No passado dia 20 recebi a minha reforma. Fui verificar o valor, já que nunca é igual e agora com os juros a subir cada mês recebo menos. Todavia notei também a transferência para a minha conta dos tais 125 euros oriundos do IRS e que o Estado simpaticamente me "ofereceu".
Coloquei aspas na última palavra porque, se há algo que aprendi na vida é que ninguém oferece nada a ninguém... Muito menos o Estado Português!
Ainda estou para perceber o que pretende António Costa e o seu governo com esta medida. As eleições estão ainda longe e com a maioria absoluta este governo gere este rectângulo a seu bel-prazer. Portanto... há algo aqui que não entendo!
Mas no fundo esta mitigação da inflação é um logro, já que rapidamente parte desse dinheiro revertará para o Estado através dos impostos directos e indirectos (IVA, ISP), só para dar dois exemplos. E para o ano não haverá aumentos das reformas mais baixas...
Não seria preferível baixar o IVA no pão? De uma forma geral todo o português come diariamente a sua carcaça! E estas não são nada baratas...
Entretanto já gastei o dito graveto. Essencialmente comprei... raspadinhas. Gastei a massa toda mas diverti-me à brava a raspar!
Hoje mais uma história num supermercado. Perto das seis horas e tenho três compras para pagar. A fila é relativamente extensa mais vai-se despachando. À minha frente diversas senhoras aguardam tal como eu para pagar.
Reparo então numa idosa que chegou à caixa com um braçado de compras e tem com a empregada o seguinte diálogo:
- Boa tarde menina.
- Boa tarde - a empregada pega nas compras e começa a passá-las pelo leitor de código de barras.
Diz a anciã:
- Só tenho 3 euros. Destas compras todas escolha até esse valor.
A caixeira pegara logo num pacote de manteiga.Perante a limitação devolve:
- Mas ó minha querida, só este pacote custa mais que os 3 euros...
- Então esse não vai...
Demorou um pouco a escolha entre os produtos levados para a caixa, quase todos essenciais, aqueles que três meros euros podiam pagar. Finalmente.
- 2 e 71... - disse a menina da caixa.
A idosa entregou as duas moedas, recebeu o troco e levou os dois litros de leite, um pão e um chocolate nas mãos, porque os sacos também se pagam e são caros.
Quando entrei no mercado de trabalho fui obrigado a descontar do meu rendimento determinado valor, que seria para a minha futura reforma. E todos os meses, durante trinta e tal anos, assim tem sido feito.
Isto tem-se passado comigo e com todos os trabalhadores deste triste País. E a única certeza é que quando chegarmos à hora da reforma o Estado tem esse dinheiro guardado para mensalmente me ir entregando até… morrer!
Puro engano!
O que era verdade há uns anos hoje não passa de uma utopia. O Estado abarbatou-se com parte do meu vencimento e quando pretendo o retorno eis que o mesmo Estado se nega a dar o que eu “não voluntariamente” descontei, alterando assim as regras do jogo.
Mas o que atrás descrevo não é nada que não se saiba ou se sinta já. Todos temos sofrido na carteira esta form(ul)a sui generis de nos roubarem o dinheiro… Porque é de um roubo descarado que se trata, digam o que disserem!
Ora então dei por mim a pensar…
1 - Se o Estado não paga as reformas conforme foram previamente acordadas e ninguém o leva preso (havia de ser giro!), porque não rasga o Estado os acordos com as tão conhecidas e sorvedoras de dinheiros PPP’s?
2 - Se o Governo tem coragem de deixar crianças irem para a escola com fome por os pais se encontrarem desempregados, ou outrossim olvidar os idosos que durante tantos anos trabalharam e descontaram, para agora cortarem nas suas míseras reformas, como não tem a mesma coragem para perante as PPP’s fazer o mesmo?
3 - Se o Estado tem intenção de cortar subsídios de férias e Natal a públicos e privados, porque não corta nos dinheiros para TODAS as Fundações, sejam elas de carácter for?
São provavelmente muitos “ses”. Demasiadas condições para um país à beira de um colapso colectivo e com um Governo incapaz de optar por atitudes realmente corajosas e radicais a bem do seu povo, que foi quem o elegeu. Não a MerkelTroika!