Consertar vidas!
Nunca considerei, no princípio da minha vida, vir a ser médico. Mas se alguma vez o tivesse sido talvez optasse pela especialidade de Psiquiatria.
Nem imagino o trabalho que estes médicos terão agora, levando em linha de conta esta pandemia.
A saúde mental é assumidamente muito mais grave do que à partida se supõe. Só quem passou por esta doença é que entende quão grave é, por exemplo, uma depressão. O que ela muda na pessoa e acima de tudo o que ela leva a fazer ou a não fazer...
Nunca fui dado a este tipo de doenças e até teria, provavelmente, motivos válidos para tal, mas consegui escapar, até agora, por entre os pingos desta estranha chuva. Entretanto amanhã é um novo dia e quem sabe se não será a minha vez de esparramar-me nesse antro tão negro.
Não obstante convivi directamente com essa doença na pessoa da minha mulher. E digo-vos que se ser doente não é nada fácil... o cuidador próximo estará muito longe de uns dias fantásticos.
Mas não me estou a queixar, apenas a falar da minha experiência.
Faço agora a ponte para os actuais médicos psiquiatras e aquilo que devem escutar nas suas consultas, muitas vezes percebendo que a solução passaria certamente por não haver confinamentos nem pandemias, Se os médicos de outras especialidades lutam permanentemente nos hospitais pelas vidas dos pacientes internados com Covid, também os psiquiatras tentam, quiçá, consertar, à sua maneira, as vidas de muita gente.
Mas ninguém se lembra disso, pois não?