Aproximava-se o fim das férias. Talvez por isso deixei a visita à cidade de Ponta Delgada para aquela manhã.
Como católico e sempre que vou a alguma ilha dos Açores gosto de assistir a uma missa. Como durante os últimos dias não tivera essa oportunidade espreitei a hipótese de na capital açoriana poder assistir a uma.
Descobri que no Convento de Nossa Senhora da Esperança, onde reside permanentemente a imagem sagrada do Senhor Santo Cristo dos Milagres haveria eucaristia às 8 da manhã. Assim à hora aprazada lá estava eu para assistir. Uma missa rápida, mas repleta de sentido e com a igreja, por sinal muito bonita, cheia.
Já na rua falaram-me da "roda"... Um local onde numa janela colocamos algum dinheiro, damos um toque na madeira, esta roda para logo a seguir ela voltar a rodar com singelas oferendas. Todavia antes escutei uma voz perguntando de dentro:
- Bom dia, há crianças?
- Sim uma neta... - respondi.
- Ai que bom! - escutei.
Surgiram então uma série de artefactos, mas do qual destaco este que ofereci à minha neta de seis meses.
Não é o valor da peça em si, mas tão-somente o gesto que as freiras daquele convento tiveram para comigo.
Já em passeio pelas ruas de Ponta Delgada percebi como esta pandemia influenciou esta cidade. Foi enorme a diferença entre este ano de 2020 e o 2005, ano em que aqui estive pela última vez. Desta vez lojas fechadas, ruas quase desertas, negócios parados. Um (quase) deserto!
Até as portas da cidade parecem ter perdido a graça,
mesmo num raro dia de muita luz.
O carro entretanto ficara estacionado perto da praça de S. Francisco donde se destaca para além da igreja de S. José,
esta espécie centenária com muitos prumos a amparar as pernadas. Li algures que esta árvore é um metrosídero... Mas sem certezas!
Estava então na hora de fazer uma última visita. Os célebres viveiros de ananazes.
Peguei no GPS e andei às voltas até que finalmente encontrei uma plantação de ananazes. Ao invés do que acontecera da primeira vez que estivera em Ponta Delgada e devido ao covi19 não pude entrar nos inúmeros pavilhões, onde se pode observar da evolução deste fruto tão característico dos Açores e único no Mundo, já que, pela explicação dada por uma jovem trabalhadora da plantação, o ananás só se dá em viveiros e nunca ao ar livre como acontece com o primo abacaxi.
Adorei esta visita e tive até direito à prova do licor de ananás. Delicioso!
De repente percebi que o tempo nestes passeios voa. Dei então conta que se aproximava a hora de definitivamente rumar ao aeroporto para entregar o carro alugado, fazer check-in e entregar a mala de porão.
Lá parti, enchi o depósito, cheguei ao aeroporto, entreguei o carro e esperei que o blcão abrisse para dar início à viagem de regresso.
Mais uma vez constatei a tristeza destes dias ao ver um aeroporto completamente às moscas!
É bizarramente assustador!
Nota final
Já foi em casa com papéis na mão que descobri que havia feito mais de 1000 quilómetros de carro calcorreando somente três ilhas e que acabou por titular este breves relatos.
Com esta viagem termino a minha saga açoriana, isto é, já conheço as nove ilhas que fazem parte do arquipélago. Espero regressar para o ano que vem a algumas delas, nomeadamente Flores e Corvo. E quiçá tentar fazer uma viagem em busca de baleias.
Se quiserem saber mais alguns pormenores sobre uma ida aos Açores estou sempre disponível seja por aqui como comentário, seja através domeu email.
Um dos maiores erros dos viajantes é pensarmos que já vimos tudo. E que não haverá nada para ver que seja melhor ou mais atraente.
Aconteceu-me neste dia 7 da minha estadia nos Açores. Saí com o intuito de ir à Caldeira Velha já que no dia anterior não tivera oportunidade. Todavia encontrei-a ainda fechada e como não estava disposto a esperar eis-me a caminho das Furnas. Um caminho bonito ladeado outrossim por hortenses sem, todavia, ter o esplendor dos caminhos à volta das Sete Cidades.
A determinada altura leio a indicação de Lagoa do Congro. Ora... toca a virar para lá convicto que seria dali a alguns quilómetros. Todavia a estrada parecia não terminar e a determinada altura apercebi-me que estava no encosta contrária à ilha mais perto de Vila Franca do Campo.
Lá apareceu finalmente nova indicação, mas logo percebi que a estrada de alcatrão acabava ali. Bom sinal assumi eu já que poderia ser sinónimo de que a lagoa estaria perto. Mau cálculo, mas ainda bem.
Ao fim de mais de seiscentos metros encontro uma seta a direcionar-me para dentro de uma mata e de um caminho a descer. Aí vou eu sem medos à aventura. Penetro num bosque bonito com o arvoredo no seu habitat natural. Curvo-me perante árvores caídas,
ou paro a escutar o som da natureza.
Quando ao fim de um quarto de hora sempre a descer deparo-me com esta beleza,
confirmando a ideia de que em S. Miguel há ainda muita coisa bonita para se ver!
Uma lagoa com peixes negros e quase mansos que surgiam quase à tona de água e onde as velhas árvores desejam descansar.
A subida foi obviamente mais difícil que a descida, mas ainda assim fez-se sem grandes problemas. Cruzei-me no caminho ascendente com turistas todos eles portugueses que desciam em busca desta beleza.
Já no carro regressei ao caminho para as Furnas. Quando cheguei aqui,
já parte dos cozidos à portuguesa tinha saído das covas típicas onde cozem durante longas e lentas horas.
Entretanto as caldeiras continuam em actividade e paira no ar um cheiro estranho a enxofre.
Há muito que o meio dia passou e a fome aperta. Portanto nada melhor que na Vila das Furnas comer um cozido como este.
Sinceramente o meu cá em casa é muito melhor. Mais... gostaria de fazer um cozido naquelas caldeiras, mas com os ingredientes levados daqui.... Aí sim eu poderia com propriedade avaliar o cozido.
Regressei à Lagoa
para finalmente dar conta de um parque que esteve encerrado até 2019. Reabriu agora após o desconfinamento e definitivamente foi um passeio único, imperdível e inesquecível!
Paredes meias com a Lagoa, o Parque Grená complementa na perfeição este local. Em cerca de cinco quilómetros a pé descobre-se uma imensidão de belezas naturais. O Parque está muito bem pensado e, acima de tudo, muito bem aproveitado já que utilizaram muitas das árvores caídas para construirem degraus ou algum corrimão em sítios mais perigosos.
Cascatas, pequenos ribeiros e lagos, arvoredo em profusão, uma natureza pura ali ao nosso dispor,
Já para não falar da vista sobre a belíssima Lagoa das Furnas.
O única problema é que a caminhada é lenta e sempre a subir para se chegar aos seus lugares mais bonitos. Mas vale mesmo a pena. Creio que será um futuro ex-libris da ilha!
A tarde veio mansa e serena pouco convidativa a mais uma volta. Todavia falta a zona norte da Ilha e os seus belos miradouros.
Fiz um desvio à Ribeira Quente onde há vinte anos um desmoramento de terras matou dezenas de pessoas. Depois foi o caminho para a Povoação e Nordeste.
Pela estrada muitos miradouros,
alguns deles autênticas obras de arte em jardinagem.
Cheguei finalmente à Ribeira Grande já noite para jantar...
Como sempre os dias por aqui acordam quase sempre frescos e cinzentos. O avião para Ponta Delgada sairia por volta das três da tarde o que me obrigaria a estar no aeroporto para entregar a mala de porão por volta das duas.
Decidi ficar essa manhã pela vila de Santa Cruz. Uma povoação pequena com algumas obras no seu coração esoecialmente aquilo que parece ter sido dois lagos, ora secos!
Visitei a igreja Matriz a única que apanhei aberta
passeei à beira-mar de um oceano menos anilado que o costume.
Aproveitei o resto a manhã para dar mais uma volta completa à simpática ilha da Graciosa. Um local a revisitar... de preferência a pé!
Já passavam das 5 da tarde quando cheguei ao AL de Ponta Delgada. Um quarto enorme e uma casa de banho também ela grande. A anfitriã recebeu-me de braços abertos e deu logo a indicação de um restaurante para jantar.
Havia mais de 15 anos que não ia a S. Miguel! Notei por isso uma enorme diferença, essecialmente em novas estradas que atravessam quase toda a ilha Verde. Dirigi-me então para Vila Franca do Campo para rever a ermida de Nossa Senhora da Paz elevada numa encosta sobranceira à Vila.
Daqui tem-se uma visão espectacular da povoação e acima de tudo do ilhéu defronte onde da minha primeira visita visitei com direito a uma belíssima banhoca nas águas tépidas.
Visitei o porto que também me pareceu deveras diferente de outrora. Mas percebe-se a necessidade de resguardar as embarcações da fúria oceânica.
A igreja Matriz estava também fechada, mas desta vez talvez devido à hora mais tardia. Parti então em busca do tal restaurante que me haviam referenciado.
Evitei a via-rápida e optei pela estrada osteira. Passei por uma série de praias todas elas repletas de gente, mas onde não parei. É que depois de Formosa em Santa Maria...
Encontrei finalmente a indicação da povoação Caloura para onde me dirigi para, finalmente, jantar!
A estrada sempre a descer levou-me até junto do mar onde estacionei.
Na realidade o restaurante era bom e comi muito bem. Todavia achei que havia gente a mais, mesmo que estivesse numa esplanada. Uma piscina natural,
e uma luz de fim de tarde inesquecível.
Noite dentro e já em Ponta Delgada percebi como a pandemia afectou esta cidade. Contavam-se pelos dedos as pessoas que passeavam na marginal. Uma tristeza invadiu-me...
Valeu pela passagam pela marina. Com muito menos embarcações do seria previsível, mas ainda assim bem iluminada.
Uma manhã e mais uma volta à simpática ilha da Graciosa.
De tarde avião para Ponta Delgada. Ainda a tempo de visitar a Ermida da Senhora da Paz e uma visita a Vila Franca do Campo donde se destaca o seu curioso ilhéu.
Para terminar no bar da Caloura onde jantei lírio e encharéu. Uma verdadeira delícia.
Antes de partir para o alojamento nada melhor que uma fotografia de um por-do-sol.