Se fosse vivo um amigo meu celebraria hoje o seu aniversário. Calculo que faria 80 anos!
Tornámo-nos amigos no contexto do trabalho. Mas esta amizade foi real, genuína e séria, no sentido em que sempre fomos sinceros um com o outro. Ele muito de esquerda, porém lúcido! Eu de lado nenhum ou de todos, quiçá meio-parvo.
No entanto as nossas conversas faziam sempre sentido. Com ele aprendi a beber café sem açúcar (o que me custo, mas valeu a pena!!) e ele aprendeu comigo alguma informática, o suficiente para não se atrapalhar, nomeadamente no trabalho. Tinhamos ideias semelhantes, mas atingidas através de métodos diferentes.
Depois... eu crente, ele ateu! Mas nenhuma das nossas diferenças fez de nós adversários, mas mais chegados, mais próximos, vá-se lá saber porquê...
Só que este meu amigo ao partir deixou-me saudades, muitas saudades!
Finalmente comopoeta, músico e canta-autor, compôs algumas das canções mais míticas no pós revolução de 74.
Escolhi a que se segue que no contexto actual do Mundo infelizmente faz cada vez sentido.
Parabéns A. Mesmo que não esteja entre nós, um amigo será sempre um amigo!
O primeiro Pôr-de-Sol que assisti na Ilha das Flores em... 2018! Na Fajã Grande eram 21 horas e 32 minutos.
Um momento único... que me fez sentir pequeno perante a imensidão daquele mar, céu, nuvens, sol e grande perante a alegria de poder assistir a este singelo instante.
Já falei por diversas vezes neste espaço sofre a desconfiguração da Baixa pombalina da capital.
Quem, como eu, ali trabalhou tantos anos sente que aquele centro citadino deixou de ter o charme, a beleza e acima de tudo a vida humana que caracterizou a Baixa durante uma enormidade de anos.
É verdade que o turismo voltou à cidade de Ulisses, após muitos meses de inactividade, mas ao mesmo tempo deixei de ver as lojas que foram referência na minha vida.
Lembro aqui algumas:
Old England, Casa Africana, Central da Baixa, Casa das Limonadas, Palmeiras, Camisaria Moderna, Loja dos Pneus, Restaurante Vitória, A Regional e tantas outras casas ora substituídas por restaurantes de comida luso-italiana ou "fast-food".
Muitos hotéis, muitas lojas de bujigangas na maioria sem graça nem qualidade, muitos bares, enfim muito nada!
Curioso é que numa altura de autárquicas só vi o PCP em acção de campanha. No largo do Intendente!
No dia 1 de Agosto quando oficialmente fui reformado atirei-me à lista telefónica do meu telemóvel e apaguei todos os contactos que tinha de trabalho.
Bom para dizer a verdade não foram todos, excepturam-se alguns, mas de gente que sempre foi mais amiga que colega. Ainda assim limpei 99 números de telefone.
Esta tarde recebi uma mensagem no Whatsapp com a seguinte frase: "Amigo, não imaginas as saudades que tenho tuas, a falta que me fazes!!!".
Acabei por trocar uma série de mensagens e nem nos despedimos formalmente, já que a pessoa em causa estava a trabalhar e eu... a comer castanhas. Também não necessitamos.
Mas chegada a noite bateu uma estranha saudade e por causa desta fui reler a nossa conversa desta tarde. Retive-me então logo na primeira frase que me deixou por fim emocionado e feliz.
"Valeu a pena!" , pensei para mim.
É sempre bom quando temos a consciência que não fomos esquecidos. E pelas melhores razões.
Não pelo dia de calendário que esse é amanhã, mas pelo dia da semana.
Era um Domingo frio. E ainda ficou mais frio quando o meu filho me chamou à garagem para constatar uma evidência que eu já sabia que haveria de acontecer, mais dia menos dia.
Nada temos na vida como garantido a não ser o nosso passado e a morte. Mas quando a Ceifeira leva quem nos preenche fica a dor, a tristeza e uma incapacidade de lidar com o impossível.
Faz hoje um ano que a Lupi adormeceu para sempre.
Mesmo depois deste tempo decorrido ainda não me habituei à tua partida.
Diz o povo na sua profunda sabedoria: quanto mais conheço os homens mais gosto dos animais!
Porque concordo com esta máxima popular é que senti muito e ainda sinto a partida da minha idosa cadela. Todavia fui incapaz de escrever uma bonita homenagem à minha amiga. Faltou-me claramente competência.
Mas houve alguém que o fez, num texto longo, emotivo mas carregado de grande realidade e que podem ler aqui.
Faz hoje precisamente 10 anos que partiu um homem fantástico.
Foi uma pessoa boa, amigo do seu amigo, que adorava a família e com quem aprendi muito.
Acima de tudo com a sua forma de estar na vida. Combativo quando achava que tinha razão, ia até ao fim numa luta sem nunca perder a compostura e a noção do razoável.
Fui tristemente testemunha das suas últimas palavras.
Morreu em paz como um simples círio cujo pavio desaparece, mas rodeado dos mais próximos.
Deus teve misericórdia dele e levou-o para ao pé de si sem dor sem sofrimento.
Há 10 anos tive que vestir um defundo pela primeira vez. Ainda por cima o meu sogro e bom amigo J.
Porque a vida nem sempre nos dá o que desejamos mas sempre o que necessitamos, aquele fim de tarde início de noite ficou gravado no meu espírito para sempre.
Obrigado por tudo o que me ensinou, pela mão amiga sempre estendida para ajudar, pelo carinho sempre demonstrado.
Acabei de chegar do Aeroporto da Portela, onde fui buscar um familiar.
Estava eu simplesmente à espera quandoo me lembrei de um texto, acerca deste mesmo local, por mim escrito e publicado há quase quarenta anos.
Do que eu ainda me lembro desse texto, as únicas grandes diferenças são... físicas, isto é, as actuais instalações são amplas e repletas de pequenas lojas, prontas a prestar serviços a preços pouco convidativos.
Todavia os sentimentos são os mesmos daquela época. Os abraços, os beijos, os risos e os choros de contentamento de quem chga e dos que estão, parecem não ter mudado. O que prova que o mundo ainda é algo misterioso, Mesmo após tanto tempo a palavra saudade mantém o mesmo valor de antigamente (sem direito a desvalorização).
Hoje (re)visitei um velho restaurante onde tantas e tantas vezes matei a fome. Naquele tempo a Baixa Pombalina tinha mais portugueses trabalhadores que turistas e era ver o restaurante quase sempre a abarrotar. Especialmente ao balcão.
E foi aqui que fui hoje... almoçar. O balcão é o mesmo mas a paisagem humana muito diferente. E não só. Os pipos de madeira donde jorrava o vinho espumoso foram substituídos por umas caixas de papelão com torneiras de plástico. A montra de vidro ainda lá se encontra mas as sandes não. E havia-as lá de tudo: de ovo, panado de fiambre, sandes de cabeçab de porco, de queijo fresco, de atum... eu sei lá que mais!
E depois podia-se misturar tudo. E havia misturas mirabolantes. Bastava que solicitássemos e na altura saia a sandes à nossa maneira. Outra curiosidade é que os empregados chamavam-se todos Manuel. Mas o que mais caractrizava aquele espaço de repasto era a sopa. A Cartaxense... como lhe chamavam. Um caldo à moda antiga onde a colher quase ficava na vertical.
Ao balcão atendeu-me uma senhora que me deu uma sopa a meu pedido. Estava boa mas a da velha e gorda Joana era bem melhor! Já não havia sandes de tudo e por isso pedi uma mera e vulgar bifana. O vinho saíu do tal pacote sem graça nem gosto.
Já não havia o barulho de dezenas de clientes. nem dos empregados a pedirem coisas para a cozinha,
Finalmente pedi a conta, paguei e pus-me a caminho. E pensei como ainda há quem diga que está tudo na mesma. Tenho a certeza que não.