que durante todo o tempo que vivi em casa dos meus avós ouvia bater as horas e as meias horas durante todo o dia e toda a noite. Hoje mora comigo no meu escritório. Tenho andado em limpezas e ontem calhou ao escritório. Peguei neste companheiro para o limpar com todo o cuidado e carinho, como sempre faço anele e âs dezenas de aparelhos semelhantes, que possuo.
Estava eu de volta dele quando reparei na parte de trás do relógio e percebi uma data: 1935!
Isto é, oitenta e oito anos nos separam! Este menino passou a guerra civil de Espanha, a Segunda Grande Guerra, uma série de eventos Mundiais, para em 2023 estar ainda a trabalhar. Sem requerer reforma.
Um modelo "Beira" com o número 219, feito pela conhecidíssima Fábrica de Relógios "A Boa Reguladora! de Vila Nova de Famalicão.
Não é uma raridade, nem uma velharia, apenas um exemplar de como o tempo não pára!
Quando foi para tirar as coisas de casa por causa das pinturas de interiores um dos objectos que teve de sair foi este relógio de parede.
Este medidor de tempo tem a característica de ser também um relógio de ponto usado quiçá numa fábrica ou escritório.
Na realidade naquele momento o "menino" estava parado, eventualmente com falta de corda. Mas não! Pois quando o tirei da parede e o coloquei no chão da garagem ele, de repente, iniciou a trabalhar.
E esteve assim o tempo todo que duraram as pinturas. Entretanto na semana passada voltrei a colocá-lo no lugar a que pertence e... deixou outra vez de trabalhar.
Estranhei a situação, mas deixei para esta semana a resolução do mistério. Hoje logo pela fresquinha tentei que ele trabalhasse. Após muitas tentativas o idiota teimou em continuar mudo e quedo.
Voltei a retirá-lo da parede pousei-o no chão, mas desta vez ele continuou imutável. Aborrecido e triste acabei por voltar a pendurá-lo na parede, dizendo:
- Pronto não queres trabalhar ficas aí a servir de bibelot...
E não é que desta vez ficou a trabalhar sem que eu tenha feito rigorosamente nada?
Tal como havia prometido aqui, chegou ontem a casa mais um relógio de parede. Antigo relógio de ponto este "Simplex" (terá sido a esta marca que o outro veio buscar a ideia?) veio de Serpa onde no Museu do Relógio se sujeitou às mãos habéis dos mestres relojoeiros que fizeram um trabalho fantástico.
Recebi-o como prenda de aniversário quando fiz 10 anos. Não imagino quanto terá custado, mas para a época não terá sido naturalmente muito barato. Naquele tempo senti-me quase importante por ter um relógio de pulso. Como a vida hoje é tão diferente...
Até há bem pouco tempo estava a trabalhar. Fui achá-lo ontem parado mas com a corda toda. Pronto lá tem de ir ele ao médico especialista.
Foi meu companheiro nas boas e más horas... E só em 1980 o substituí por um outro mais moderno mas que rapidamente feneceu.
A bracelete de origem já se estragou faz muuuuuuuuito tempo. Todavia assim que regresse ao meu convívio brindo-o como uma nova.
Enfim este pequeno aparelho é outra das fantásticas referências do meu já longo passado. E que jamais olvidei!