Desorganização Florestal!
Os incêndios que deflagraram em Portugal nos últimos anos com consequências desastrosas e devastadoras por todos sobejamente conhecidas obrigou o Estado, conjuntamente com as autarquias e entidades especializadas, a impor regras na limpeza de matas, especialmente ao redor das povoações ou de casas isoladas.
Algumas dessas regras incluem datas limites de queiumas e queimadas sujeitas, na maioria dos casos, às condições atmosféricas.
As autoridades competentes foram assim mandatadas não só para gerirem as autorizações, mas outrossim para autuarem quem não proceder em conformidade. Mas é aqui que ninguém se entende ou pelo menos há interpretações divergentes no que concerne a qual autoridade se deve pedir autorização para queimas e queimadas.
Dou um exemplo concreto: há umas semanas solicitei a uma equipa de Sapadores Florestais que me limpassem um terreno que havia comprado e que posteriormente queimassem os sobrantes. A determinada altura telefona-me o Sapador responsável dizendo que necessita de uma autorização do ICNF para a queima.
Rapidamente acedo ao sítio, registo-me e peço autorização devida. Meia hora depois recebo luz verde para a queima que endereço ao individuo.
Começam então aqui as minhas dúvidas: um sapador florestal devidamente credenciado equipado com veículo de apoio com água necessita também de autorização para queima? Sinceramente não entendo!
Bom… este fim de semana gordo fui até à Beira Baixa conferir o trabalho feito pelos tais Sapadores e eventualmente deitar fogo aos inertes que eles não conseguiram queimar por a lenha estar demasiado verde….
Novamente através do sítio do ICNF solicitei autorização e mais uma vez esta me foi atribuída. Sem temor e com o tempo favorável para actividade deitei fogo aos sobrantes e daqui não ocorreu qualquer acidente.
Todavia no café da aldeia cada um dava o seu palpite sobre a quem comunicar o intuito de fazer uma queima: GNR, Bombeiros, Direcção de Florestas, Protecção Civil, 117, Junta de Freguesia. Admirou-me ninguém falar no PR.
Cento e cinquenta quilómetros mais para leste a fórmula é bem diferente: basta ligar aos Bombeiros, dizer onde se quer fazer a queima e esperar pela resposta, que é dada logo de seguida. Nada de ICNF ou qualquer outra entidade.
É por estas e muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuitas outras que o país anda completamente à deriva e ninguém dá indicações específicas, simples, concretas, de forma a facilitar o trabalho a quem quer manter os terrenos limpos.
Depois há ainda quem se admire com Verões demasiado “quentes”.