Mais um dia de caminhada, mais um dia de cansaço. Todavia para estes peregrinos nada é mais forte que a sua vontade em caminhar de encontro a Mãe Santíssima.
Resistimos, lutamos contra as dores e as bolhas, choramos quando as palavras lidas ou ouvidas se instalam no nosso coração e repelem anos de tristezas, agonias, raivas reprimidas.
Tudo então se transforma numa alegria... que a todos atinge, que a todos assola.
Se tivesse de entitular este postal diria: quando o silêncio é ensurcedor.
Cinco e meia da manhã e já estamos a acordar. Meia hora depois tralha arrumada e pequeno-almoço tomado. Seis e um quarto e já estamos a andar. A noite ainda perdura. Ao longe o sol começa a querer despontar e os peregrinos já se espalham na beira da estrada.
O silêncio de hoje não teve uma leitura própria, mas tão-somente uma questão: procurar nos nossos corações aquilo que no fundo atemoriza cada um de nós.
Ui... questão complicada comigo já que carrego tanto barulho dentro de mim que o silêncio veio agitar estas águas interiores e criou muito ruído.
Portanto segundo dia e a fé a fazer das suas...
Mas é para isso mesmo que aqui estamos. Dar corpo e voz à fé que nos acolhe.
Iniciou-se hoje a peregrinação a Fátima de 2022, como já havia referido no postal anterior.
Desde 2019 que esta comunidade não caminhava. Somos realmente menos este ano, mas a fé que nos leva é a mesma.
Um dia completo já com muitos desafios ao nosso interior. Dois padresca acompanhar até ao almoço como se houvesse uma passagem de testemunho.
Rezarei por todos que aqui vêem, sejam crentes ou não, pois nesta caminhada reside a lei de Lavoisier: nada se cria, nada se perde, tudo se transforma!