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Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Quatro anos bem vividos!

Um destes dias o Jorge chamou-nos à atenção para um postal que falava sobre a reforma. Segui a ligação, li o postal, fiz o meu comentário e avancei com os meus afazeres. Só que de repente dei por mim a constatar que já estava reformado há quatro anos. Já?

Estávamos no dealbar do covid, as empresas enviaram o pessoal para casa e o mundo parecia não estar a lidar bem com a coisa vírica.

Também eu entrei em tele-trabalho no dia 13 de Março de 2020 para mais tarde perceber que o melhor mesmo seria reformar-me. Deste modo a 1 de Agosto de 2020 passei a engrossar as fileiras dos... reformados.

Quatro anos? - perguntei-me - Parece que foi ontem!

A verdade é que durante este tempo que medeia aquele dealbar de Agosto para este que agora vivemos, muita coisa passou e eu quase nem dei por ela.

Se antigamente tinha um emprego agora tenho um trabalho. Qu'isto de ser avô a tempo inteiro também não é fácil.

Tudo isto para dizer o quê? Que a reforma deve ser pensada logo que principiamos a trabalhar. Ah pois é!

Posso assumir que tive sorte... Porque antes de trabalhar já escrevia, o que equivale dizer que não necessitava de pensar no que faria quando me reformasse. Já em tempo de aposentadoria nasceu uma neta e passei a somar mais actividades às que tinha (leia-se escrita!!!). Já para não falar de uma coisa chamada blogosfera.

Porém deste tempo de reformado retiro duas ideias fundamentais para quem passa à reforma e que não tem nada com que se entreter: a primeira chama-se disciplina. O ser humano necessita dela! Muuuuuuuuuuuuuita. Mesmo que seja apenas para fazes coisas banais. Porque se se entrega ao ócio ou à preguiça sem horas nem regime, creiam-me, envelhece mais depressa. A segunda ideia incide na necessidade de sair de casa. Faça sol ou faça chuva, frio ou calor, neve ou vento. Sair de casa parece-me fundamental.

Obviamente se tiver a sorte de ter com que se entreter, como eu tenho, estas duas regras poderão não ser totalmente aplicadas até porque haverá outras muito mais prementes.

Para finalizar diria que o melhor reformado é aquele vive bem consigo e com a vida!

A gente lê-se por aí!

Tempos modernos!

Hoje em conversa com um ex-colega de trabalho e hoje bom amigo, dei conta que um outro nosso companheiro estará neste mundo por pouco tempo. Um cancro na próstata a que se seguiu um dos pulmões (era um fumador inveterado) e finalmente problemas nos rins que a quimio não veio ajudar. O destino dele estará traçado para breve, suponho eu!

Tirando esta triste realidade ficámos ambos a conversar sobre outros colegas e das suas estranhas características. Algumas com graça outras nem tanto mas ainda assim... recordámos.

Depois de termos desligado as chamadas fiquei a pensar naqueles 37 anos 9 meses e 25 dias. Tanta coisa que passei, tanto que eu aprendi, tanto que terei eventualmente ensinado. Mas diria que foram bons tempos. Não obstante algumas diferenças, especialmente políticas, ainda assim alinhávamos pelo mesmo diapasão e a palavra solidariedade não era apenas... uma mera palavra. Era uma filosofia de vida.

Pelo que sei hoje tudo mudou. Estes miúdos acabadinhos de sair das faculdades com médias fantásticas e convencidos que são os melhores do Mundo e arredores ainda não perceberam que também são seres humanos e por isso candidatos a tudo de mau que acontece aos outros.

Ainda lidei com alguns que nem se dignavam cumprimentar quem quer que fosse. Todavia ainda coloquei o dedo no nariz de diversos. Ficavam muito ofendidos e fugiam de mim a sete pés. Problema deles.

Faço agora a ponte para as crianças que ora vou lidando (vulgo netos). A todos quero passar os mesmos ensinamentos que me entregaram e outros aprendidos nos caminhos da vida e que considero deveras importantes. Acima de tudo gostaria que os meus descendentes entendessem que as outros também podem ser importantes nas suas vidas. E não me refiro apenas à família. Diria mesmo que a família muitas vezes é parte do problema. Sempre fui pessoa afável. Falta-me beleza física, mas quando gosto de alguém dou-me por inteiro. Talvez por isso tenha tantas amizades (e nem falo das do feicebuque, que essas não contam para isto).

Entretanto as nossas crianças já nasceram num Mundo altamente competitivo e não gostam nem sabem perder. Vencer a todo o custo parece ser o lema.

Remato com o desejo de acordarmos as nossas crianças para uma outra realidade. Aquela onde se estende a mão a quem precisa!

Dias de trabalho

1foto 1 texto

Resposta a este desafio!

Fiz da mesa da minha cozinha uma verdadeira sala de trabalho. Escolher livros, dedicá-los e autografá-los, colocar o marcador, embrulhar em papel pardo depois de devidamente cortado à medida, cortar dois metros de guita, atar em redor do livro, procurar a morada, escrevê-la e finalmente dar baixa no meu ficheiro de control. No dia seguinte CTT.

Esta é a fotografia dos meus últimos dias ou será mais apropriado dizer... últimas noites. E para a semana haverá mais!

trabalho.jpg 

Todo partido!

Hoje estou a escrever na aldeia, acompanhando pelo meu pai e mãe. O meu já muito idoso antecessor teve a sua consulta de nefrologia de rotina no Hospital de Torres Novas e tem conseguido escapar, por entre os pingos da chuva, ao duro tratamento da hemodiálise a que foi condenado há uns meses.

Já em casa na aldeia atirei-me a um jardim que há muitos anos não via mão humana. Muito mato, muita erva e as flores a pedirem intervenção urgente (no meio de tanto mato até nasceram uns pés de couves, agora já sem folhas, mas como muuuuuuuuuuuitos caracóis)

Depois fui podar uma árvore que cresceu muito mais que devia até quase tocar os fios da electricidade. Portanto uma tarde inteirinha a dar conta de um espaço que necessitava uma anormal intervenção.

O monte de inertes crescia. Por sorte passou um primo com uma carrinha de caixa aberta e pedi-lhe se me ajudava a libertar daquele monte. Aceitou a tarefa mas seria mais tarde.

Eram já seis horas da tarde quando apareceu. Carregámos a carrinha por duas vezes e fomos largar tudo numa fazenda minha para secar e depois queimar.

Uma tarde muito trabalhosa e como já não estou habituado a esta actividade sinto agora o corpo cada vez mais dorido e a pedir repouso!

Almoço a italiana!

Hoje foi dia de almoço com antigos colegas de trabalho! Desta vez fomos apenas dez contra a vintena que por vezes costuma ser.

Agora podemos falar de trabalho, colegas e antigos chefes! Rir dos outros e de nós. Recontar aquela estória tantas vezes repoetuda em cada repasto, mas que todos adoram escutar pela enésima vez!

Trazer à memória personagens com quem trabalhámos, a maioria pelas parvoíces com que nos brindaram. 

Portanto um almoço convívio bem divertido, entre risoto e diferentes massas italianas. um restaurante que não conhecia, mas com... pinta (a lasanha de lavagante ficou-me no goto, talvez para a próxima!).

Todavia houve uma altura em que me senti triste... especialmente quando alguém se lembrou de perguntar:

- Vocês lembram-se do Manel Cachopo? Morreu a semana passada!

Um balde de água fria! Depois outros:

- E o engenheiro Jacinto

- A sério? Ainda há meses que me encontrei com ele na Baixa.

Ai tantos e tantas que já foram embora. Gente boa e menos boa. Competente e incompetente, mas todos a fazerem parte daqueles nossos dias!

Lancei a ideia para a mesa antes de acabarmos!

- No próximo almoço ninguém fala de mortos! Só aqui vimos para comemorar a amizade e a vida!

Ficou prometido! A ver se serão capazes!

Um foco... desfocado!

Quando trabalhei fui muitas vezes acusado de ser pouco focado. Uma crítica que nunca me atormentou até porque a minha actividade profissional dava-me muito pouco espaço para estar focado num só trabalho.

Como técnico de informática que fui tinha quase permanentemente alguém a ligar-me por telefone para me  comunicar um problema com o seu computador que eu logo tentava resolver. Certo é que nem sempre as coisas corriam da melhor formal e podia demorar mais tempo que o previsto. Assim sendo o trabalho sobre o qual deveria estar completamente focado ficaria adiado.

A experiência de vida diz-me que as pessoas muito focadas tornam-se quase sempre assaz teimosas. Entendo que a perseverança (o nome pomposo para teimosia!!!) seja a mãe do sucesso de grande parte das pessoas bem focadas. Como tal não considero o foco um defeito, mas apenas uma característica de alguém altamente empenhado.

Regressando às criticas a que sempre fui sujeito por causa da minha postura profissional, aceito que a minha mente é muito irriquieta e anda sempre a saltitar de um lado para o outro sem se fixar numa coisa só! Também será uma característica mais que um defeito.

Portanto concluo que se foco corresponde a teimosia prefiro ser como sou… desfocado!

Do Brasil para Portugal!

Hoje fui até à Praça do Império em Lisboa, ali paredes meias entre os Jerónimos e o Centro Cultural de Belém! Levei pela mão a minha neta mais velha já que esta sabia de antemão da existência de pequenos lagos com patos.

Àquela hora da manhã a temperatura era já insuportável, mas a miúda não estava preocupada com o calor, só queria mesmo os marrecos!

Na verdade as aves por lá andavam todas contentes a chapinhar numa água verde... quase castanha. Também lá se encontrava um funcionário que supus ser da junta de freguesia, a tentar limpar a água dos lagos de penas e folhas e quiçá de alguns restos de peregrinos das JMJ... digo eu!

Tagarela como poucos meti conversa com o jardineiro e logo percebi aquele sotaque de um "português com açúcar" como escreveu Eça de Queirós, referindo-se à variação brasileira do luso idioma.

Ora já se sabe que as conversas são "como as cerejas" de tal forma que passado poucos minutos, enquanto a cachopita se entretinha a dar milho e pão aos patos, mantinha com o brasileiro de 42 anos um diálogo interessante.

Disse-me ele que estava em Portugal havia poucos meses, que no Brasil era gerente de um Departamento, mas que desde que chegara ao nosso país já conseguira juntar algum dinheiro. Mandou vir a mulher e os três filhos do outro lado do Atlântico e vivem agora felizes perto de Mafra.
A tagalerice continuou para no fim o Júnior me contar como é viver no Brasil.

Confidenciou-me que o mais grave problema do maior país da América do Sul é a segurança da população. Lá é impossível alguém sair de casa e ir até a uma paragem de autocarro sem arriscar a ser assaltada. O perigo de roubos e assaltos é permanente e nem importa qual a hora do dia.

Referi que já vira alguns depoimentos de brasileiros em videos, mas julguei que podia ser apenas má publicidade. Este irmão de língua assumiu que é tudo verdade. E pior... tem a sensação que aquilo nunca mais terá cura!

Não pensa voltar tão depressa ao Brasil e está encantado com o nosso país onde pensa ficar por muito tempo.

Acabei por me despedir deste quase amigo ciente de que, afinal de contas, Portugal não é tão mau como alguns pretendem passar a vil mensagem!

Revisitar uma amizade!

Hoje falei com um antigo colega de trabalho. Quando entrei no Banco de Portugal, não obstante ser mais velho logo se mostrou bom colega. Trabalhámos juntos ainda alguns anos... na Tesouraria!

No entanto opções profissionais acabaram, anos mais tarde, por nos separar já que ele preferiu outros vôos mesmo que dentro da mesma entidade empregadora.

Todavia a vida tem destas nuances estranhas ou será que será como as marés do mar que são atraídas pela força lunar? Aconteceu que depois fui eu que zarpei para outros mares acabando por nos encontrarmos. Ajudou-me bastante em algumas escolhas que fiz e por isso e por muuuuuito mais, estou eternamente grato!

Hoje somos ambos reformados! Falamos de vez em quando por telefone e nesses minutos recordamos momentos bone outros caricatos e antigos colegas.

Ficou deste nosso relacionamento uma boa e franca amizade, daquelas que o tempo não destrói.

Obrigado C.

Três anos depois!

Neste mesmo dia há precisamente três anos despedia-me virtualmente dos colegas do trabalho, pois ia entrar de férias para logo a seguir passar à reforma.

Segue infra a mensagem que enviei na altura aos meus colegas. Não enderecei a todos porque, sinceramente, ao fim de mais de trinta e cinco anos já conseguia separar o trigo do joio. E alguns nem a água que gastavam mereceiam. Mas isso foram outras estórias que hoje aqui não interessa.

Esta foi a mensagem que escrevi e que depois de a reler, mesmo depois de passados estes anos, não retiraraia uma vírgula.

"Boa tarde,

ONTEM fui um jovem que aos 23 anos abraçou o desafio de entrar nesta casa. Quase inocente e ingénuo estava, ainda assim, muito longe de imaginar como é que aquele passo, no já longínquo dia 6 de Outubro de 1982, quando entrei pela primeira vez no 148 da Rua do Comércio, viria a influenciar a sua vida.

HOJE sou um homem maduro. Daquele menino de ontem resta muito pouco ou quase nada. Entrei solteiro, mas por aqui casei, fui pai e avô. Quem diria? Nem eu, nos meus sonhos mais optimistas, calculei aqui chegar. Mas saio desta casa de cabeça erguida, consciente que trabalhei não para uma instituição, mas essencialmente tentei defender uma causa. Retiro-me por isso feliz. Muito feliz.

AMANHàacordarei igual ao que sempre fui até aqui: um amante da vida. Não imagino se viverei um dia, uma semana ou uma década. Mas também não é algo que me preocupe grandemente. Viverei apenas o segundo seguinte sem medos ou dúvidas. Nem poderia ser de outra forma.

FINALMENTE vou-me despedir. Sem lágrimas nem sorrisos. Sem amplexos nem osculações. Esta pandemia retirou-nos, outrossim, estes pequenos e singelos prazeres. Mas é a vida!!!

QUERO no entanto deixar aqui um agradecimento profundo e autêntico pelo contributo que deste pela forma com que saio desta casa. Não o posso nem devo esquecer!

AO fim de 37 anos, 9 meses e 25 dias, a porta onde entrei tem o mesmo sentido de hoje. O do dever cumprido.

DESEJO que o teu futuro seja tão radioso quanto tu esperas e desejas. E que no fim da tua caminhada possas também viver a alegria que hoje vivo.

OBRIGADO."

Decorrido 36 meses continuo a pensar que fiz bem em sair. Tenho os meus dias preenchidos, a vida repleta de eventos (bons e maus!), alguns sonhos realizados, mas muitos ainda por realizar.

A vida acaba sempre por nos mostrar quais os resultados das nossas decisões. Independentemente do que possa acontecer num futuro mais perto ou mais longe, ainda não arrependi de ter saído.

Talvez amanhã penso o inverso, porém ainda não cheguei lá!

A gente lê-se por aí!

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