Como todos nós sabemos esta língua de Camões que normalmente usamos está carregada de armadilhas. Para dar a volta à coisa a nossa morfologia linguística vale-se de algumas pequenas fórmulas para que as palavras e frases tenham o sentido que desejamos.
Por isso há acentos graves e agudos, as cedilhas nos cês, o til (que não é de todo um acento) para nasalar os ditongos, as vírgulas, as reticências...
Contudo quem não convive bem com esta forma de escrita tão peculiar são os sistemas informáticos, baseados na sua génese de construção num sistema binário de 0 e 1, não aceitando obviamente quaisquer derivações, mesmo que sejam linguísticas. O que equivale dizer que, por exemplo, o nível de mensagens nos telemóveis roça, por vezes, o absurdo.
Trago assim este postal a lume devido a uma mensagem publicitária que recebi no meu telemóvel e que rezava assim:
"Nao perca os melhores conteudos exclusivos com o canal Caca e Pesca. Adira ja na Area de Canais e Servicos... " ao que seguiam números e ligações.
Note-se que neste conjunto de uma vintena de palavras deveriam existir três acentos agudos, um til e duas cedilhas, sendo que uma delas poderá levar a bizarra interpretação.
Calculo que os programas televisivos que entram casa adentro da maioria dos portugueses (já declarei por diversas vezes que não vejo televisão) sejam de má qualidade e aos quais se podem apelidar de verdadeira... caca! No entanto sei que muita gente vê e adora estes canais específicos de "Caca"!
Enfim não me acusem de nada pois foi a própria prestadora desses serviços televisivos que enviou a mensagem. Nem imagino para quantos clientes! Alguns destes, provavelmente, nem repararam na Caca... apenas na Pesca!
Ao invés de muitos que conheço o meu passado não é isento de erros. Quiçá maior terá sido não tirar um curso superior. Mas enfim não o fiz naquele tempo e agora é tarde demais.
Fumei muito, bebi e comi em excesso, estrafeguei dinheiro até mais não. Abusei em quase tudo. Todavia nunca me senti tentado pela droga, por considerar que ela não resolveria nenhum dos meus problemas de antanho.
Tal como durante toda a minha vida de trabalho, com altos e baixos, também nunca usei medicamentação para lidar com os meus insucessos. Enfrentei estes de frente e ultrapassei-os com realismo e coragem.
Actualmente, aqui e ali, vamos lendo notícias e relatos de jovens cada vez mais depressivos, fruto, a maioria, de horas e horas de isolamento.
É inegável que as novas tecnologias trouxeram-nos melhores e maiores capacidades de comunicação, mas curiosamente ou talvez não, cada vez falamos menos. Ou porque as televisões entram em todas as casas (até nas casas de banho) e retiram às famílias o único pedaço em que poderiam dialogar, ou porque as redes sociais são mais importantes que a tribo familiar, ou porque um qualquer jogo dá-nos mais alegrias ou torna-nos melhor que os outros.
A solidão nas actuais gerações é já uma evidência! Com consequências altamente nefastas nos relacionamentos das pessoas e na própria saúde mental. Também será verdade que a recente pandemia não veio ajudar, bem pelo contrário pois a virtualidade das relações humanas passou a ser uma constante.
Regressando ao meu passado confesso que conversei muito, a maioria das vezes até demais, mas a verdade é que naquele tempo, não obstante ser filho único, nunca me senti isolado ou sózinho! Talvez gostasse mais desta ou daquela companhia (faz parte!!!), mas senti-me sempre bem acompanhado!
Como já escrevi em postais anteriores há muito que perdi o hábito de ver televisão. Apenas o futebol e só mesmo quando joga o meu Sporting é que me obrigo a ligar o pequeno ecrán. Fora isto...
Só que hoje estou na aldeia em casa dos meus pais. Aqui a liberdade é diferente já que tendo em consideração a idade dos meus antecessores a televisão é a distração deles. Aparelhos na sala e na cozinha e ambos os velhotes surdos faz com que o som de lá se sobreponha à voz dos presentes.
O curioso é que tendo eles assinatura com uma distribuidora de dezenas de canais que normalmente ninguém vê, a verdade é que continuam fiéis ao... Canal 1 da RTP.
No entanto nestes dias que estou com eles e em que as televisões estão permanentemente ligadas apercebo-me que o canal público de televisão da actualidade difere muito pouco daquele que eu via há uns anos!
Os mesmos concursos com os mesmos apresentadores, a mesma histeria de alguns pivots de telejornal, o mesmo tipo de programas sem interesse e sem qualidade. Portanto e resumindo de Chelas nada de novo!
Talvez por tudo isto e obviamente muito mais deixei de ver televisão!
Como diria o malogrado Artur Albarran: a tragédia, o horror!
Há muito que deixei de ver noticiários. Aquilo era sempre um chorrilho de notícias tristes, dramas, tragédias, horrores. Nunca acontecia aqui ou no Mundo uma boa notícia por mais pequena de fosse.
Pensei que depois da pandemia e com uma estúpida guerra às portas da Europa, os telespectadores preferissem um noticiário onde se noticiasse o que vai de mau no mundo, mas também o que este tem de melhor. Pura utopia minha...
As más notícias continuam a ter lugar de destaque n uma imprensa pouco interessada em informar verdadeiramente, mas tão-somente dar a notícia com a qual ganhe mais visualizações.
Durante o passado Estio era permanentemente notícia de capa de jornais a seca e a consequente falta de água. Nem imagino o que seria nas televisões... Concordo que era necessário acordar as pessoas para a realidade que são as alterações climáticas com consequências nefastas e incalculáveis.
Todavia agora que já choveu e continua a chover já não leio notícias sobre qual o nível em que estáo as barragens. Isto é notícias boas não interessa mostrar (a não ser futebol) porque não "share".
Decididamente vivemos num Mundo inverso do que deveria ser. A apologia da desgraça é sempre mais apetecível que a assumpção de uma alegria!
Mais uma vez o actual Presidente da edilidade da Figueira da Foz deixou a televisão pendurada. Já o havia feito há uns anos quando no estúdio o interromperam para passar a emissão para o Aeroporto onde chegara José Mourinho após a saída deste do Chelsea de Londres.
Digam o que disserem Santana Lopes ainda será dos poucos políticos que tem coragem para enfrentar as televisões. Não se acobarda e diz o que tem a dizer sem receios, assumindo os custos e os proveitos de tal atitude.
Esta postura frontal não é muito do agrado dos canais televisivos pois preferem aqueles políticos brandos e que não criem ondas.
Porém percebo e admiro a postura de Santana Lopes…
Este bisar de saída extemporânea em directo deve ser suficiente para nunca mais ser convidado para falar na televisão, mas também acredito que tal não o afectará até porque a bela cidade da Figueira da Foz deve dar-lhe imensa "água pela barba"!
Em 2007, quando ocorreu a primeira situação li muitos aplausos à atitude corajosa de Santana Lopes, da Direita à Esquerda da nossa política. Agora não vislumbrei qualquer comentário… Quiçá porque uma envolvia futebol (e sabe-se como há uns fundamentalistas contra este desporto), enquanto no segundo caso falava sobre o direito à privacidade dos políticos e de uma promessa que lhe haviam feito pelo próprio canal e que não fora cumprida.
Como tenho vindo a escrever por aqui há muito que desisti de ver televisão. Nada me alegra, nada me seduz actualmente no pequeno ecrán.
Mas um destes dias a minha mulher num desses canais de "streaming" apanhou uma série que nos longínquos anos 90 passou na RTP, denominada... ALF e que tanto, mas tanto nos divertiu cá em casa!
Não resisti e estive 23 minutos a olhar para aquele simpático, teimoso, arrogante extra-terrestre, oriundo do planeta Melmac. Um enlatado americano que fez as delícias de miúdos e graúdos.
Receio bem que já não se façam séries como esta...
Hoje educar uma criança é assaz diferente daforma como eu tentei educar as minhas. Escrevi tentei porque sinceramente não sei se as eduquei como deveria ser. Só o tempo dirá se fiz bem ou mal o meu trabalho. Mas até agora... tudo impecável!
Mas regressando aos dias actuais, envolvendo crianças e a sua educação tenho consciência que esta parece ser mais complicada que outrora, se bem com enormíssimas melhorias em comparação com a que dei aos meus filhos. Eis algumas razões:
- A primeira prende-se com acesso à informação que muitos pais acedem via internet tentanto aprender com os erros evitados e cometidos por outros pais. No entanto esta pesquisa nem sempre dá as melhores notícias e daí ser necessário ter algum bom-senso para perceber onde começa e acaba o exagero;
- A segunda está assente na alimentação e naquilo que os pais pretendem evitar dar aos filhos como é o caso do açúcar ou o sal em excesso. Parece-me uma postura feliz, mas desde que não se fundamentalize pois pode tornar-se contraproducente;
- Outra razão está ligada aos meios que entram pela nossa casa sem que demos conta. A televisão é uma delas, mas as plataformas pagas também surgem com grande relevo apresentando uma panóplia de opções para quase todos os gostos e feitios. E se algumas delas são engraçadas há muitas que são, no mínimo, idiotas e sem conteúdo;
- Já nem quero falar de uma quantidade e diversidade de componentes electrónicos que moram em muitos lares e aos quais as crianças acedem facilmente criando mais tarde uma depedência quase feroz.
Lembro-me de ter dado aos meus filhos "Gameboys" para se entreterem. Mas nesse tempo tudo era novidade e não havia real assertividade dos perigos inerentes à coisa.
Nos dias que ora correm tento educar a criança mais nova cá de casa da forma que provavelmente os meus filhos deveriam ter sido educados: mais brincadeira, menos jogos electrónicos e menos videos.
Todavia os tempos eram outros e os educadores quase permanentes (avós) tinham uma visão bem diferente de educação. Hoje dou por mim deitado no chão a brincar com a minha neta como se tivessa a idade dela. Com os brinquedos que foram do pai e do tio...
Por isso digo que não conta o brinquedo que se dá a uma criança, mas tão-somente a brincadeira que alimentamos com ele! Nós incluidos!
Nem mesmo quando via televisão fui muito adepto das séries. A maioria são enlatados que mudam o rumo dos enredos conforme nos países de origem as audiências vão subindo ou descendo.
Todavia houve uma excepção e chamou-se 24 e teve, ao que me lembro, 5 temporadas. Dava na RTP 2 às quartas feiras a partir das 22 e 00, se não estou em erro. Assim todas as semanas o meu filho mais novo e eu próprio sentávamo-nos ambos na sala para ver um novo episódio.
Hoje com as novas plataformas de séries, podem-se ver os episódios todos de uma só vez sem parar. E de não sei quantas temporadas.
Digam o que disserem gosto de ver um episódio, digeri-lo calmamente e passados uns dias voltar a ver o aeguinte. Tem muito mais... charme!
Já agora sabem em que ano foi emitido o primeiro episódio desta série de origem norte-americana? Eu digo, eu digo... 2001. Mas só dois anos depois é que a RTP transmitiu a primeira série.
Finalmente ainda hoje tenho no meu telemóvel o toque de telefone que a série usava pois esta será sempre a minha série preferida.
Terminou na passada sexta feira num canal da televisão por cabo a primeira série Cardinal de 2017. Encontrei o primeiro episódio num momento em que fazia uma pesquisa em busca de algo muito diferente.
Não sei porquê aquelas imagens brancas, quase monocromáticas, da neve chamaram-me a atenção. Fiquei a ver e claro está todas as sextas-feiras fosse a que horas fosse lá fui em busca da série policial de origem canadiana.
Um crime por resolver, outros crimes associados, um dectetive com um passado complicado e uma agente a investigar o investigador (passe o pleonasmo!).
Tudo num ambiente gelado, mas quente de emoções. Soube hoje que houve mais duas temporadas. Agora basta aguardar para ver o resto!
Não imagino se será tão boa a continuação quanto foram os primeiros episódios, mas vou aguardar com anormal expectativa!
Quando me cabe tomar conta da criança mais velha cá de casa, ligo sempre o televisor.
Não é que eu lhe ligue alguma coisa ao que lá se passa, mas a anciã precisa de se entreter com alguma coisa. Entretanto quando estou por ali dou conta da quantidade de publicidade que apresentam.
Aquilo são pilulas milagrosas, colchões maravilhosos, equipamentos domésticos jamais vistos ou próteses para tudo e mais alguma coisa "eumpardebotas".
Sei que a televisão tem um poder enorme tanto nas vendas como na influência de opinião. A velha expressão "mas eu ouvi na televisão" ainda continua no espírito de muitos espectadores, como se a caixa que mudou o mundo fosse a única dona da verdade.
É óbvio que a publicidade é uma enorme e necessária fonte de receita, nomeadamente dos canais televisivos de sinal aberto, mas seria bom que as pessoas tivessem algum discernimento ou uma entidade pública a quem pudessem recorrer de forma a esclarecerem eventuais dúvidas sobre o que lhes é apresentado.
De outra maneira há muita gente a ser enganada com anúncios que no fundo, no fundo não correspondem ao que divulgam.