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Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Bom senso precisa-se!

No início do Verão de 2021 escrevi este postal assumindo a decisão de entregar-me aos médicos, de forma a ser avaliado o estado da minha saúde.

Desde esse dia já bati a não sei quantos gabinetes médicos: Otorrino, Oftaolmologtia, Cardiologia, Urologia, Gastro e até Alergologia... Não imagino a quantos mais especialidades terei de ir.

Entretanto recentemente a minha médica de Gastro, que descobriu em mim um ror de pequenas maleitas (gastrite, pólipos, ferro a mais, etc, etc, etc!), diz com todas as palavras perante os resultados de novas análises:

- Não gosto destes valores pancreáticos... Podem querer dizer um tumor maligno no pâncreas!

Se não morri naquele instante pouco terá faltado. Sei que não sou eterno, como ninguém o é. Todavia dizer-me aquilo assim de sopetão, deixou-me quase de rastos.

Cuidei em não dizer nada a ninguém pois não queria causar algum pânico familiar. Semanas mais tarde fiz uns exames mais completos (ressonância magnética com contraste) e aguardei desesperado os resultados.

Finalmente eis a notícia do resultado, mas como não percebo nada de medicina aguardei pela consulta. Estão a imaginar a minha cara quando defronte da médica aguardei o terrível veredicto.

- Nada de anormal... apenas uns pequeníssimos quistos sem importância.

O meu coração saltou de alegria, mas em vez de fazer uma cara feliz e contente, não exibi qualquer emoção. Saí do consultório com a firme vontade de nunca mais lá aparecer, mas dizem os especialistas que ela é das melhores na sua área.

Agora, semanas passadas sobre este estranho evento médico, dei por mim a pensar qual a necessidade daquela médica em assumir uma desconfiança sem ter certeza. Até poderia ter o palpite, mas o bom-senso deveria sobrepor-se a frieza das palavras.

Mas isto sou eu que não percebo nada de medicina! Só que andei algumas semanas bem assustado! Olá se andei!

Um susto daqueles!

Hoje quando regerssava a casa apanhei trânsito de tal maneira que andei minutos naquele pára/arranca tão chato.

Esta fila fez-me viajar muitos anos ao passado, talvez perto de 30. 

Naquele sábado tive de atravessar a Ponte sobre o Tejo no sentido Lisboa/Almada. Era Verão e a ponte só tinha duas faixas para cada lado o que equivale dizer que apanhei fila muito antes da avenida da ponte. 

Pela experiência calculei que teria perto de duas ou mais horas de trânsito. A passo de caracol lá fui andando... devagar... muito devagar. Deu até mesmo para cumprimentar um agente que estava ali de serviço a ajudar no trânsito e que eu conhecia do meu trabalho, quando ele fazia guarda ao edifício.

Estava eu nesta lentidão, quando ouvi atrás de mim uma sirene que parecia ser da polícia. Espreitei pelo retrovisor e vi que uma moto tentava passar apressadamente por entre os carros, trazendo as luzes acesas. Disse para comigo:

- Pronto já percebi... há acidente em cima da ponte.

Entretanto o polícia da BT aproximou-se, chegou a meu lado e, tendo eu o vidro aberto, disse-me num tom que não admitia dúvidas:

- Siga-me!

Fiquei sem pinga de sangue... O meu corpo tremia e as mãos suavam não do calor matinal, mas do espectro do que me estaria para acontecer! Portando vai daí toca a seguir a moto...

Ainda me lembro da forma como aquele desviava os carros da frente para que eu o seguisse... Cheguei a andar a 80 quilómetros no meio dos outros veículos que se afastavam repentinamente. Nem imagino o que terão pensado de mim...

Chegado ao fim da Ponte o polícia trava, espera que eu o apanhe e ordena:

- Pode seguir, faça boa viagem!

Ups! Como?

Segui caminho, fiz o que tinha a fazer, regressei a casa, mas nem contei a ninguém o que me havia acontecido.

Na segunda-feira seguinte já no trabalho reencontro o polícia que cumprimentara na fila ao que ele me devolveu:

- Gostou da boleia...

Foi aí que se fez luz... Porém o susto que apanhei naquela manhã jamais o esqueci.

Quando o adágio não bate certo...

Sempre tive a convicção de que o povo é sabio. Esta sabedoria advém de muitos anos de experiência, de vivências, de momentos felizes ou nem tanto.

Seja como for há um provérbio, adágio ou mera sabedoria que diz o seguinte: "quando um homem tem sorte até o vento junta a lenha".

Pois... isto pode ser muito verdade mas hoje não foi isso que aconteceu. Bem pelo contrário...

O dia acordou frio e ventoso, muito ventoso. No céu, aqui e ali, uma nuvem mais escura mas sem ameaçar chover. Na fazenda havia muita lenha para escolher e queimar. Era esse o nosso propósito.

A manhã correu bem. O vento abrandou, cairam uns borrifos o suficiente para amainar o fogo crepitante e por vezes muito crescido. Consegui, com a ajuda preciosa da minha mulher e do meu filho mais novo, queimar muita rama cortada e amontoar a lenha mais grossa que servirá para aquecer as noites frias do próximo Inverno, já que este está a finar-se.

Após o almoço teimou-se. O vento voltara a crescer e era necessário mil cuidados... Que não tive.... De súbito o vento mudou repentinamente de direcção e apanhou rama seca mais próxima. No segundo seguinte andávamos três pessoas ao redor do lume a tentar apagar ou desviar a lenha seca que ainda não fora consumida pelo lume. Dois pinheiros viram-se envolvidos neste brazido inesperado e tive então de me socorrer do 112 e chamar pelos bombeiros antes que a coisa alastrasse.

Todavia quando chegaram, o fogo estava já controlado por nós, mas mesmo assim despejaram uns tanques de água, não fosse novamente o vento tecê-las.

Não ganhámos para o susto.

Com este acontecimento fica provado uma de duas coisas: ou o vento não junta a lenha ou então sou eu que não tenho sorte.

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