Não me lembro de ter uns dias assim na aldeia: calmos, serenos e a fazer aquelas coisas que sempre que aqui estou digo que farei... para a próxima vinda.
Plantei uma nogueira, cerquei-a de aramada,
desbravei a erva e o mato por debaixo de uma laranjeira e alarguei a sua cerca,
cerquei um dióspireiro antes que as ovelhas o descubram
e repeti a acção da laranjeira com uma macieira de Bravo-de-esmolfe!
Finalmente alguns dias menos agitados para alguém já de si bem acelerado.
Amanhã regresso à cidade. Pelo menos matarei saudades das netas!
Diria que a serenidade é o primeiro passo para a paz interior. Ser sereno é sinónimo de alguém que não deixa que as emoções, perante os problemas, ganhem destaque e tenta racionalizar a coisa no sentido de encontrar a melhor solução.
Sinceramente nunca fui alguém em que a serenidade se sobrepusesse à emoção. Basta ser adepto de futebol para que isso jamais aconteça. Porém com as vicissitudes da vida aprendi que uma boa dose de serenidade pode ajudar a resolver um sem números de pequenos problemas.
Acrescentaria que as pessoas mais serenas colocam de parte as escolhas de coração e aceitam as opções da razão. Mas entende-se porquê... Quando era mais novo e se as coisas não corressem a meu jeito era capaz de aventar tudo e de forma abrupta. Hoje aceito os contratempos como parte integrante da minha vida. E em vez de disparar para todo o lado, como fazia outrora, pego na tal serenidade e polvilho-a por cima das emoções.
Fica então uma mistura mais humana e mais maleável, com a qual eu já consigo lidar e conviver.