Andei em limpezas e arrumações. Há que aproveitar a neta estar de férias para dar uma volta à casa. Entre muita coisa que mexi andei de volta das fotografias... Muitas... Tantas...
Algumas bem arquivadas em pequenos albuns ou pastas próprias, outras a granel!
Peguei em algumas.
Umas dos anos 70 com colegas de escola, logo a seguir anos 80 com amigos da escrita. Para se seguirem fotos dos filhos pequenos, de algumas viagens, de encontros familiares, de inúmeros aniversários e mais não sei quantas coisas.
Revi gente que já faleceu, outros que eram pequeninos e agora são pais. Voltei a lembrar-me como era a minha avó materna. Vi fotos a cores e a preto e branco (não sei se o cinzento é cor!!!). Eu com meses, poucos anos, já crescido, mas com poucos quilos!
Foi bom rever e revisitar tanta gente que faz parte de mim e fez parte do meu longo caminho.
Será nostalgia? Não sei... Talvez a consciência que revisitar o passado é também salutar, porque percebemos que já fomos tanta coisa, que sonhámos outras ideias, mas mantemo-nos ainda por aqui!
É costume dizer que se desejarmos muito uma coisa ela se realizará. Quase sou suposto a concordar, mas desde que esse desejo não custe muuuuuuuuuuuuuuito dinheiro.
Disse certa vez Grouxo Marx, o genial comediante americano: há coisas mais importantes na vida que o dinheiro, mas são tão caras!
Da mesma forma há sonhos (leia-se desejos) que nem vale a pena sonhar. Todavia há outros pelos quais vale mesmo a pena lutar.
Brevemente um dos meus sonhos tanta vezes sonhado ganhará forma! Pelo menos tudo indica que assim seja.
Não pretendo alongar mais porque, sei lá, algo de menos pode acontecer! E depois seria uma enormíssima frustação.
Sinto que tudo se conjuga para um dos meus sonhos se realizar!
A visão miserabilista dos portugueses sempre me assustou e confundiu. Esta filosofia arcaica e bacoca acaba quase sempre por se plasmar naquela horrível expressão: "coitado"! Como se nesta palavra estivessem todas as mágoas lusas e as respectivas desculpas para aquilo que não somos.
Por isso quando temos alguém que por seu mérito consegue ir além desta mediocridade lusa ficamos logo a pensar não na competência, mas em factores pouco límpidos... No fundo, no fundo a tal de inveja a que se referia já Camões no fim dos seus Lusíadas!
Somos um povo estranho. Mistura de muitas raças e credos, escorraçados de muitas terras acabámos por ficar aqui porque... havia o mar! Este mar que muuuuuuuuitos séculos mais tarde haveria de ser partido e dividido entre Portugal e a nossa vizinha Espanha. Outras ideias!
Mas desse tempo áureo restou apenas uma tristeza profunda ao qual deram o pomposo nome de Sebastianismo. Que tem perdurado até à actualidade.
Portugal necessita de gente nova, que sonhe coisas novas que nunca foram sonhadas. Que coloque a palavra esperança no seu espelho todas as manhãs. Necessitamos de gente corajosa que prefira perder um milhão de euros a abdicar de uma boa ideia.
Não troquemos um lugar no Mundo por um Mundo no seu lugar!
O ser humano tem uma enorme dificuldade em lidar com a realidade, seja esta fantástica ou dolorosa.
Desculpamo-nos quase sempre com a ideia de que a cabeça quer uma coisa e o coração manda outra. Curiosamente comentei num blogue de uma amiga a propósito desta dicotomia. Mas não esclarecendo tudo ficou a ideia ficou a moer.
Durante o dia de hoje não tive tempo para pensar, mas chegada a noite é o momento para dissertar sobre a maneira como lidamos com a realidade contra o sonho que um dia idealizámos.
Todavia serei breve!
A realidade pura e dura nunca é simpática nem doce. Mas há que saber aceitar e perceber que sem o banho de realidade, provavelmente viveríamos num Mundo quase abstracto. Os sonhos devem ser sempre sonhados e assumidos, mas mais tarde plasmados na tal realidade com que vivemos todos os dias.
O amor, a paixão são dois dos sentimentos muito comuns nas assumpção das diferenças entre realidade e sonho. Poderemos amar alguém ao mesmo tempo que percebemos que esse amor será destrutivo. Deveremos continuar a amar? Ou acrescentar mais uma desilusão ao coração?
A idade que vamos somando tem uma natural tendência para polir as nossas dúvidas e clarificar o que vamos vendo. O problema é que na maioria das vezes não gostamos nada do que testemunhamos e preferimos continuar a caminhar por um trilho que nos poderá destruir interiormente.
Depois quando tudo acontece não poderemos dizer que "tive azar"...
Que tamanho têm os nossos sonhos? Até onde gostaríamos que nos levassem os sonhos que vamos sonhando?
Foi o que fez Neemias Queta, que a partir de Outubro irá entrar nos grandes palcos da NBA nos Estados Unidos. Um português de origem guineense, nascido em Lisboa mas vivendo grande parte da sua vida num bairro do Barreiro donde, em 2018, partiu para a terra do "tio Sam" de modo a poder participar nos campeonatos universitários.
Quatro anos passados o jogador de 2,13 metros de altura irá cumprir o seu sonho ao participar no melhor campeonato de basquetebol do Mundo, fazendo parte da equipa dos Sacramento Kings, onde vestirá o número 88.
Finalmente sempre ouvi dizer que em qualquer lugar do Mundo há um português. Não sei se é verdade, mas reconheço que estamos devidamente espalhados.
Neste tempo de descanso a praia é local obrigatório.
Um dos meus momentos preferidos corresponde àquele singelo desejo de ficar a olhar a linha do horizonte, muito para lá dos banhistas que vão saltado com as ondas.
Naquele traço invisível, onde o azul esverdeado do mar se cola ao anil plúmbeo do firmamento fica, quiçá, a minha esperança. Enquanto as crianças saltam e brincam nas pequenas ondas que vêm lamber a areia fina, eu perscruto o meu pensamento com questões para as quais não encontro qualquer resposta.
Todas elas vão encontro de mim, do que fui, do que sou e do que poderei ser… ainda. Tenho lido amiúde diversas partilhas de gente que sonhou desafios e que conseguiu que o sonho se tornasse realidade.
Também eu, já com uma idade para nem dormir quanto mais sonhar, também eu repito, tenho sonhos.
À beira-mar enquanto a água quase tépida me molha os pés assumo os (mesmos) receios de um jovem imberbe. Será que tenho coragem suficiente para caminhar? O que será que o futuro me tem reservado? Serei competente suficiente para saber lidar com o que pode surgir, seja ele bom ou mau?
Não temo a morte ou a doença. Nem os desafios! Somente receio que jamais seja naturalmente competente para os enfrentar com a lucidez que os anos já me deviam ter ensinado.
Sou um homem simples e como já escrevi por aí nem procuro muito da vida. É esta que por vezes me coloca perante dilemas e desafios.
Pois é… à beira-mar, olhando a linha do horizonte onde o azul esverdeado do mar se cola ao anil plúmbeo do firmamento, penso em cada coisa…