O Caminho
Fazendo parte das comemorações do ano jubilar da Catedral de Santiago de Compostela, o filme “O Caminho” realizado por Emílio Estevez e tendo como protagonista um dos actores de Apocalipse Now, Martin Sheen, é um filme, no mínimo, muito curioso. E que só recentemento consegui ver.
Não obstante estar datado de 2010 ainda assim esta grande-metragem toca um dos principais pontos e quiçá o mais difícil de explicar ainda hoje e que se prende com uma simples pergunta: o que leva alguém a peregrinar?
A questão colocada assim de chofre poderá não obter a resposta desejada. Muitos dirão que é por promessa de carácter religioso, outros por puro turismo, há aqueles que terão somente curiosidade e finalmente os que vão peregrinar porque…
…Nem sabem porquê!
Como peregrino que sou, mesmo que seja somente até Fátima, reconheci no filme muitos dos dilemas que nos assolam durante a caminhada. As dores, as conversas, o cansaço e acima de tudo o tal dilema… interior.
Como por diversas vezes neste espaço fui referindo, peregrinar não é chegar, mas tão-só fazer o caminho. Partilhar vidas, camas e comidas, lágrimas e risos, frustrações e alegrias, todos imbuídos das mesmas sensações, sentimentos e vontades.
Ainda do filme retive dois momentos fantásticos: o primeiro quando a personagem principal mostra o terço a um padre, que este lhe havia oferecido muitos quilómetros antes e o segundo quando uma das personagens entra na Catedral de joelhos. O único que parecia estar ali apenas para perder peso, foi o que se vergou à fé que aquele local santo tanto carrega.