Sempre que ouvia falar desta ilha, elogiavam-na pela excelência das suas praias.
Ora sendo eu um apreciador de locais balneares, não queria partir da ilha sem perceber até que ponto o que diziam correspondia à verdade.
Com a questão do covid19 os pequenos almoços no hotel têm de ser previamente marcados o que originou que a primeira vaga fosse somente às 7 e 45 da manhã. Daqui resultou sair do hotel muito para lá das oito e meia da manhã.
Porém o dia estava plúmbeo nada convidativo para ir à praia. Assim desviei a trajectória por outro caminho e a determinada altura encontrei este santuário Mariano.
Segundo está escrito numa das paredes laterais este será o mais antigo santuário dedicado a Nossa Senhora de Fátima e inaugurado em 1933.
Daqui fomos até ao Norte em busca do farol. Todavia surgiu uma pedaço de estrada em terra batida em muito mau estado que me obrigou a evitar chegar tão longe com o carro.
Entrámos em Santa Bárbara onde parámos para um café e comprar água já que, ⁷não obstante o tempo nublado, pairava um calor húmido muito próprio do arquipélago.
Passámos por diversas povoações até que vimos a indicação de Praia Formosa. Após alguns quilómetros eis que deparámos com a raínha das praias dos Açores (dizem!)!
A praia na verdade é muito boa, de areia mais preta que branca e com a as águas tão calmas e tão cálidas que me fez lembrar a longuíssima praia de Porto Santo.
O almoço foi mesmo ali no restaurante à beira-mar e soube divinalmente: arroz de marisco.
Obviamente já comi melhor, mas talvez pelo momento e o local soube-me muito bem!
Saí da praia a meio da tarde para ir visitar a Vila do Porto, sede de concelho!
Uma vila pequena, de gente simpática e donde se destaca para além do seu pequeno porto,
o forte onde poderemos encontrar algumas curiosas explicações para a bandeira dos Piratas, já que esta ilha foi outrora diversas vezes fustigada por ataques de corsários.
Numa loja encontrei algumas lembranças para a família, para partir em busca de um local no meio da Reserva Florestal a quem dão o nome de Recreio das Fontinhas. Aqui tive o previlégio de ver um viveiro de cliptómerias que irão alimentar e renovar a floresta da ilha. Um exemplo!
Finalmente parei na loja onde o Nelson (já aqui falei dele) me recebeu de braços abertos e me vendeu umas meloas... simplesmente divinais.
Resumindo: oito dias de calendário decorridos e mil quilómetros percorridos! Assim terminou a minha aventura no arquipélago dos Açores.
Uma ideia que na sua génese não metia pandemias já que projectei esta viagem logo no dealbar de 2020.
Depois veio o tal covid19 e tudo se transformou. Menos a minha vontade de ver as ilhas açorianas restantes.
Teimei, teimei e acabei por, no passado dia 16, embarcar para Santa Maria no primeiro vôo que a SATA fez para aquela ilha pós-confinamento.
É então sobre estes oito dias açorianos que irei escrever.
SANTA MARIA - A ilha amarela
Cheguei ao Aeroporto da ilha perto da hora do almoço. A questão do covid19 obrigou-nos a perder longo tempo, de forma que quando chegámos ao porto da Vila para almoçar no Clube Naval eram quase três da tarde e já não havia nada para comer. Acabei assim por regressar ao centro e aí almocei. Depois parti da vila, mais à sorte que planeado, em busca de descobrir a ilha que já sabia de antemão ser pequena.
A primeira paragem foi no Pico Alto no meio de um parque florestal fantástico onde abundam as cliptomérias de origam nipónica.São árvores de grande porte e que segundo informação de um vigilante da natureza têm um crescimento muito rápido. A verdade é que há nacos de estrada em que o sol olimpicamente não entra, tal a densidade de arvoredo.
A paragem seguinte já foi bem perto do mar no farol da Maia. Uma ponta de terra que entra pelo oceano dentro. De um lado a Fábrica da Baleia do Castelo, aparentemente há muito tomada pelo mar,
Ao meio o Farol tendo nas suas encostas algumas plantações de vinha
Do lado esquerdo junto ao mar, qual fajã de S.Jorge pode-se apreciar a bela povoação da Maia.
No final da estrada que ladeia o mar nesta povoação podemos apreciar uma das mais belas cascatas. Pena é que fosse Julho e a água fosse pouca. Ainda assim adorei este local.
Talvez este tenha sido o sítio onde fiquei mais tempo (retiranto o de praia, claro!). O som da água a cair da cascata, os patos próximos e o ruído das ondas do mar a bater no basalto negro, criaram uma mistura muito curiosa e que me deu uma paz diferente. Ainda aqui pode-se ainda apreciar um antigo lagar de vinho.
Regressei à estrada para me dirigir a S. Lourenço, uma baía deveras conhecida por estes lados.
São célebres na ilha as suas piscinas naturais. Todavia neste dia o mar não estava com grandes contemplações e mostrou-se sempre muito arisco. Um local bonito, mas sem aquele arrebatamento que o poderia tornar especial.
Curiosamente não muito longe daqui pude observar o Poço da Pedreira. Outro local idílico. Ficam aqui algumas imagens, mas essencialmente registe-se o som natural ali captado.
Um dos ex-libris da ilha dizem que é o "Barreiro do Faneco". Uma espécie de deserto de terra vermelha e seca.
O mapa foi ajudando, mas creiam-me... foi uma desilusão. Na verdade a terra é vermelha e o chão parece árido... mas basta olhar-se para algumas terras no nosso Alentejo no final do Verão e infelizmente vemos coisas bem piores.
Antes de jantar ainda tive a oportunidade de visitar a povoação de Anjos onde, segundo dizem, chegou Cristóvão Colombo aquando do regresso ao Continente europeu, após ter descoberto a América.
Jantei finalmente na Vila do Porto um bife bem saboroso.
Numa altura de pandemia em que estamos (quase) todos confinados, nada melhor que ter uma profissão aliciante que ajude a pessoa e a Natureza.
Na ilha da Santa Maria encontrei essa profissão num jovem extremamente simpático de nome Nelson.
Não, não sei se tem alguma coisa a ver com o grande estratega inglês a quem os ingleses entregaram uma praça para além de uma armada, mas acredito que não. Este jovem a quem comprei duas belíssimas meloas da sua produção e que ele vende num pequeno estabelecimento à beira da estrada é essencialmente um... vigilante da natureza.
Nem sabia que havia esta profisão, mas reconheço que deve ser maravilhosa. Andar permanentemente ao ar livre, cuidar do equilíbrio natural e ainda receber algum por essa vida... sinto que será a minha profissão de fututro...
Bom será na próxima quinta-feira que partirei para a ilha açoriana de Santa Maria, seguindo-se Graciosa para parar finalmente em S.Miguel antes de reotornar a Lisboa.
Porém para que tudo se efective vai ser necessário fazer testes ao Covid19. Será já amanhã num laboratório de análises com o qual o Governo Regional dos Açores assumiu acordos. E assim não pago!
Tendo em conta que tentei andar o mais confinado possível e raramente saí de casa e porque até agora não tive qualquer sintoma (o que também não quererá dizer nada!!) sinto que passarei este teste com alguma facilidade, não obstante a recolha para análise não ser muito agradável.
Fora isso venho aqui solicitar a alguém que já tenha passado por Santa Maria ou pela Graciosa que me dê algumas dicas sobre sítios imperdíveis e restaurantes a não perder.