Não pude fugir a este desiderato e deste modo passei a consoada com o meu filho mais velho e a minha neta, para no dia de Natal almoçar em casa. Neste almoço éramos mais alguns, mas todos sem quaisquer problemas de vírus.
À distância de muitos quilómetros ficaram os meus pais já velhotes e o meu infante mais novo na aldeia da namorada.
No entanto ontem ao fim do dia fiz-me à estrada e fui até à aldeia sem que eles soubessem. Quando a minha mãe abriu a porta estava ao telefone com o meu filho mais velho.
As lágrimas caíram pela face rasgada de anos e trabalhos enquanto dizia:
- Foi a melhor prenda de Natal que podia alguma vez ter recebido.
Hoje dia 26, pelo meio dia, voltaram a bater-lhe à porta. Eu não estava… andava por lá a ver o estado das fazendas. Nem imagino a cara da minha mãe quando viu entrar os dois netos, as respectivas caras-metades e a mais-que-tudo-de-todos-nós com quase um ano de idade.
Entretanto cheguei eu e almoçámos todos juntos. Uma verdadeira festa de Natal.
A determinada altura disse a minha mãe:
- A melhor prenda de Natal são vocês todos ao estarem aqui. Não necessito de mais nada!
(Talvez não o tenha dito com estas palavras, mas sei que era isto que pretendeu dizer!)
Hoje participei num fórum com debate sob um tema controverso.
A determinada altura falava-se em competências e talento como sendo dois pilares da organização. Muita gente que estava presente falou e debateu com imenso fervor as ideias e os conceitos.
Também deitei umas achas para a fogueira do debate. Nem podia ser de outra maneira… sendo eu como sou…
No entanto não quero deixar aqui de observar (leia-se escrever!) sobre o que considero que poderá ser a diferença entre alguém com muitas competências, mas sem talento e alguém talentoso, mas com muito poucas competências.
Vejamos então alguém que se licenciou, fez o seu mestrado com boas notas e entrou no mercado de trabalho. Terá as competências inerentes ao curso que tirou, mas será suficientemente talentoso numa empresa para lidar com os desafios propostos? Ao invés haverá alguém sem grandes competências técnicas mas suficientemente talentoso para resolver problemas prementes que surjam na empresa? Obviamente que o contrário também pode ser verdade, mas tenho sempre a estranha sensação de que em Portugal o “canudo” abre mais portas que o talento…
Se, entretanto, eu como gestor máximo de uma entidade tiver que escolher alguém para liderar uma equipa, entre os dois exemplos referidos acima, por quem devo optar?
As organizações debatem-se muito com este dilema e para o qual, creio, não têm qualquer solução.
Porque a verdade ficará, quase sempre, a meio caminhos de ambos os pilares.