O nosso corpo físico necessita de ingredientes para poder laborar, para que possamos ter as nossas funções todas activas. De uma forma natural devemos fazê-lo com cuidado, sem exageros que estes sempre trazem estranhas consequências.
Só que todos nós temos outros tipos de alimentação. Por exemplo como se alimenta aquele coração que salta quando vemos alguém de quem gostamos ou de que se alimenta o nosso espirito, quantas vezes rebelde?
A resposta para a questão está muitas vezes, diria que na sua maioria, nas coisas mais simples que nos rodeiam: um sorriso, uma festa, um simples cumprimento.
Hoje empaturrei-me destas coisas boas porque juntei os meus três netos ao almoço. As brincadeiras em que me vi envolvido, as risadas e até as desarrumações fizeram de mim, esta tarde, um avô mais gordo.
Aquela que dói quando se perde e que dá vida quando ganhamos. A mesma que nos ajuda durante a semana seguinte, porque batemos o nosso rival ou ao invés aquela chatice de ter de levar com as piadas dos nossos adversários, porque não a nossa equipa não foi melhor que a deles. O futebol é isto mesmo: emoção a rodos e sem limites.
Vai começar o tempo das discussões futebolísticas. Dos debates televisivos sobre aquele milímetro em fora-de-jogo e que o árbitro não sancionou ou sobre a grande penalidade que deveria ter sido marcada ou simplesmente aquele empurrão que deveria dar cartão amarelo (era o segundo!!!). Das trocas de galhardetes entre os diferentes adeptos tentando menosprezar (quase sempre) o adversário. Das certezas e das dúvidas do plantel! Da crença sempre presente que o nosso clube é melhor que os demais, mesmo que lute para não descer.
É esta filosofia ilógica que vai durar até à próxima Primavera e preencher os próximos fins-de-semana. O futebol tem muito pouco de lógico. Como dizia Carlos Queirós: o futebol é um desporto e não uma ciência exacta.
É por tudo isto que até tenho comichão no céu da boca. Aquele nervosismo inicial, as mãos geladas mesmo que estejam 40 graus, a pele arrepiada…
Após 10 dias de ausência em terras Beirãs eis-me de regresso à grande cidade… Infelizmente!
A infelicidade não se encontra no regresso per se, mas nesta urbe que me “trabalha” no estômago. E mal cheguei quero já retornar à aldeia onde passei estes últimos tempos.
Lá não há passadeiras e ninguém é atropelado.
Lá não há sinais luminosos e ninguém bate no carro da frente.
Lá não há rotundas em cada cruzamento e todos sabem o que é a prioridade rodoviária.
Lá não se apita porque nos distraímos a olhar para algo fora do carro, mas apenas para convidar o vizinho a beber:
- Vai uma mini? Pago eu…
Enfim uma vida serena feita ao ritmo dos dias calmos trazidos pela brisa da serra, outrora vestida de pinhais que o fogo voraz devorou, faz tempo.
Entre dias de chuva miudinha e outros de frio cortante foram boas, ainda assim. estas férias.
Aqueceu-me a alma a jeropiga, doce e apaladada, que fui beberricando e acompanhando as castanhas assadas na lareira bem quente.
Saboreei o queijo fresco acabado de fazer. Ou uns frades cozinhados com arroz, Ou as couves brancas e o vinho tinto...
A cidade, com o seu reboliço permanente, não me convence a ficar. As serras eternizadas nas pedras graníticas clamam cada vez mais por mim.
E eu desejoso de lhes oferecer uma resposta definitiva: