Aos 5 anos apanhei o meu maior choque natalício. De tal maneira que nunca mais olhei para o Natal com os olhos de criança e manteve-se até muito tarde na minha vida. Confesso que se não fossem as minhas crianças provavelmente o Natal seria hoje um dia "normalérrimo"!
Só que a vida ensina-nos a diluir as frustações e as tristezas no mar dos acontecimentos e aquilo que em tempos pode ter sido menos positivo quase desaparece ficando apenas um breve resíduo!
Sempre vivi com pouco, isto é, não valia a pena pedir este Mundo e o outro pelo Natal, que já sabia que tocava-me sempre pouca coisa. O dinheiro não esticava...
Hoje as crianças escrevem cartas ao Pai Natal a fazerem pedidos que quase parece um rol da mercearia! Para certamente no dia seguinte não ligarem patavina às coisas. Todavia há no olhar de uma criança perante a figura gorda e simpática do Pai Natal, um não sei explicar de magia e fantasia. Depois as luzes da árvore de Natal, dos enfeites, dos chocolates...
No fundo o Natal é mesmo das crianças enquanto os adultos, por estes dias, se empaturram de comidas e doces, incrementando o peso para valores catrastóficos.
Escreveu o poeta que "... o Natal é quando o homem quiser!" Uma verdade que infelizmente não se aplica porque o homem só o quer por esta altura.
Finalmente fica aqui o meu registo sincero de Votos de um Santo Natal para todos os meus leitores, comentadores e até os que me detestam já que tdos merecem um Natal à maneira!
Quando semanas antes da festa natalícia deste ano me perguntaram o que eu qyeria para o Natl respondi de forma rápidae sem qualquer dúvida: um cão!
Pois... parece brincadeira, mas não é. Desde que a minha Lupi partiu já lá vão quase dois anos nunca mais a minbha vida ficou cheia. Toda a vida vivi com cães e deles sempre recebi muito mais do que lhes dei.
Escrevi aqui que quando me reformasse iria buscar uma cadelita, mas tal não foi possível. Entretanto surgiu a neta, a matriarca completamente senil e a necessitar de cuidados permanentes adiaram a vinda de um patudo cá para casa.
Portanto há uma prenda de Natal ainda por receber. Só não imagina quando será!
Não pude fugir a este desiderato e deste modo passei a consoada com o meu filho mais velho e a minha neta, para no dia de Natal almoçar em casa. Neste almoço éramos mais alguns, mas todos sem quaisquer problemas de vírus.
À distância de muitos quilómetros ficaram os meus pais já velhotes e o meu infante mais novo na aldeia da namorada.
No entanto ontem ao fim do dia fiz-me à estrada e fui até à aldeia sem que eles soubessem. Quando a minha mãe abriu a porta estava ao telefone com o meu filho mais velho.
As lágrimas caíram pela face rasgada de anos e trabalhos enquanto dizia:
- Foi a melhor prenda de Natal que podia alguma vez ter recebido.
Hoje dia 26, pelo meio dia, voltaram a bater-lhe à porta. Eu não estava… andava por lá a ver o estado das fazendas. Nem imagino a cara da minha mãe quando viu entrar os dois netos, as respectivas caras-metades e a mais-que-tudo-de-todos-nós com quase um ano de idade.
Entretanto cheguei eu e almoçámos todos juntos. Uma verdadeira festa de Natal.
A determinada altura disse a minha mãe:
- A melhor prenda de Natal são vocês todos ao estarem aqui. Não necessito de mais nada!
(Talvez não o tenha dito com estas palavras, mas sei que era isto que pretendeu dizer!)