Para muitos católicos e até não católicos mas que viram sempre em Francisco um exemplo de tenacidade na mudança da mentalidade da igreja, o problema do recente desaparecimento do Papa argentino prende-se com o seu sucessor!
Não interessa se vem de África, América, Europa ou Ásia... o que conta mesmo é saber que fará o próximo herdeiro da cadeira de S. Pedro.
Francisco assumiu muito os erros da Igreja, nomeadamente os abusos sexuais. Aceitou a presença das mulheres numa relação mais próxima, como percebeu que as opções sexuais de cada um não eram uma doença, mas eram isso mesmo uma opção... de amor.
Agora vamos caminhar para o desconhecido. Há quem fale de cardeais mais à esquerda de Francisco e prontos para levar uma maior modificação na igreja, outros mais ortodoxos preferem um recuo das ideias do Papa ora falecido. Como assumem todos será o Espírito Santo a escolher o sucessor de Pedro.
A igreja necessita rapidamente de uma renovação. Provavelmente há século e meio não olhavam para o telefone como algo útil. Hoje todos os padres têm telefones inteligentes e usam as redes sociais para divulgar a palavra de Deus.
Deste modo a igreja terá, mais tarde ou mais cedo, de se adaptar a uma nova e diferente realidade.
Finalmente... sei que a Igreja é a esposa de Cristo, mas esta relação pode não ser suficiente para que a actual comunidade católica continue a crescer.
Quando em Abril de 2005 morre o Papa João Paulo II fiquei, na altura, convicto que dificilmente haveria outro Papa com tanto carisma e força de vontade.
Enganei-me redondamente!
Naquele fim de tarde principio de noite quando da chaminé saiu fumo branco e mais tarde apareceu na enorme janela do Vaticano aquela figura humilde explicou numa frase simples ao que vinha: ser apenas um de nós!
Fê-lo da forma mais humilde, educada e conciliadora: Irmãs e irmãos boa tarde!
Este tão singelo cumprimento aos católicos e ao Mundo fez elevar a fasquia do seu pontificado a um nível jamais imaginado.
Naquele preciso momento, naquele instante fantástico percebi que estávamos perante um Papa que tinha uma Missão neste Mundo: tornar este melhor!
Conquanto foi caminhando no seu pontificado, Francisco foi dando exemplos de humildade e respeito pelos outros.
No que respeita à igreja assumiu os erros plasmados nos inúmeros abusos sexuais perpetrados pelo clero. Abriu a casa de Deus às mulheres e percebeu que a homossexualidade não era, de todo, uma doença. Daí a frase que resume o seu pontificado e proferida em 2023 nas Jornadas Mundiais da Juventude realizadas em Lisboa: uma igreja de todos, todos, todos!
Lutou até à exaustão por uma paz Mundial, alertou o Mundo para a fome, para a violência gratuita, para o ambiente… Fez pontes com outras confissões religiosas e colocou-se sempre, sempre, sempre ao lado dos desvalidos e indefesos.
Vi-o ao longe na Cova da Iria, no dia 13 de Maio de 2017, aquando do Centenário das Aparições de Fátima e dele escutei (e gravei) a assumpção de que: temos Mãe, numa referência à Mãe do Céu.
A morte do Papa Francisco não se adivinhava para hoje, mas percebia-se que o seu estado de saúde era muito frágil. Ainda assim ontem apareceu para desejar uma boa Páscoa e onde se percebeu as imensas dificuldades que teve em falar.
O Santo Papa partiu esta manhã para o Céu.
Como já escrevi desapareceu um dos melhores homens deste Mundo.
Agora na casa do Senhor, Papa Francisco irá certamente repousar em Paz!
A Primavera na Natureza é aquele momento sublime em que tudo se renova. Após meses de hibernação as plantas e os animais reacendem a luz da vida.
É um renovar de folhas, flores que culminarão, por exemplo em muitas árvores, em suculentos frutos. Também os pássaros aproveitam este tempo para darem vida à vida. Os ninhos, futuros lares dos próximos petizes, são construídos com afã, carinho e amor.
Não é claramente inocente que a Páscoa católica seja assim por esta altura. Porque a par da Natureza, o católico também necessita de se renovar no que diz respeito a sua própria fé. Durante um ano vivemos uma vida repleta de desafios, por vezes tão grandes e tão complexos que colocamos amiúde a nossa fé em causa.
A Páscoa, que culmina na vitória da Vida sobre a Morte com a Ressurreição de Jesus Cristo após a sua morte na Cruz, é o exemplo perfeito de como nos poderemos e deveremos renovar, aceitando todos os momentos, bons e menos bons, como provas genuínas da nossa verdadeira fé.
Deus não quer um homem sofredor nem sofrido, mas um homem corajoso e que, munido da verdadeira e renovada fé, aceite o seu dia como uma dádiva!
Cada vez serão menos, em todo o Mundo, os crentes em Deus. E este Deus que me refiro não é unicamente o católico-apostólico-romano, o anglicano, o ortodoxo, o hindu ou Alá. A ideia de Deus perfeito e acima de todas as coisas será semelhante na generalidade das religiões e credos, mesmo as politeístas. Digo eu!
Há dois dias comemorou-se os 20 anos da tragédia asiática quando um enormíssimo tsunami originou ondas enormes que destruiram regiões inteiras matando mais de um quarto de milhão de pessoas. Já para não falar de desalojados.
Devido a esse fatídico dia muito se escreveu e filmou... Uns contando somente aquilo que assistiram horrorizados e impotentes, outros o que lhes aconteceu com diferentes e estranhas análises e conclusões. Umas mais realistas outras quase romanceadas. Até de um autor português, entretanto desaparecido, li sobre este terrível tema. Curiosamente, ou se calhar não, o livro chama-se "E Deus pegou-lhe pela cintura"!
No passado dia 26 li que uma jovem portuguesa, na altura dos acontecimentos com apenas 13 anos, escrevera e publicara recentemente um livro sobre o que lhe havia acontecido. Disse a autora que a determinada altura e no meio de todo aquele gigantesco alvoroço de água, lama e destroços, gritou por Deus e que logo á frente viu um cabo ao qual se terá agarrado. E salvo.
Este brevíssimo relato fez-me recuar perto de meio século quando logo a seguir ao 25 de Abril, na pacata e piscatória vila da Nazaré, muitos pescadores quando se viam aflitos para chegar a terra vindo do mar tempestuoso (as ondas gigantes são do outro lado do promontório) rezavam a Deus e essencialmente à Nossa Senhora da Nazaré que lá do Sítio velava pelos homens do mar! O curioso é que naquela altura muitos pescadores haviam renegado as suas crenças em Deus e nos Santos protectores porque não queriam estar ligados á igreja que apoiara o Estado Novo, recentementre destituído por um golpe de Estado.
Também na nossa normal linguagem o "se Deus quiser", "por amor de Deus", "Deus queira que sim" é usado amiúde. Entretanto os americanos mais susceptíveis com estas coisas sbustituiram o conhecido "Oh my Good" por um idiotismo "Oh my gosh" (nem imagino se será assim que se escreve!).
Dito isto diria que muitas pessoas não querem, nem gostam, nem supostamente necessitam de acreditar em Deus. Porém quando sentem os fundilhos bem apertados é ouvi-los em preces para com o tal Deus que não existe, nem acreditam.
Eu, ao invés, acredito sempre Nele, mesmo quando as minhas coisas correm menos bem!
Durante muito tempo a minha relação com a fé e a igreja dependia do que os meus pais reservavam para mim. Neste sentido recebi quase todos os sacramentos: catequese, primeira comunhão, comunhão solene, escuteiros…
Numa fase mais adiantada da minha vida segui, qual ovelha desnorteada, os passos com quem convivia. E afastei-me da igreja, se bem que da fé… nem sabia bem o que isso era.
No entanto nunca fechei o meu coração à Palavra de Deus apenas fiz um intervalo (quase) sabático.
Acabei bem mais tarde por casar pela igreja, baptizar os meus filhos e dar a estes uma educação religiosa cristã, que eles mais tarde não pretenderam seguir.
Aproximei-me da fé cristã porque encontrei nela a paz que necessitava. Peregrinei muitos quilómetros e nos caminhos achei muitas respostas, mas assumi também muitas dúvidas. E ainda bem que assim foi pois tornou-se sinal de verdadeiro caminho de fé.
Há cerca de dois anos, na minha derradeira peregrinação a Fátima e em conversa com o padre que nos acompanhava decidi que havia um sacramento que me faltava e não gostaria de partir deste Mundo sem o receber. Falo do sacramento da Crisma.
Assim regressei recentemente à catequese, desta vez de adultos, para que com ela ou nela encontre novas respostas ou quem sabe mais dúvidas.
Diria que Deus lá saberá, na Sua infinita sabedoria, do que eu necessito realmente.
Sou católico! Se agora estou menos participativo, tempos houve em que não falhava uma eucaristia semanal! Só que a vida coloca-nos tantos desafios que a determinada altura há que saber escolher. E eu geralmente escolho a família!
Não obstante a minha fé será mais cristã que meramente católica-apostólica-romana, pois sinto que Cristo é a minha verdadeira fonte de inspiração. Muito na linha do que me disse cdrta vez um padre amigo: há muitos católicos, mas poucos cristãos!
Se sou um homem de fé também tenho a mente e espírito aberto e sem quaisquer pruridos no sentido de aceitar os que são ateus, agnósticos, muçulmanos, ortodoxos, protestantes e obviamente testemunhas de jeová!
Ora bem... passemos então ao que aqui me trouxe!
Conheço um homem idoso que fez da sua garagem um autêntico museu de coisas velhas e sem valor, mas que para ele fazem sentido ter! Tirando uma peça ou outra com alguma graça tudo o resto vale... zero! No entanto sempre que tenho algo para deitar no lixo penso primeiro nele e se estará interessado na coisa. Geralmente quer tudo!
Um destes dias, ainda antes do Natal, apresentei-me na sua garagem com mais uns objectos que ele adorou. Tem sempre o cuidado de me perguntar quanto é, cuja resposta nunca difere: não é nada! Quando estava para me ir emborra despedi-me e tive este breve diálogo final:
- Então Bom Natal - e estendi-lhe a mão num cumprimento.
- Ah mas eu não ligo ao Natal... sou Jeová! . respondendo ao cumprimento manual.
- Desculpe, não fazia ideia!
- Não faz mal.
Para logo acrescentar:
- Também não comemoro os meus anos. Ainda fiz há dias anos... - nem prosseguiu.
Logo percebi que ninguém lhe dera os parabéns!
Parti então para a minha vida, mas esta ideia do aniversário... ficou pendente na minha mente! Só hoje, finalmente, é que me debrucei sobre este assunto pois fiquei sem perceber porque alguém, seja de que crença for, não pode ou deve comemorar o seu aniversário.
Será que para algumas confissões religiosas mais radicais viver torna-se... pecado? É que se não é, pofr este testemunho, parece!
Acabou já de madrugada em Portugal a final de ténis do Open dos Estados Unidos que colocou no "court" principal de Flushing Meadows o sérvio, já veterano, Novak Djokovic contra o russo Danil Medvedev repetindo-se assim a final de 2021. Nesse ano foi o atleta russo o grande vencedor. Desta vez foi Djokovic! De forma meritória!
Há muito tempo que não assistia em directo a uma final do "Grand Slam". Durante mais de três horas vi bom e menos bom ténis, como acontece quase sempre.
O curioso é que enquanto o público presente rejubilava com fervor os pontos ganhos tanto por um como por outro atleta, muitas vezes as câmaras passavam pela assistência e insidiam amiúde sobre os apoiantes de Novak e de Danil.
Consegui perceber o apoio da esposa e dos filhos do campeão sérvio e o profundo nervosismo da mãe de Djokovic plasmada numa postura religiosa como pedindo a Alguém que ajudasse o filho a conquistar mais um título. Lembrei-me também duma velhíssima frase: mãe... é sempre mãe!
Por fim Djokovic após a vitória persignou-se perante milhares de espectadores presentes (não imagino os milhões pela televisão).
E é aqui que pretendo chegar... Num tempo em que a fé religiosa é considerada quase um atentado, gostei que o sérvio mostrasse a sua perante tanta e tanta gente.
Eu que em privado critiquei este atleta por não aceitar as condições impostas pela Austrália aquando do Open do ano passado por causa do Covid-19, é de toda a justiça aplaudir o seu gesto de hoje.
Mostrou-se um campeão na conquista do seu 24º título do Grand Slam. No court, na vida e na fé!.
Temos a (errada) ideia de avaliarmos os outros países pela matriz com que nos regemos no nosso. Todavia olvidamos o que para nós pode ser algo impensável, em outras culturas tudo é viável e naturalmente bem aceite.
O Afeganistão (que eu nunca visitei) parece ser um desses países onde a cultura e a religião fanática se juntam numa mistura, no mínimo, explosiva.
Para além dos preceitos religiososs muitos ortodoxos seguidos pelos talibãs, há algo que me incomoda e que se prende com a forma como lidam com as mulheres. Estas são autêncticas escravas de homens sem qualquer conhecimento da realidade mundial. Sei que para além da questão religiosa esta maneira pouco humana de tratar as mulheres se prende essencialmente com uma cultura, que é no mínimo selvagem. Nem os animais tratam as suas fêmeas da mesma maneira que os guerreiros talibãs-
O lado ocidental apenas pode denunciar as atrocidades... já que pouco mais pode fazer.
Mas nisto tudo o estranhamente curioso foi ler alguma esquerda lusa a regozijar-se com a saída dos americanos do Afeganistão, olvidando o estado em que ficaram as pobres das mulheres afegãs.
Não posso deixar hoje de escrever sobre a minha relação com a fé. Sou católico, mas como diria o meu bom amigo padre J.: há muitos católicos, mas poucos cristãos.
Infelizmente ele parece ter cada vez mais razão.
Portanto aprendi nesta longa caminhada de mais de sessenta anos que não vale a pena andarmos por cá a fomentar guerras marialvas porque um dia vamos embora deste Mundo terreno e não levamos nada connosco.
Assim sendo prefiro ajudar quem precisa.
Nesta quarta-feira de cinzas o meu avô costumava sair de casa de madrugada para regressar só à noite de forma a não cair na tentação de comer carne. Jejuava portanto. Eu já não o faço!
Portanto começa hoje a quaresma católica que culminará na Páscoa. Quarenta dias mais os domingos que deverão servir para quem tem fé, para viajarem ao interior de si próprios e procurarem qual o melhor caminho para as suas vidas.
Parece assim, à primeira vista, algo estranho e quase enigmático, mas quantos de nós necessitamos de parar e rever os nossos passos. Este tempo quaresmal no fundo serve para isso mesmo: relançarmos à terra renovadas sementes para que cresçam searas recheadas de novas ideias e melhores atitudes.
Sei que é fácil falar. Que muitas vezes não conseguimos controlar os nossos impulsos internos, mas tentemos… tentemos sinceramente ser diferentes.
Quem por aqui passa amiúde sabe que sou católico, professo uma fé, que peregrino, vou à missa sempre que o meu espírito manda. Mas nada desta minha postura me tolda o discernimento no que respeita à postura da instituição Igreja em face dos seus crentes e dos seus padres.
Sempre achei que ser-se padre não é para todos. É necessário sentir o tal “chamamento” do Espírito Santo. Mas como tudo na vida há momentos de dúvidas, incertezas, que podem originar dilemas pertinentes.
O celibato dos padres é uma das mais importantes questões que se levantam actualmente. Será que faz sentido os padres não poderem constituir a sua própria família?
Sinceramente e por aquilo que tenho observado sinto que os padres poderiam perfeitamente casar. Aceito que aquele que o fizesse ficaria sujeito a ser pároco toda a vida sem poder ascender a outro patamar dentro da igreja. Mas provavelmente seria muito melhor padre que seria como Bispo…
Na minha vida conheci, pelo menos, três exemplos de homens que abandonaram a vida eclesiástica para assumirem uma relação fora do contexto da igreja. São hoje homens felizes, realizados e não perderam, ao contrário do que muitas vezes se faz constar, não perderam repito, a fé!
A sociedade “civil” ganhou homens e pais fantásticos, exemplos únicos.
A igreja perdeu padres fabulosos, exemplos perfeitos de como a igreja não deve proceder.
Depois não se queixem de não haver vocações ou da população se afastar da fé católica apostólica romana e optando por vezes por congregações muito duvidosas!
Caberá futuramente ao Vaticano rever os seus dogmas. Assim queira o Papa Francisco e a Curia Romana!