Hoje é o dia de Todos os Santos. Um dia normalmente dedicado a homenagear aqueles que já partiram deste Mundo.
Por cá não se foge à regra... E se nos últimos dois ou três anos não nos foi possível fazer a dita homenagem, este ano já irá ser possível até porque a campanha da azeitona já fechou as portas.
Mas este dia está marcado no meu coração por uma tradição antiga na aldeia onde passei muitos bons tempos. Chama-se nesse tempo o "Pão por Deus" e as crianças por esta altura batiam às portas a pedir o tal pão!
Na maioria recebiam broas próprias desta época e que ainda hoje há quem as faça,
num forno de lenha onde o lume tem mais... sabor! Todavia alguém que fosse mais abastado poderia também depositar no parco saco que as crianças levavam umas moedas e curioso, curioso é que nunca falhavam os tremoços cozidos... Vá lá saber-se porquê!
Entretanto na aldeia beirã onde ora me encontro houve em tempos uma tradição que tem vindo a perder força. Essencialmente resumia-se na ideia dos mancebos do ano (normalmente os jovens que faziam 18 anos), durante a madrugada, roubarem os vasos de flores das casas e colocarem-nos... no adro da igreja.
Por esta altura muitos dos aldeões adoravam passar pela igreja, não para se confessarem ou assistir a alguma missa, mas unicamente assistirem ao invulgar espectáculo de um adro repleto de flores.
O tempo avança e algumas tradições vão-se perdendodo essencialmente porque há falta de crianças e juventude. Tristes sinais dos tempos.
Uma nota final para quem vem aqui ler: se tiverem conhecimento de tradições deste dia na vossa zona acrescentem em comentário...
A história de um país também se faz destes eventos!
Então não é que me esqueci do Concerto de Ano Novo que a RTP1 apresenta todos os anos neste primeiro dia do ano? Não fosse a minha mulher a lembrar-se do espectáculo e ter-me-ia passado completamente.
Também é verdade que tive bilhetes para ver o concerto de Ano Novo no CCB. Mas tendo em conta a recente variante do Covid ao que teria de associar a dificuldade de andar da minha mulher, preferi ficar em casa a ver o Concerto na Musikverein na encantadora Viena e transmitido pela RTP via Eurovisão.
Este é um daqueles espectáculos imperdiveis e que todos deveriam assistir! A música é um fenómeno intemporal e por isso merecedora de ser escutada por toda a gente.
Foi como sempre um óptimo concerto com temas sempre diferentes e um fim invariável, todavia sempre apetecível.
Soube que em quatro casas diferentes se apreciou este concerto.
Uma tradição familiar é para ser sempre seguida... seja onde for que se esteja!
Um dia antes do que é costume inicou-se cá em casa a época de Natal.
E não, não tem a ver com prendas, mas tão somente com a decoração alusiva.
Dois pinheiros de Natal, artificiais obviamente, muitas luzes a iluminarem a casa por fora e diversas alterações visando o presépio.
Porque as tradições são para se cumprir, houve que aproveitar a tarde de algum sol para os trabalhos exteriores já que a manhã fora terrivelmente chuvosa.
Este ano há mais uma criança na família a requerer a atenção de todos... portanto houve que ajustar tudo em função da vinda deles no próximo dia 25.
Este é assim o primeiro sinal do espírito de Natal.
O meu filho mais velho tem um conjunto volumoso de camisolas do Sporting. A cada partida usa uma diferente. No jogo contra o Marítimo não foi excepção! Nas costas o seu nome, assim como um número que é o dia do seu aniversário.
Já a caminho do estádio diz ele a determinada altura:
- Esta camisola está amaldiçoada…
- Porquê?
- Sempre que vim com ela o Sporting nunca ganho!
Ora… tendo em conta que tínhamos acabado de ver a equipa de andebol ser derrotada por uns dinamarqueses de um clube de nome impronunciável, temi que a nefasta tradição se mantivesse.
Pois… mas ou tradição já não é o que era ou a equipa do Sporting não liga a tradições, a verdade é que o jovem saiu de Alvalade com a primeira vitória naquela camisola.
Todos os anos nas minhas férias de praia há um dia assim: triste e plúmbeo.
Ainda não tinha acontecido este ano| Foi hoje.
Levantei-me relativamente cedo, mas quando abri a janela notei naquele aglomerado de cinzentos a prever bátega.
Todavia fui mesmo à praia e na caminhada que fiz acabei por tirar esta foto onde o Cabo Espichel sempre tão vísivel quase se confundia com o algodão do céu.
Já de regresso à origem foi a vez de olhar a serra de Sintra e toda a costa do Estoril. Também ela estava atapetada de um cinzento pouco convidativo.
Apenas o mar se mantinha brando e convidativo a um mergulho.
A chuva acabou por chegar levando a maioria dos banhistas de regresso aos lares. Mantive-me até mais tarde... Todavia o frio que soprava do lado do mar empurrou-me também para casa.
O título deste texto recorda-nos o início da canção "Tanto mar" de Chico Buarque de 1974.
Mas não é sobre música que quero escrever mas sim dos fantásticos festejos em Honra de Nossa Senhora dos Remédios que decorreram no passado fim de semana, na pequena aldeia de Covão do Feto.
E que festa, meus amigos, que festa!
Se alguém teve dúvidas quanto ao êxito da organização destes festejos, basta perguntarem a quem esteve nos dias 11, 12 e 13 no arraial para perceberem que a "Festa" foi um estrondoso sucesso.
Muita gente da aldeia trabalhou para que este evento fosse um dado adquirido. Porque, como disse Fernando Pessoa: "Deus quer, o homem sonha e a obra nasce".
E na verdade nasceu, ou melhor, renasceu a "Festa" no Covão do Feto.
Um arraial que comportou centenas de pessoas da terra e não só. A música a condizer, ajudando a que o recinto de baile fosse ínfimo. No finais das noites foi visível o cansaço de alguns elementos da organização, mas também percebia-se a alegria de ver tanta, tanta gente.
Noutro contexto todos sabemos que a tradição... é tradição. E para ficar!
Ora por isso mesmo ninguém se admirou por ontem, pouco tempo antes da missa que antecedeu a procissão, ter chovido copiosamente, porque é sabido que quando a Nossa Senhora dos Remédios sai à rua há água pela certa. E tradição que se preze é para cumprir…
Daqui deste humilde espaço, envio a todos quantos colaboraram, directa ou indirectamente, na concepção destes festejos, os meus sinceros parabéns e outrossim um agradecimento por me (nos) terem deixado reviver momentos fantásticos.
Porque a “festa” ainda não acabou… Por isso regresso ao início deste texto e reafirmo: "Sei que estás em “festa, pá!"