Há muuuuuuitos anos havia um aviso rodoviário na televisão e que era muito curioso. A cena passava-se num deserto onde surgia um cruzamento tendo um dos lados um sinal de "STOP". Eis então uma viatura e que não obstante ter visão para todos os lados parou no sinal vertical à sua frente. Logo vinha a frase:
"Até no deserto o STOP é para parar"-
Muitos anos volvidos chega-me a foto infra captada em pleno deserto do Saara e para a qual tenho algumas dúvidas em legendar. Seguem três hipóteses, avançados por mim, mas se tiverem outra que se coadune mais façam o favor de dizer.
Foto de J.P. Ribeiro
Hipótese 1 - À dúzia os camelos são mais baratos;
Hipótese 2 - Onde está o "STOP"?
Hipótese 3 - Com este trânsito mais vale descansar!
Há meio século corria na televisão lusa, ainda a preto e branco, um anúncio de prevenção rodoviária que dizia assim: atrás de uma bola vem sempre uma criança!
Na realidade naqueles tempos as crianças brincavam quase todas na rua (parece estranho, mas é verdade!) e quando a bola fugia corria-se sempre atrás dela sem a preocupação do trânsito (o que era?). Daí o anúncio.
Os tempos mudaram muito. Oh se mudaram!!! As crianças preferem uma qualquer consola com o ar viciado e tétrico de quatro paredes, ao ar livre. Optam por brincadeiras sem nexo, sozinhos ou com gente a quem nunca viram o olhar. Deste modo o velho anúncio já não fará qualquer sentido... Ou será que ainda fará?
Bom tudo isto para validar que provavelmente o anúncio com algumas alterações faria ainda jus. Uma delas seria que em vez de "uma bola" seria "em frente ao Multibanco".
Pois é... a frequência com que vejo gente a abandonar a caixa de Multibanco e olimpicamente atravessar a estrada sem qualquer cuidado com o movimento de viaturas é deveras assoladora.
É que colocam as suas vidas em perigo e podem originar muitos estragos nas vidas dos condutores.
Assim seria o anúncio: "à frente de um Multibanco sai sempre um estupor para a estrada!
Quando me cabe tomar conta da criança mais velha cá de casa, ligo sempre o televisor.
Não é que eu lhe ligue alguma coisa ao que lá se passa, mas a anciã precisa de se entreter com alguma coisa. Entretanto quando estou por ali dou conta da quantidade de publicidade que apresentam.
Aquilo são pilulas milagrosas, colchões maravilhosos, equipamentos domésticos jamais vistos ou próteses para tudo e mais alguma coisa "eumpardebotas".
Sei que a televisão tem um poder enorme tanto nas vendas como na influência de opinião. A velha expressão "mas eu ouvi na televisão" ainda continua no espírito de muitos espectadores, como se a caixa que mudou o mundo fosse a única dona da verdade.
É óbvio que a publicidade é uma enorme e necessária fonte de receita, nomeadamente dos canais televisivos de sinal aberto, mas seria bom que as pessoas tivessem algum discernimento ou uma entidade pública a quem pudessem recorrer de forma a esclarecerem eventuais dúvidas sobre o que lhes é apresentado.
De outra maneira há muita gente a ser enganada com anúncios que no fundo, no fundo não correspondem ao que divulgam.
Tenho a ideia de que os nossos publicitários têm fantásticas ideias. Do melhor que há por esse mundo fora.
De tal forma que há uns anos havia um programa televisivo que falava dos melhores slogans publicitários a nivel Mundial e surgiram sempre muitos portugueses.
Tudo isto para dizer o quê?
Compreendo que uma empresa, perante a concorrência, utilize de todos os métodos legais para tentar suplantar os seus adversários. Mas entre o demonstração das ideias e a prática vai uma distância demasiado considerável.
Custa-me, por isso, que uma operadora de televisão por cabo apresente um slogan onde diz chegar a não sei quantos portugueses mas não consiga reparar as antenas emissoras após os incêndios do centro do país.
Pior... é que continua a cobrar por um serviço que não disponibiliza.
Obviamente que a empresa não terá tido culpa nos incêndios... mas os utentes também não tiveram.
O negócio tem sempre um risco... O fogo é um deles.
Portanto, é tempo dos responsáveis da operadora perceberam que o país não são só cidades... há também (muitas) aldeias.