Haverá pouco mais de um mês escrevi este postal, tudo por causa da maneira como cada um dirima a sua própria doença, especialmente através da quantidade de comprimidos que toma.
O curioso é que ontem calhou a vez ao meu pai que do alto dos seus 91 anos de idade dizia, quase com graça, à médica que o anda a seguir, após esta lhe ter receitado mais um comprimido:
- Ó Dôtora daqui a nada não me chega um dia para todos os comprimidos que tenho de tomar...
Ao sorriso da médica, continuou:
- Mais um comprimido significa que estou cada vez pior...
Para finalizar:
- Acha que vale a pena?
A médica desfez-se em razões quase óbvias, mas o meu pai não ficou muito convencido! Já no carro a caminho de casa, apercebi-me que fazia contas. Nada lhe disse pois já imaginava que seria dele que partiria a conversa:
- Sabes quantos comprimidos tomo por dia?
- Isso interessa? O que realmente conta é que cada um tem a sua função profilática ou curativa.
Um silêncio que estranhei. De súbito remata:
- Curativa? Ou será para adiar o que é certo?
Percebi a sua ideia, mas não lhe respondi... O silêncio nestes casos é de ouro... fino!
Muito se fala agora sobre a problemática da falta de médicos nos hospitais com a agravante de um recém nascido ter falecido por falta de assistência especializada.
Diria que em traços gerais este é um problema que há muito se previa. Basta olhar para a quantidade de novos alunos nos cursos de medicina (poucos!!!) para se perceber que mais tarde ou mais cedo a coisa teria de estoirar.
Obviamente que se em vez de um bebé tivesse sido um idoso a morrer, provavelmente ninguém faria desta situação o drama que se está a fazer. Mas isto sou eu a pensar alto!
Infelizmente nas últimas semanas deste Verão tão escaldante, as minhas idas a hospitais têm sido frequentes. Mas faz parte porque tenho na família gente com muita idade e que necessitam de cuidados permanentes.
Pelo que percebi os serviços de urgência estão cheios. Os médicos desdobram-se em atendimento a este e depois àquele para logo a seguir ser mais outro. Um verdadeiro corropio que esmaga qualquer pessoa tal é o "stress" associado.
Faltam médicos? Faltam. Faltam enfermeiros? Claro que sim! Como faltam auxiliares e muitos outros técnicos de saúde.
Mas deveria o Estado pagar melhor a esta gente, que muitos deles não optariam pelo estrangeiro e muito menos pelos hospitais privados.
Todos nós descontamos muitos impostos mensalmente. Já para não falar dos indirectos... Por isso bastaria aos consequente governos negociarem uma carreira específica para esta gente da saúde associada obviamente a uma tabela salarial compatível.
Problema! Se o que escrevi no parágrafo anterior viesse a manifestar os outros sectores do Estado (professores, administração pública, administração autárquica... etc, etc, etc) viriam logo a terreiro dizer que também queriam reformulações laborais.
Solução? Não fazer nada e pontualmente acertar uns acordos!