Desde aquela madrugada de 28 de Fevereiro de 1969, tinha eu 10 anitos, que a minha relação com os tremores de terra não é das melhores. Diria mesmo que é um tanto tremida! Literalmente!
A razão principal não advém unicamente do perigo que são os sismos e suas consequências, quantas vezes devastadoras, mas acima de tudo da maneira como essa assustadora madrugada ocorreu.
O meu pai estava ausente e assim quando a terra principiou a tremer a minha mãe acordou-me a correr e lá fomos nós escada abaixo em busca da rua. Só que a dona V. tinha a mania (ainda hoje a tem!!!) de fechar as portas com chaves e ferrolhos, originando com a precipitação da fuga que se atrapalhasse em abrir as fechaduras. Quando saímos já todos os vizinhos estavam na rua. Não aconteceu nada, mas nessa noite aprendi uma lição: nunca deixar a porta fechada à chave. Ou se fechar que esteja lá a chave.
Mas coincidências da vida ontem fazia por aqui muuuuuuito vento. De tal forma as portas, que têm alguma folga, batiam com o trinco. Ora como o meu rapaz maila a família foram de férias estou sozinho e daí pensei fechá-las com chave de forma a evitar aquele irritante batuque de origem ventosa.
Felizmente não acordei esta madrugada com o sismo, pois se tivesse provavelmente acontecer-me-ia o mesmo que à minha mãe há mais de 50 anos. Uma bizarra coincidência que me deixou todo o dia irritado!
Esta noite as portas ficam apenas no trinco... não vá o Diabo tecê-las!
A Mãe Natureza não necessita de fronteiras terrestres, de guerras imbecis para destruir cidades e matar milhares de pessoas.
Em minuto e meio a terra tremeu na Turquia e Síria originando um número (ainda) indeterminado de vítimas e cenas horrorosas e apocalíticas de destruição.
Por muito que se tente aprender, por demais tentativas que se façam ao estudar fenómenos ainda há muita coisa que o homem não consegue controlar, nomeadamente relacionadas com a Natureza. Os sismos são um destes casos.
Se com outros fenómenos há uma explicação e até uma real previsão (os tufões serão um bom exemplo), com os tremores de terra há uma imprevisibilidade enorme. Note-se o caso recente da Ilha de S. Jorge... Durante semanas, meses preparou-se a ilha para uma eventual evacuação, baseado nos consecutivos abalos. Porém de forma lenta estes foram diminuindo. No entanto nada nos afiança que de um dia para o outro tudo possa voltar a reactivar.
Seria, quiçá, aconselhável que alguém em Portugal sensibilizasse a população para um eventual sismo de alta magnitude. Com indicações de como proceder em caso da terra tremer principalmente como e onde se protejer. Ou para onde deveremos fugir.
Não é por não se falar no assunto que as coisas não acontecem.
As imagens correram Mundo. Prédios desmoronavam-se como verdadeiros castelos de cartas à frente de todos. Entre aqueles uma escola com crianças lá dentro.
Foi mais um sismo no México de grande intensidade. Com muitas vítimas mortais, perto das três centenas. Demasiadas.
Mas o que mais foi sobressaindo desta tragédia prendeu-se com a possibilidade de uma menina de 12 anos estar ainda viva debaixo dos escombros da tal escola.
Televisões, rádios e jornais iam fazendo crer que a menina ainda estaria com vida. Eu próprio vi alguém a fazer descer garrafas de água no meio dos escombros.
Porém de repente... tudo não passou de uma mentira. Não havia criança, nem nunca houve e ainda se está para perceber como começou este enredo.
Sendo o México a capital das telenovelas de "faca e alguidar", não me admirou que um qualquer canal televisivo do país tivesse criado um evento deste tipo. O pior é que muitas outras cadeias de televisão, na maioria estrangeiros, também tivessem caído nesta espécie de armadilha televisiva.
Parece que alguns elementos do próprio governo mexicano chegaram a confirmar a existência da dita criança.
Resumindo, não bastava já a desgraça que a Mãe Natureza ofereceu ao pobre povo, ainda veio esta não notícia ensombrar, de forma vil e infame, os mexicanos.
Não imagino qual a origem deste caso, mas seria bom que as televisões em futuras reportagens deste tipo confirmassem "in loco" a existência de algum acontecimento mais estranho.
É desta maneira que se perde credibilidade. E nada é pior, para o jornalismo, que a desconfiança.