Há muitos anos que considero alguns dos nossos dirigentes associativos gente pouco competente e sem nível para ocuparem os lugares que lhes foram entregues.
Começando obviamente pelos presidentes dos clubes que durante décadas andaram a enganar os sócios, os adeptos e pior que tudo as instituições financeiras. E contra o meu clube falo porque reconheço que também por lá andou muito tempo gente... incapaz! Ou, quem sabe, oportunista!
Bom... a notícia actual é a queixa que a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol) apresentou ou irá apresentar contra João Pereira (o actual treinador da equipa do Sporting), por este não se encontrar munido de todos os níveis para poder treinar uma equipa da Primeira Divisão. Será curioso (ou talvez não) que Ruben Amorim foi também alvo de queixas semelhantes por parte daquela entidade quando assumiu o comando do Sporting. Convém não esquecer que antes do Sporting Amorim estava em Braga e aí já não havia problema... Digo eu!
Entendo que as regras devem ser cumpridas, mas o que estranho é que elas só são exigidas quando o clube envolvido é o Sporting. Pode parecer coincidência, mas sinto que é mais do que isso.
Não imagino quanto níveis deverá ter o Presidente daquela Associação, nem quantos clubes terá treinado e muito menos quantos troféus terá conseguido na sua vida como treinador de futebol. Também não irei investigar...
O futebol é um desporto e não serão níveis de formação que farão de alguém melhor ou pior treinador. Neste contexto ouso assumir que por exemplo o antigo treinador do Porto não deveria ter sido aprovado, especialmente no nível das relações humanas, já que as suas atitudes foram muitas vezes alvos de duras criticas. E muitos cartões coloridos.
A invejazita soez e mal digerida continua a pairar sobre o nosso futebol sem que ninguém acorde para a realidade de quem através do seu meritório trabalho consegue ser muito mais competente que doutos formandos.
Em primeiro lugar desejo-lhe sinceramente a melhor sorte do Mundo no novel desafio que irá amanhã abraçar. Que ganhe muitos títulos em Inglaterra e coloque a equipa do Manchester a jogar aquele futebol que nos habitou a vermos em Alvalade.
Todavia, e não posso nem devo escondê-lo, a minha tristeza é imensa pela sua partida. Eu sei que é normal dizer-se que o cemitério está cheio de insubstituíveis, mas pegando na máxima de Orwell no livro “O Triunfo dos Porcos” é certo que haverá sempre aqueles que serão mais insubstituíveis que outros.
O Ruben criou uma filosofia no Sporting que nunca tinha assistido… Nunca! A ideia é simples consigo: não interessa como começa o que conta é como acaba!
Também aprendi que o Sporting é um clube tão grande como os demais da Europa como desejava o nosso fundador. Que lutamos até à exaustão pela vitória e que um jogo só acaba quando o árbitro apita para o final.
Hoje o “nosso” Sporting deixou de ser um pobre e triste desconhecido na actual Europa do futebol para se tornar um diamante que lentamente estará a ser polido.
Mais uma vez lamento que parta tão cedo e com tanta coisa ainda por conquistar, mas a vida é feita de ínfimos ciclos que culminam numa bonita estória de vida. Como será certamente a sua!
Sou um sénior apaixonado pelo Sporting e neste momento o que mais gostaria de ver ao vivo seria uma final europeia entre o seu (agora) antigo clube e o seu (actual) Manchester United.
E aí que ganhasse o melhor!
Termino com um óbvio e profundo agradecimento. Por aquilo que nos deu, por aquilo em que transformou o clube do Leão, por todas as alegrias que conseguiu dar aos sportinguistas.
A gente não se lerá por aí, mas estarei muito atento à sua carreira em terras de Sua Majestade.
Nunca vi nenhuma conferência de imprensa de Ruben Amorim enquanto treinador do Braga. Actualmente não perco uma…
Seja na vitória ou na derrota a forma como Amorim estilhaça as perguntas dos jornalistas com respostas assertivas, bem estruturadas e sem nunca fugir ao assunto, traduz uma apetência inata para o lugar que ocupa. Não se refugia em velhas e gastas desculpas quando as coisas correm menos bem, como também não se coloca em bicos dos pés quando ganha.
Aquela postura e discurso não se aprende em nenhum compêndio. Advém, calculo eu, de uma convicção e uma crença que nasce no seu interior e se transmite a quem o escuta.
Nesta altura o que mais me diverte ver e ouvir nas Conferências de Imprensa com Ruben Amorim, não será como pretende ele que a equipa jogue o próximo jogo (isso já todos sabem!), mas perceber como ele se esquiva e sai sempre por cima nas respostas aos diferentes jornalistas.
Diria que este cavalheiro merecia ser um caso de estudo.
Estava desejoso de ouvir o Ruben Amorim na sua primeira Conferência de Imprensa oficial, isto é, antes de um jogo a sério.
De antemão tínhamos que os parâmetros do discurso do ano passado do nosso treinador, foram todos derrubados quando o Sporting se tornou campeão. Deste modo o verbo teria de ser, quiçá, diferente. Ou provavelmente não.
Ontem escutei com a devida atenção a CI do treinador do Sporting. Muito assertivo, como sempre aliás, com uma linha de raciocínio muito prática e coerente. Não fugiu às questões, mas manteve um discurso sereno nada empolgante nem derrotista, apenas consciente das dificuldades que se aproximam.
A diferença escutou-se apenas nas palavras em que assumiu que o Sporting, este ano, partirá para o próximo campeonato, mais forte que o ano passado. Nem melhor nem pior que os seus adversários. Portanto a matriz foi a equipa leonina de há um ano. Touché!
Referiu ainda que haverá maior exigência, tendo em conta as competições em que o Sporting estará envolvido, maior contestação com a eventualidade da presença de público, mas outrossim maior apoio do público leonino.
Assim eis um Ruben Amorim, treinador campeão, ao seu melhor nível e a manter o mesmo foco do ano passado: jogo a jogo!
Sei que ainda faltam duas jornadas para o fim do campeonato, mas se no cimo da tabela as coisas estão definidas, na cauda ainda há muita coisa para decidir. Seja como for e tendo em consideração a vitória de ontem no jogo e consequentemente no campeonato sinto que é a hora de fazer um balanço, obviamente muito pessoal, desta época leonina.
Realisticamente o Sporting ganhou esta época dois títulos ou se preferirem um troféu e um título: a Taça da Liga e o Campeonato Nacional. Para uma equipa quase destroçada não foi pouco. Ruben Amorim entrou em Alvalade já tarde na época 2019/2020, mas ainda a tempo de perceber com que ingredientes iria trabalhar no futuro. Na conferência de imprensa da sua apresentação o treinador pergunta: “E se corre bem? O que podemos mexer com esta gente…”
E correu bem… Como foi então possível? Eis as minhas razões:
Liderança – Ruben Amorim desde cedo soube transmitir aos seus jogadores as suas ideias, não de forma impositiva, mas sendo um verdadeiro pedagogo;
Crença – Acreditar no seu trabalho é meio caminho andado para a vitória e deste modo o treinador do Sporting mostrou sempre muita crença;
Conhecimento – ter sido jogador é sempre um factor a somar, pois percebe os sentimentos de quem está no campo;
Visão de jogo – quantos jogos o Sporting esteve em desvantagem e conseguiu superar o adversário após alterações, provando deste modo que saber ler o jogo é muito importante;
Comunicação – o modo que Ruben Amorim arranjou para se bater com os jornalistas semanalmente tornou-o num mestre de comunicação. Jogo a jogo foi sempre a fórmula correcta, não criando com isso anseios desmedidos;
Querer – a maneira como o treinador leonino festejava os golos leoninos mostrou a força e o querer que havia na sua alma;
Humildade – o assumir alguns dos erros da equipa (por exemplo contra o Marítimo que culminou na eliminação do Sporting da taça de Portugal) mostrou quão importante é percebermos onde erramos, libertando com isso responsabilidade dos jogadores.
É assim de Ruben Amorim a maior quota parte dos sucessos leoninos. Sem este verdadeiro líder de homens, provavelmente, nenhum sportinguista estaria hoje tão feliz.