Nunca escrevi cartas ao Pai Natal e muuuuuuuuuuuuuuuito menos ao Menino Jesus que na minha altura de criança seria o responsável pela recolha da informação e mais tarde a sua distribuição.
Naquele tempo não havia super nem hipermercados e as lojas eram as da nossa rua; o senhor António da pastelaria, o Justino da papelaria, o Favinha da mercearia e alguns outros de quem olvidei o nome. Não havia distribuição gratuita e as prendas vinham pela chaminé enfiadas num cesto que alguém do lado de fora fazia descer.
A noite passada, mui perto da meia noite andei armado em Pai-Natal a distribuir os presentes pelos diversos sapatos deixados à beira da árvore de Natal. Notei que cada vez são menos prendas muito por culpa de alguns pais das crianças que apenas autorizam a entrega de uma prenda (leia-se brinquedo) por pessoa às suas crianças. Dizem que assim evitam desperdício.
Não sei se o conseguem, mas enfim, não pretendo contrariá-los. Talvez por isso a minha neta depois de abrir as suas poucas prendas dedicou-se a abrir as dos outros (as minhas incluídas!).
No fundo o prazer desta criança não parecia estar nos seus presentes de eventuais brinquedos, mas simplesmente no acto genuíno de desembrulhar as prendas, mesmo que fossem dos outros.
E um bom prefácio é assim uma espécie de chave mestra que acorda o leitor para o que se seguirá!
O livro infra entrou pela minha caixa de correio adentro, naquele envelope branco e azul como tanto gostam os monárquicos. Uma surpresa! Uma alegria!
Li o prefácio e fiquei ali preso naquele belíssimo naco de prosa, escrito imagine-se pela mão competente do filho do autor.
"Quem sai aos seus não é de Genebra!", diria um amigo meu recentemente falecido em tom de brincadeira e que trabalhava as palavras como poucos. Curiuosamente ou talvez não também um jurista. E minhoto (sinto que nestas coisas não há coincidências)
O "Fim dos Baltasares" é um livro pequeno em tamanho que qualquer pessoa lerá num belo serão, coisa que não me assiste. Até porque sou lento, pastoso a ler qualquer pedaço de prosa. Porque gosto de avançar, recuar em busca de algo e regressar à leitura. Retiro frases, palavras, sentidos e coloco-os à beira de um pequeno caderno. Por fim continuo até este se apresentar.
Duas estórias que correm em paralelo. Do princípio até à derradeira palavra. Que nos transportam para diferentes perspectivas de vida. Todas elas verosímeis.
Um morgadio e uma praia. Nada mais oposto, todavia com tantas semelhanças, para além do nome Baltasar!
Escreve o meu bom amigo João-Afonso neste seu texto de apresentação do livro "...todos temos os nossos Baltasares, ainda que com outro nome qualquer..." Uma assertiva verdade pouco assumida por todos nós.
Escrito naquele seu jeito tão peculiar mas assim mesmo cativante "O Fim dos Baltasares" carrega consigo a nostalgia de tempos antigos. Adorei simplesmente recordar!
Remato com um profundo, sentido e publico agradecimento: obrigado bom amigo por esta prenda de Natal antecipada e que me comoveu!
Aos 5 anos apanhei o meu maior choque natalício. De tal maneira que nunca mais olhei para o Natal com os olhos de criança e manteve-se até muito tarde na minha vida. Confesso que se não fossem as minhas crianças provavelmente o Natal seria hoje um dia "normalérrimo"!
Só que a vida ensina-nos a diluir as frustações e as tristezas no mar dos acontecimentos e aquilo que em tempos pode ter sido menos positivo quase desaparece ficando apenas um breve resíduo!
Sempre vivi com pouco, isto é, não valia a pena pedir este Mundo e o outro pelo Natal, que já sabia que tocava-me sempre pouca coisa. O dinheiro não esticava...
Hoje as crianças escrevem cartas ao Pai Natal a fazerem pedidos que quase parece um rol da mercearia! Para certamente no dia seguinte não ligarem patavina às coisas. Todavia há no olhar de uma criança perante a figura gorda e simpática do Pai Natal, um não sei explicar de magia e fantasia. Depois as luzes da árvore de Natal, dos enfeites, dos chocolates...
No fundo o Natal é mesmo das crianças enquanto os adultos, por estes dias, se empaturram de comidas e doces, incrementando o peso para valores catrastóficos.
Escreveu o poeta que "... o Natal é quando o homem quiser!" Uma verdade que infelizmente não se aplica porque o homem só o quer por esta altura.
Finalmente fica aqui o meu registo sincero de Votos de um Santo Natal para todos os meus leitores, comentadores e até os que me detestam já que tdos merecem um Natal à maneira!
Quando semanas antes da festa natalícia deste ano me perguntaram o que eu qyeria para o Natl respondi de forma rápidae sem qualquer dúvida: um cão!
Pois... parece brincadeira, mas não é. Desde que a minha Lupi partiu já lá vão quase dois anos nunca mais a minbha vida ficou cheia. Toda a vida vivi com cães e deles sempre recebi muito mais do que lhes dei.
Escrevi aqui que quando me reformasse iria buscar uma cadelita, mas tal não foi possível. Entretanto surgiu a neta, a matriarca completamente senil e a necessitar de cuidados permanentes adiaram a vinda de um patudo cá para casa.
Portanto há uma prenda de Natal ainda por receber. Só não imagina quando será!
Não pude fugir a este desiderato e deste modo passei a consoada com o meu filho mais velho e a minha neta, para no dia de Natal almoçar em casa. Neste almoço éramos mais alguns, mas todos sem quaisquer problemas de vírus.
À distância de muitos quilómetros ficaram os meus pais já velhotes e o meu infante mais novo na aldeia da namorada.
No entanto ontem ao fim do dia fiz-me à estrada e fui até à aldeia sem que eles soubessem. Quando a minha mãe abriu a porta estava ao telefone com o meu filho mais velho.
As lágrimas caíram pela face rasgada de anos e trabalhos enquanto dizia:
- Foi a melhor prenda de Natal que podia alguma vez ter recebido.
Hoje dia 26, pelo meio dia, voltaram a bater-lhe à porta. Eu não estava… andava por lá a ver o estado das fazendas. Nem imagino a cara da minha mãe quando viu entrar os dois netos, as respectivas caras-metades e a mais-que-tudo-de-todos-nós com quase um ano de idade.
Entretanto cheguei eu e almoçámos todos juntos. Uma verdadeira festa de Natal.
A determinada altura disse a minha mãe:
- A melhor prenda de Natal são vocês todos ao estarem aqui. Não necessito de mais nada!
(Talvez não o tenha dito com estas palavras, mas sei que era isto que pretendeu dizer!)