Desde há cerca de uma semana que o meu telemóvelo é assediado diariamente por chamadas oriundas... dos confins do Mundo. Sempre que atendo lã vem uma voz num linguajar que não é de Camões e acto instantaneo desligo a chamada.
Se alguns números vêm com indicativos da Lua, Marte ou do planeta AXJ-13, outros parecem tipicamente de operadores nacionais! E mesmo que bloqueie esses contactos, no mínimo manhosos, logo outros surgem com a mesma assiduidade.
Portanto a partir de agora só atendo os números que tenho na minha lista telefónica. Fora isso temos pena mas vão directamente para o lixo.
O que contei até agora são factos, pura e simples. O que me atemoriza é perceber quem é esta gente (marcianos não são de certeza) e o que é que pretendem com estas ligações... E pior é tentar entender como chegarm a este meu número, já que não tenho algumas das conhecidas redes sociais (o feicebuque raramente é usado e no instagram nunca tive conta).
Sou uma pessoa simples e de vida tão banal, sem qualquer tipo de interesse, não entendo porque desejam tanto falar comigo!
Quando me reformei peguei no meu telemóvel e apaguei uma enormíssima série de números de telefone, essencialmente ligadas às minhas funções. Como teria a certeza de não voltaria a trabalhar livrei-me de umas centenas de números.
Guardei ainda alguns, nomeadamente daqueles colegas que após a reforma continuaram meus amigos e com quem ainda mantenho fortes relações de amizade.
Tudo isto para dizer que desde que me reformei recebo sms a diverso9s números, mas aos quais a minha lista de contactos não os reconhece. Geralmente dou resposta no mesmo tom amigável, mas imagino que seja somente um mero colega, por quem não nutria especial amizade.
Cabe-me agora perguntar se também já aconteceu a algum de vós?
É que sinto-me desconfortável com a situação pois até poderá ser alguém importante cujo contacto terei indevidamente apagado.
As comunicaçõers móveis são hoje uma indústria ainda em crescendo. Para além de todos os dias surgiram novos modelos de equipamentos há cada vez mais fornecedores de serviços de telefone, internet e "streaming". Para todos os gostos e provavelmente preços.
Pois é... o telemóvel é hoje um elemento essencial nas nossas vidas. Por vezes ainda fico a pensar como é que o Mundo conseguiu evoluir durante tantos séculos sem aqueles pequenos aparelhos.
No entanto a razão porque trago aqui este tema, prende-se somente com o acaso de hoje, dia 4 de Junho de 2022 não ter recebido nem feito qualquer chamada telefónica. Nem sequer acedi à internet através dele. Isto é o aparelho esteve todo o dia ligado, mas nunca se ouviu.
O que prova que podemos perfeitamente viver sem o telemóvel. Ainda não morri e estou a chegar às 22 horas deste dia.
E querem saber mais uma coisa: agora que penso nisto sinto-me bem!
Os telemóveis são hoje parte integrante das nossas vidas. Sem eles é como andar sem roupa pois naqueles pequenos aparelhos temos (quase) tudo à distância de um dedo.
Hoje de tarde tive de ir a um hipermercado fazer umas breves compras. Como sabia o que queria foi só retirar os produtos da prateleira para logo me dirigir a uma daquelas caixas automáticas sem operadora em que somos nós que fazemos o trabalho todo. Enfim menos mão de obra...
Estava eu então a passar os produtos pela máquina quando do lado oposto surgiu uma jovem para pagar também as suas compras. No entanto estava de telemóvel em punho em amena cavaqueira. Não é que isso me preocupasse, todavia achei que aquela postura não se coadunava com o local e o momento.
Infelizmente é frequente ver estas situações em supermercados, originando enorme lentidão nos pagamentos.
Regressando ao início deste texto compreendo que os telemóveis podem-nos ajudar a resolver situações de forma quase remota, mas desde que as pessoas anónimas não sofram com isso.
O caso de aqui relatei é um entre muitos que já assisti... desde entrarem no supermercado, fazerem as compras, pagarem e sairem sempre ao telefone.
O ser humano pode e deve evoluir, todavia ficar permanentemente refém de um telefone não é evolução... é parvoíce!
São seis e meia da tarde. O sol brilha mas é arrefecido por este vento que tudo tem atrapalhado (menos os drones!!!).
Aguardo que a minha mulher saia do cabeleireiro. Sei por experiência própria que ainda vou ter de aguardar muito tempo. Mas convivo bem com isso.
Entro num café onde já sou conhecido e peço aquela cerveja fresca da minha marca preferida. Um outro cliente que já lá se encontra e que também conheço, acompanha-me com uma mesma bebida. Conversamos disto e daquilo até que entra uma jovem, de vestido preto muito curto, abundantemente perfumada e a falar ao telemóvel.
Faz uma pequena pausa na conversação e pergunta à senhora por detrás do balcão por tabaco. A outra aponta para a máquina.
Sem nada que nos interessasse, eu e o outro cavalheiro vamos falando de aguardentes e outras bebidas brancas de melhor ou menor qualidade. Nem damos pela jovem sair.
Só que o meu interlocutor é também fumador e aproveita a máquina estar ligada para comprar cigarros. Coloca umas moedas com direito a troco e quando mete a mão no depósito de devolução eis que recebe mais dinheiro que o devido.
A jovem metera uma nota, retirou o maço de tabaco e nem esperou pelo troco, tal era a atenção ao telemóvel.
Com este caso percebi duas coisas:
1 - o tabaco ainda não é caro;
2 - quando se está ao telemóvel perde-se perfeitamente a noção da realidade.
Por isso as campanhas de prevenção contra o uso do telemóvel no carro necessitam de mais exemplos de vida. Como este.
Finalmente... Ainda fomos à rua em busca da jovem mas ela já havia desaparecido.