Mais uma vez o actual Presidente da edilidade da Figueira da Foz deixou a televisão pendurada. Já o havia feito há uns anos quando no estúdio o interromperam para passar a emissão para o Aeroporto onde chegara José Mourinho após a saída deste do Chelsea de Londres.
Digam o que disserem Santana Lopes ainda será dos poucos políticos que tem coragem para enfrentar as televisões. Não se acobarda e diz o que tem a dizer sem receios, assumindo os custos e os proveitos de tal atitude.
Esta postura frontal não é muito do agrado dos canais televisivos pois preferem aqueles políticos brandos e que não criem ondas.
Porém percebo e admiro a postura de Santana Lopes…
Este bisar de saída extemporânea em directo deve ser suficiente para nunca mais ser convidado para falar na televisão, mas também acredito que tal não o afectará até porque a bela cidade da Figueira da Foz deve dar-lhe imensa "água pela barba"!
Em 2007, quando ocorreu a primeira situação li muitos aplausos à atitude corajosa de Santana Lopes, da Direita à Esquerda da nossa política. Agora não vislumbrei qualquer comentário… Quiçá porque uma envolvia futebol (e sabe-se como há uns fundamentalistas contra este desporto), enquanto no segundo caso falava sobre o direito à privacidade dos políticos e de uma promessa que lhe haviam feito pelo próprio canal e que não fora cumprida.
O fim-de-semana trouxe-nos, para além de dias super escaldantes com as temperaturas a baterem recordes, a notícia da saída de Pedro Santana Lopes do PSD. Esta foi uma saída prevista há muito por alguns analistas políticos e desejável por muitos militantes laranjas.
A verdade é que Santana Lopes nunca foi um militante sereno e amorfo. Bem pelo contrário. É que a sua postura, sempre guerreira, originou algumas bravatas internas que quase sempre perdeu.
Recordo a este propósito a sua eleição para a autarquia de Figueira da Foz após ter perdido o congresso contra o actual Presidente da República. Mas se a conquista da autarquia da Figueira da Foz teve grande impacto dentro do partido, este seria ainda maior quando em 2001 contra todas as sondagens, o antigo Provedor da Santa Casa ganharia a edilidade ao João Soares numa eleição épica.
Depois viria a ser PM quando Durão Barroso troca a política lusa pela política europeia. Mas seria um reinado de pouca duração já que ao fim de uns meses o Presidente Jorge Sampaio acaba por dissolver a AR originando a consequente queda do governo de Santana Lopes e a marcação de eleições antecipadas que, curiosamente, seriam ganhas por José Sócrates.
Santana Lopes andou por aí (a frase é do próprio no final de um congresso!!!) sem nunca ter uma relevância por aí além. Mesmo com as vitórias nas autarquias…
Foi comentador televisivo onde ficou célebre a sua saída em directo por o canal ter dado mais relevância à chegada de um antigo treinador a Lisboa do que à sua própria análise. Uma atitude que foi muito aplaudida desde a esquerda à direita.
Mas talvez por esta suas atitudes assaz rebeldes, Santana Lopes foi permanentemente visto pelos seus companheiros de partido como “l’enfant terrible”. Escutei há tempos que PSL preferia o PPD ao PSD. Em termos programáticos não entendo a diferença entre as duas siglas, mas acredito que haja quem entenda as distâncias.
Este será porventura o tema político deste Verão. Muito se especulará sobre o futuro próximo deste político.
Para mim Santana Lopes continuará, como sempre afirmou, a andar por aí… Só que desta vez sem as amarras de um partido com o qual já não se identificava.
A liberdade de pensamento tem sempre os seus custos!