desta semana. A vida dos passageiros e tripulantes deve estar sempre em primeiro lugar nas prioridades das companhias de aviação. Não os lucros!
Espero nunca ter que passar pelo horrível e impensável drama dos pais dos seis jovens, que em Dezembro passado foram levados pelo mar na praia do Meco.
Na altura escrevi uma pequena reflexão sobre esta tragédia e respondendo a um comentário afirmei que aqueles acontecimentos mereciam “profunda reflexão de toda a sociedade”.
Hoje, já a alguma inexorável distância e olhando para as notícias que vão chegando direi que, como pai que sou, é tempo de fechar de uma vez por todas este assunto. Nenhum dos jovens afogados nas águas frias do Atlântico regressará aos convívio dos seus e o estudante que conseguiu escapar vai, para sempre, ter de viver dentro de si com este drama de vida.
A justiça terá claramente de fazer o seu papel, mas tentar encontrar bodes expiatórios para os trágicos acontecimentos não vai devolver nenhuma vida nem, infelizmemte, evitar futuras tragédias.
Não quero com isto dizer que se deva branquear os acontecimentos daquela noite. Longe disso. Só que empolá-los da forma que se está a pretender fazer, não ajuda à descoberta da verdade… se a houver!
Ao que parece o jovem sobrevivente já terá tentado o suicídio. Mas obviamente que esta informação requer maior rigor e certeza. Todavia não me espanta nada que o pretendesse fazer. Viver com estes acontecimentos não deixa ninguém indiferente e incólume. Especialmente para quem os viveu “in loco”.