Em 2022 (já? como o tempo passa!!!), escrevi este postal donde assumia um certo lamento por blogues que deixavam de existir e por outros cuja actividade desaparecera.
Não escrevi como uma crítica, mas tão somente como a constatação de um facto... triste!
Por isso cabe-me também agora saudar o regresso de uma das bloguers mais importantes deste lago de escrita. Em 2018 era quase uma recordista, batendo-se taco a taco com alguns dos melhores blogues em número de comentários, especialmente aqueles colectivos.
Em Outubro daquele ano deixou de escrever... Perdeu nesta mão cheia de anos que esteve ausente os desafios que por aqui voaram e alguns outros que este sapal fez crescer. Mas a vida por vezes não se compadece e há que optar!
Regressou mais de cinco anos volvidos a sua paragem, porém muito mais rica, pois foi mãe de duas meninas e com enorme vontade de mostrar serviço.
Para quem não a conhece chama-se Chic'ana e saúdo o seu retorno a este sapal com imensa alegria!
Tirem daí o sentido aqueles que julgam que por eu estar reformado não trabalho. Longe disso! Pior... para além de fazer muita coisa tenho também horários a cumprir.
Portanto quando a meados do mês de Agosto fui para a Margem Sul para banhos e sol considerei que ia de férias. É verdade que apanhei três semanas seguidas de sol, calor e muita praia, mas as duas últimas semanas tive a cachopita pequenina como companhia e pronto... eis-me novamente cheio de afazeres e horários a cumprir.
Porque a criança ainda é pequena, come cedo e dorme a sua sesta.
Finalmente hoje foi dia de regressar. Sem a neta que ficou com os pais que entraram agora de férias, mas vou ter umas semanas bem complicadas com limpezas grandes, diversos exames médicos, um implante para colocar e finalmente uma viagem programada até Águeda, onde nunca estive, ou se estive nem me recordo!
Acabaram-se as férias mas não se acabou a vontade de descansar!
Após mais de uma semana por terras beirãs em actividades de cariz rural, eis-me de regresso a uma certa normalidade onde a realidade dos nossos dias e os estranhos pensamentos que me assaltam andam de mãos dadas.
Politicamente o País caiu nas malhas de uma dissolução assaz falada, mas jamais credível pelos diversos partidos da oposição governamental.
Desportivamente no futebol tudo como dantes e agora com uma paragem para compromissos de selecções.
Socialmente não imagino o que se passa pois nunca fui adepto das colunas sociais e quejandos. Prefiro a velha tasca barulhenta a avinagrada, mesmo agora que não bebo.
Pronto afasto-me um pouco da cidade e quando regresso... está tudo na mesma.
Após chegada de férias tenho geralmente de me reconfigurar com as actividades novas actividades domésticas. Novas que são, no fim de contas, as de sempre, mas que durante três semanas perdi o hábito de as fazer... Mas ganhei outras que entretanto tive também de as esquecer!
Todavia a primeira coisa que fiz esta manhã após o pequeno almoço foi lavar o carro... De preto que é a sua cor original, apresentava ao fim das férias uma tez entre o cinza e outra cor qualquer. Entretanto o jardim foi outrossim podado!
Aproxima-se a época de fazer as plantações de inverno. Amanhã vou começar a cavar a terra para ali serem plantadas as próximas couves do Natal. Que ainda nem comprei... quiça no fim de semana numa feira aqui perto!
O feijão verde já secou e as nabiças já foram todas colhidas e confeccionadas. Restaram os tomateiros muito desfolhados é certo, essencialmente devido ao calor, mas ainda carregados de frutos.
Só que este ano ando numa luta para arranjar lugar para as couves... Há demasiado espaço ocupado porque esqueci-me que ainda estão semeadas as batatas doces.
Há quem diga que nunca se deve regressar ao sítio onde se foi feliz.
Mas palavras leva-as o vento e por isso tendo acordado novamente com o dia chocho, decidimos dar uma volta pela bela cidade de Almada.
Nasci em Lisboa, vivi na aldeia até aos 6 anos, altura que regressei a Almada para ingressar na escola. E por aqui fiquei 26 anos, isto é, até casar!
Porém em Almada reconheço que passei os meus melhores anos. Ou sendo mais preciso vivi. nesta cidade virada para a capital. tempos fantásticos com tudo o que este adjectivo pode incluir.
Hoje achei que era tempo de rever locais, já que amigos seria assaz difícil.
Comecei por Cacilhas onde em tempos idos os burros eram o meio de transporte ideal e primordial e que naturalmente deu nome à povoação. Estacionei o carro naquilo que foi em tempos parte das oficinas de uma doca de reparações e dirigi-me para a beira do rio. Aquele enorme largo onde apanhei milhares de vezes autocarros para casa (e não só) ou barco para ir trabalhar (e não só) apareceu completamente desconfigurado. Porque há agora o Metro de superfície retirando aos autocarros muitos destinos. Depois uma série de obras e um conjunto de ruas limitrofes modificadas para pedonais.
Busquei as margens do rio Tejo começando na rua do Ginjal e parando apenas no Olho de Boi onde hoje se pode encontrar o museu Naval de Almada. Será bom não esquecer que durante muitos anos na zona ribeirinha de Cacilhas havia uma industria de pesca pujante, desde pesca de arrasto como de bacalhoeiros. Conheci mesmo quem tivesse vivido nessa estranha vida errante.
Porém aquela zona está completamente ao abandono. Alguns (poucos) pescadores à linha, armazéns completamente destruídos com algumas placas a avisar do perigo de derrocada e enormes painéis de grafitti. Todavia houve um que se destacou...
Uma invulgar imagem de "El Pibe" falecido em Novembro do ano passado. Tirando isto, só vi ruínas e mais ruínas.
E mesmo o elevador panorâmico não trouxe vida ao local já que estava em reparações. Deste modo subi a estrada do Olho de Boi até à zona velha da cidade de Frei Luís de Sousa.
Depois dirigi-me ao velho jardim encostado à velha fortaleza Almadense e onde vivi momentos inesquecíveis. Daqui tem-se ums perspectiva da capital. Depois a Ponte que é a passagem para a outra margem, sob o olhar atento do Cristo-Rei e do tal elevador panorâmico.
Passam autarcas, presidentes, governos, mas a cidade velha continua só e mal estimada. Muitos edifícios devolutos, outros já quase em ruínas e até li uma placa que dizia "IMI agravado" numa velha semi destruída.
Já a caminho novamente de Cacilhas encontrei uma questão bem pertinente...
... numa edilidade, que desde o 25 de Abril, sempre foi de esquerda!
Um passeio que deu ainda para rever um velho amigo (ai que saudades, ai, ai) da noite: o R. dono de um pub onde me perdi demasiadas vezes.
Fui hoje pela primeira vez este ano, à praia. Um grande atraso em relação a anos anteriores (cheguei a ir em Março e Abril), mas justificadamente desculpado já que a minha vida não tem sido muito fácil, tendo em conta diversas obras a que submeti a minha casa.
Nada de muito complicado, mas o suficiente para ter que estar longe a aguardar conclusão dos trabalhos.
Regressei assim este fim de semana à minha casa que não sendo enorme, ainda assim dá muito trabalho a limpar e a arrumar. Porém não deixei de ir hoje fazer a minha estreia balnear.
Fui cedo, algo que em mim não é comum, mas contando que o dia iria estar quente calculei (e bem!!!) que a praia se encheria num ápice.
Deu para perceber que quase ninguém andava com máscara (eu incluído), mas percebi também sérios cuidados nos afastamentos.
A água fria como sempre, mas serena e quase apetecível não fosse a hora tão madrugadora. Após uma caminhada de uma hora deitei-me na areia e deixei que o Sol me inundasse de vitamina D.
Hoje de manhã tocou o meu telemóvel. Era a minha vizinha do lado a comunicar-me que o marido havia regressado a casa após 24 dias internado com Covid19.
A meio desta manhã acabámos por nos encontrar na rua. Percebi logo que perdera muito peso e sendo ele alguns anos mais novo que eu… quase que parecia meu pai. Todavia fiquei muito contente por o rever!
Dentro do seu carro e pela janela estendeu-me, ainda assim, o punho fechado num cumprimento e eu devolvi um cotovelo. Rimos os dois.
Só podia…
Este meu amigo, vizinho e companheiro de caminhadas por estradas de Fátima, percebeu da pior forma que a sua vida esteve por um fio… muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito fino!
Perguntei-lhe como era no hospital e ele respondeu-me simplesmente:
- É um caos para os médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar! Mas eles não conseguem fazer melhor. Não há hipótese!
Esbocei um trejeito preocupado.
Ele percebeu e seguiu no seu carro estranhamente bem devagar!
Há três coisas em mim que me definem como não estando bem: não ler, não escrever e passar demasiado tempo na cama.
Foi o que aconteceu nos derradeiros dias. Longos dias a dormir no sofá mesmo sem febre e nenhuma vontade de aqui vir para ler ou escrever seja o que for.
Estive assim durante muitos dias. Demasiados!
Agora tento regressar aos poucos a uma normalidade que quase não tinha consciência de existir. Todavia alguma tosse ainda perdura estando já a ser combatida com velhas mezinhas .
Digam o que disserem os antigos tinham muitas curas para estas maleitas.
Portanto estou de regresso, com calma, serenidade e vontade de escrever!
Termino com um agradecimento a quem se preocupou comigo e com o meu estado. A todos vós um grande "bem-hajam"!
Pois é, o tempo passa demasiado depressa. Ainda agora parece que cheguei e já vou voltar ao trabalho.
Mas a vida é mesmo assim, tal qual as marés que o mar vai levando e trazendo. Sem interrupção.
Há quem sofra horrores com o stress de voltar de férias. Curiosamente nunca sofri disso, mesmo quando o meu ambiente de trabalho não era o melhor.
Afirmo sem rodeios que me sinto um privilegiado: por ser minimamente equilibrado, por ter família, amigos, por poder escrever mesmo que mal, por ter doenças e ter coragem para as enfrentar. Por ter fé que alimenta a minha alma e acima de tudo porque tenho trabalho.
Segunda-feira entrarei naturalmente no meu gabinete de cara alegre. A alegria de quem se contenta com muito pouco, mas essencialmente por ter alegria no regresso...
Porque constato que cada vez mais há gente que não sabe regressar...
Ah pois é... julgaram que se livravam de mim assim tão rapidamente? Pois... se tiveram esse julgamento erraram.
Bom a história deste meu afastamento conta-se mais ou menos assim:
Desde o passado Sábado e até hoje às 17 horas andei pela aldeia dos meus pais na apanha da azeitona. Sei por experiência própria que a rede naquele lugarejo é quase nula, ao mesmo tempo não me parece bem o meu pai estar a pagar por um serviço que só eu ou os meus filhos usamos quando lá vamos.
Ora vai daí escrevi este texto, antecipadameente, para ser publicado no Sábado, já andava eu no meio das azeitonas.
Por outro lado tentei perceber como seria a minha vida sem a escrita. E mui humildemente confesso: não foi vida.
Apenas sobrevivi!
Por isso, hoje de regresso à civilização de internet (mesmo que seja a mais de 200 quilómetros de Lisboa), estou aqui para vos comunicar que estou de volta.