O título do postal de hoje parecerá, à primeira vista, apresentar uma enorme contradição.Todavia tal não é contraditória e passa já a explicar.
Creio já ter escrito que na azeitona a campanha do ano seguinte começa no preciso instante que acaba a deste ano. Sendo esta ideia verdadeira como é, hoje regressei à aldeia ribatejana para acompanhar dois podadores que contratei na Beira Baixa.
Começou-se bem cedo pr ao fimdo dia as oliveiras terem este aspecto...mais limpo.
A rama retirada das oliveiras será naturalmente queimada, preferencialmete num dia húmido e sem vento, não vá o Diabo tecê-las
Os podadores são gente sábia que conseguem com o olhar experiente perceber onde irão começar e obviamente acabar a poda. Este ano estas oliveiras estavam a necessitar deste tratamento quase radical.
Ou como disse um dos mestres da poda: as oliveiras querem-se limpas por cima e sujas por baixo (estrume)!
Uma coisa é quase certa: para o ano estas não terão azeitona. Pois não mas s+o hoje gastei mais de 300 euros.
Apenas para exemplificar note-se a diferença da oliveira antes e depois da poda.
Portanto no dia 12 foi o fim desta campanha para hoje iniciar a campanha futura.
Há mais ou menos um ano um vizinho trouxe-me do Minho um pé de roseira do seu jardim. A jardineira cá de casa plantou-a e durantes muitos meses a rosei ra crescia, mas notava-se pouca força.
Quando principiou a chover a roseira parece que ganhou vida. De um dia para o outro cresceu enormemente. Quase na época de ser podada apresentava hoje diversas rosas...
Umas muito abertas outras a abrir. De diversas cores reconheço nesta flor uma beleza invulgar. Antes que a tesoura se chegue a ela aproveitei para tirar umas fotos.
Um idoso na minha aldeia disse-me há alguns anos que limpar uma oliveira (na Beira diz-se podar) era uma arte. Achei o conceito um tanto rebuscado, mas entendo a génese da ideia.
Na verdade qualquer árvore necessita que lhe retirem os ramos secos ou quiçá doentes. Mas nem todas são assim, já que há árvores que fazem a sua própria limpeza. Um desses casos são os pinheiros bravos que ao crescerem em altura vão perdendo os ramos mais velhos.
Normalmente as árvores de fruto são aquelas que requerem maior atenção e cuidado na poda de forma a não se perderem para sempre, exceptuando as videiras.
Diz então o povo na sua já costumada sabedoria secular que o primeiro podador de uma videira foi um jumento. Este último conceito quer apenas dizer que qualquer pessoa, sem conhecimentos agrícolas, consegue cortar uma videira sem que esta fique estragada.
Mas será mesmo assim? Não haverá sempre uma forma melhor que outra?
Há uns anos quando comecei a vir até à Beira Baixa por esta altura podar as minhas videiras, levei comigo para o terreno, um primo habituado a este tipo de trabalho. A seu lado fui tentando perceber qual a regra ou regras para podar vides. Mas foi infrutífera aquela minha tentativa.
Finalmente ganhei coragem e perguntei como se podavam as vides, ao que ele me respondeu:
- Cortando.
Isso sabia eu... mas quais é que se cortam e acima de tudo saber quais os que ficam. Usei então de um método pouco ortodoxo, mas eficaz para quem quer uma resposta:
- Então corto tudo a eito. Também não lhes dou mais nenhum trabalho senão crescerem.
Foi a vez do outro de assustar e finalmente explicar-me como deveria fazer.
Reconheço que podar uma oliveira ou um salgueiro não acarreta a mesma responsabilidade para cada uma das àrvores, mas não chegando ao exagero de considerar uma arte. concordo que é necessário muito saber e diria mesmo habilidade e olho clínico.