Hoje, pouco antes de arrumar as coisas e regressar a casa, voltei ao terreno onde nos últimos dias travei uma simpática batalha contra o tempo e a intempérie que hoje voltou!
Despedi-me daquele pequeno naco de terra fértil onde as oliveiras crescem e se sentem bem. Com calma subi e desci três leirões através de escadas de pedra e fiquei a pensar de como a vida se parece com aqueles acessos.
Vejamos então:
- Quando somos novos tudo nos surge alvo, amplo direito e com o horizonte à nossa frente;
- Vamos naturalmente envelhecendo e a vida corre por vezes mais torta do que gostaríamos e sempre com armadilhas pelo meio;
- Numa certa idade quase passamos despercebidos, mas quem nos conhece bem sabe onde estamos e que ainda somos úteis:
- Já maduros conseguimos ser o que sempre fomos, mesmo que haja quem nos ajude a subir;
- Por fim a idade retira-nos quase tudo sendo nós na nossa pobreza e humildade, ainda assim, dignos do nosso passado.
Andei este fim de semana à azeitona, conforme dei aqui sinal.
Dois dias e meio (contando com a manhã de hoje) em que apanhei 660 quilos de azeitona boa e sã. No entanto não é a apanha da azeitona o meu maior problema nestes dias.
A aldeia que me recebe para este evento fica na encosta da serra dos Candeeiros e faz parte de um Parque Natural. É um local pacato, sem casos de virus, com muita gente idosa e alguma mais jovem.
Todavia o desafio mor destes dias não é a apanha, mas somente caminhar sobre um chão atapetado de pedras sem que nos esbardalhemos num colchão demasiado duro para os nossos ossos.
Este naco de chão, porque nem se pode dizer de terra pois tem pouca, chama-se Pia Nova. Fica na encosta na fronteira do povo e este ano, mesmo assim, esmerou-se em dar boa azeitona. Também é verdade que tenho ali investido demasiado dinheiro, mas o proveito que retiro jamais pagará o que já lá gastei. E nem estou a contar o que lá tenho trabalhado.
Este pedaço chama-se Penedos Gordos (que não estão na foto) e é bem pior que o chão da foto de cima. Com muito mais pedras e acessos para estender panos muito mais difíceis. Sair dali sem mazelas é uma aventura.
Fica uma questão: sabem que povo plantou estas oliveiras? Calculem lá...