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Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

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Peregrinar é isto - Fim

Após uma peregrinação é costume ainda viver uns dias assim em modo caminhante, tentando no dia a dia perceber qual o meu caminho.

Porém a vida, tal como ela é, não se preocupa com esta minha busca e vem logo com desafios e propostas que me obrigam a sair do meu conforto interior e partir em busca de soluções.

Ao invés do que já ouvi, um peregrino não é um ser estranho ou alguém em busca da santidade. O verdadeiro peregrino é aquele que se propõe viajar, sem rodeios nem temores, ao interior do seu espírito. Mesmo que muitos à partida julguem estar imunes ao que vai acontecendo ao seu redor, a verdade é que no fim algo mudou. E quase sempre para melhor.

Uma vez alguém descrente, perguntou-me: porque peregrinas?

A minha resposta naquele momento foi um tanto difusa sem grandes certezas. Todavia tempos mais tarde consegui obter uma resposta a preceito e num encontro fortuito aproveitei para lhe responder.

Hoje quando alguém me coloca a mesma questão tenho sempre uma resposta pronta:

- Porque não?

Ficam assim entre o espanto e a incerteza de que era esta a verdadeira resposta que esperavam escutar. Com a deste ano já fiz onze peregrinações a Fátima e pretendo fazer pelo menos uma a Santiago. Assim Deus me força e saúde.

Termino aqui esta série de textos... peregrinos. Na escrita e na alma.

Nenhuma foi igual às outras, porque nenhum de nós é igual a si mesmo durante todo o dia! 

Peregrinar é isto - V

Quinto dia...

Saímos de Minde cedo como nos outros dias. Previam-se 17 quilómetros até à Mãe Santíssima, quase sempre em estradas de terra batida, para terminar em alcatrão.

O caminho fazia-se devagar tal era o esforço da maioria dos peregrinos ao fim de quase 150 quilómetros. Acabei esta minha viagem a conversar com o Padre J. que me escutou... escutou... escutou...

É preciso ser-se um enormíssimo pastor para conseguir levar este rebanho pelas estradas, em busca do consolo de Virgem Maria.

Uma peregrinação não pressupõe somente andar... Há nesta opção, que nos é tão familiar, um misto de sentimentos, onde o espírito de sacrifício de cada peregrino, a teimosia, a persistência e a verdadeira fé se conjugam numa espécie de mistura rica, muito bonita e assaz sensível.

Chegou-se à Cova da Iria ainda antes do almoço. Coletes amarelos entregues, surgiu então uma mancha laranja, já que cada peregrino foi brindado com um bonito camisolão, referente a esta peregrinação. Rezámos o terço ainda antes de entrar no santuário. Por fim...

Ao centro a velha Basílica, para do lado esquerdo se observar a Capelinha das Aparições. Fomo-nos aproximando em silêncio. Um silêncio que teve o condão de fazer despertar muitas lágrimas. Duzentos metros.... cento e cinquenta... cem...

A cadência dos passos é sempre a mesma. Ninguém corre nem recua. Há ali uma atracção serena por aquele espaço.

Cinquenta metros... trinta... vinte. Há quem olhe para aquela mancha colorida de forma estranha. Outros mais habituados, nem ligam.

Por fim a imagem de Nossa Senhora envolta numa redoma de vidro, ali a aguardar por todos nós. Pelos nossas dores, aflições, desejos e orações. São torrentes de lágrimas sentidas, choradas com fervor, partilhadas com os outros peregrinos.

Veio o almoço seguida da eucaristia onde a homília foi quase toda substituída por partilhas dos que viveram esta aventura. A maioria dos que falaram foi a primeira vez que peregrinaram!

Peregrinar resume-se neste permanente dar de mão, naquela questão ao que caminha sozinho "estás bem?", nas muitas horas de partilhas nos chãos desses pavilhões, dos banhos mal tomados.

Peregrinar é assim tudo isto e muito, muuuuuuuuuuuuuuito mais.

Diria... uma bem-aventurança!

Peregrinar é isto - IV

Quarto dia... "apenas" 27 quilómetros.

Parece pouco comparado com o que fizemos, não é?

O problema é que tivemos de atravessar uma serra íngreme e que não foi fácil.

A bem da verdade esta madrugada não foi um grupo de peregrinos que saiu das Fráguas mas um grupo de "zombies", tal a forma como todos estavam ao fim de 90 quilómetros.

Após laudes e reforço alimentar eis que entramos numa aldeia a rezar a via sacra. Textos duros. Muito duros que deixaram muitos peregrinos a chorar.

As palavras de uma mãe que vê o seu filho a ser crucificado na cruz não são fáceis. Nem de ouvir e muito de dizer, especialmente por uma mãe.

Mas a peregrinação é tudo isto: um misto de alegria da caminhada em Cristo e a consciência da paixão de Jesus.

Amanhã chegaremos a Fátima.

E teremos Mãe Santíssima à nossa espera.

Adenda: A eucaristia de hoje decorreu, já muito tarde, no recinto onde os peregrinos dormiram, numa profunda demonstração de como Jesus Cristo está em todo o lado.

Peregrinar é isto - III

Terceiro dia... e 36 quilómetros.

Já não há pés somente uma bolha imensa que contém cada pé.

O dia esteve bom sem muito calor nem chuva.

Continua o exercício proposto pelo padre J. aos nossos dias, aos nossos medos, às nossas angústias, às nossas permanentes dúvidas.

O tema desta peregrinação é: "Da palavra nasce a fé". Que tema mais apropriado para um homem da escrita, como eu.

Jamais serei um bom semeador de palavras. Quiçá um mero semeador de sementes de misericórdia.

As questões levantadas nos outros dias mantêm-se em aberto.

As respostas pairam no nosso Espírito.

Amanhã será outro dia.

A preparar-me! - 3

Lá fora a chuva cai com violência. Receio que amanhã o dia acorde desta maneira o que significará que o início da caminhada será literalmente baptizada. Não com água benta, mas com esta água que fez falta durante tanto tempo.

Ultimei as coisas. A comida para amanhã, algumas bebidas, diversos utensílios que podem vir a ser necessários.

Preparo também uns textos para estes dias de ausência referentes a esta caminhada que tentarei à noite actualizar.

Andamos durante um ano a acumular lixo dentro de nós, que é chegada a hora de lavarmos a nossa alma e o nosso coração.

Por fim a quem aqui simpaticamente me vem ler, peço desculpa por estes dias de ausência. Quarta feira, se tudo correr bem, já cá estarei.

A gente lê-se por aí e que Deus vos acompanhe.

A preparar-me! - 2

É já depois de amanhã a partida.

Por nisso há que preparar tudo para a viagem, que pelo que sinto vai ser bem molhada, tal é a intempérie que se prepara para o próximo fim-de-semana. Mas nisto não mandamos.

Para levar há alguma roupa, sacos camas, artigos de higiene, calçado apropriado. Um ror de coisas que uma carrinha carregará até ao final de cada paragem.

Todos os dias há algo mais a levar. Ou são aqueles comprimidos que poderão fazer falta ou aquela pomada tão útil nas assaduras...

Há uma azáfama estranha nestes dias antes da partida. Depois sim, será a serenidade do caminho, escutando e interpretando a palavra de Deus.

Ah... um terço já está também na mochila!

A preparar-me!

É já no próximo Sábado que porei os pés a caminho. Literalmente!

Destino: Cova da Iria em Fátima, Altar do Mundo!

Perto de uma centena de peregrinos partirão bem cedo em busca dos trilhos que os levarão até ao regaço de Mãe Santíssima.

Mas esta peregrinação não vale pela partida e chegada, mas pelo caminho. Por aquilo que vamos arrancado dentro de nós e que durante tanto tempo nos amargurou. Por aquilo que sentimos e não sabemos explicar. Pela partilha de vidas, de sonhos e desilusões, alegrias e tristezas. Pela partilhas das nossas guerras com as guerras dos outros quão diferentes, mas ao mesmo tempo tão parecidas.

Vão ser cinco dias e quatro noites, muitos quilómetros, muitos silêncios, muitas lágrimas enxugadas, muitos risos libertados, muitas almas lavadas.

Ou dito de outra maneira... meras partilhas.

 

Regresso ao caminho!

De hoje a um mês, se Deus quiser, estarei de novo na estrada a caminho de Fátima.

Em 2017 não o fiz... estive na Cova da Iria para o Centenário das Aparições. O tempo de férias não estica e houve que optar.

Mas este ano vou reencontrar o caminho para o Altar do Mundo, rodeado de gente muito boa e pronta a abrir os corações aos outros e acima de tudo ao Espírito Santo.

Uma caminhada que é mais do que simplesmente andar. É acima de tudo "aprender a desaprender" como disse o Padre Tolentino Mendonça, recentemente, num retiro em Itália onde esteve "somente" Sua Santidade o Papa Francisco acompanhado da Cúria Romana.

Portanto eis-me a preparar interiormente para os desafios que a próxima jornada me irá propor.

Como costumo dizer não sei porque vou a pé, mas Deus certamente que sabe!

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